ESTIGMA

CAPÍTULO 38

O céu estava lindo, parecia ter sido pintado por um artista apaixonado, tendo os tons de azul e rosa pincelados com toda delicadeza e amor que o hoje exigia. As copas das árvores estavam vivas e verdes como nunca. O jardim, perfeitamente decorado com flores e tecidos leves como pluma. Do jeitinho que TaeHyung e eu planejamos com tanto carinho para fazer deste grande dia o mais bonito de nossas vidas, pois este é o nosso dia. O dia em que escolhemos para nos entregarmos completamente um para o outro.

Os tecidos brancos do meu vestido dança junto à brisa daquele belo fim de tarde. Assim como as mechas castanhas e longas de meu noivo, que me espera logo ali, a poucos metros no altar. Exibindo seu sorriso bonito e seus olhos brilhantes como uma linda galáxia, me hipnotizando e enchendo meu peito com as melhores emoções. É a imagem mais bonita que eu poderia ver, é o mais belo sentimento que eu poderia sentir.

ㅡ Você é a noiva mais linda do mundo.ㅡ Uma voz conhecida me surpreende ao soar rente ao meu ouvido.

E ali eu o vejo com um sorriso tão bonito, cheio de alegria e orgulho. Me fazendo tremer com a forte emoção que cai sobre mim ao encarar seus olhos brilharem ao reflexo dos raios alaranjados do Sol que se despedem da tarde, realçando ainda mais a cor bonita de sua íris.

Sorrindo como nunca e sentindo minha visão se embaçar pelas presenças das primeiras lágrimas, eu digo:

ㅡ Pai? Você está aqui?

ㅡ Eu sempre estive com você minha menina.

Não tardo em o abraçar forte, sentindo o calor de seu toque me enchendo de um sentimento único até me fazer transbordar em um choro silencioso.

Entretanto, ao nos separamos do abraço, tempos depois, eu vejo seus lábios se moverem ao dizer algo "Eu te amo." Mas eu não consigo ouvi-lo, pois um estrondo alto ecoa por todo o ambiente e uma forte luz branca toma todo o jardim me impedindo de ver qualquer coisa e como reflexo fecho meus olhos com força.

Quando os abri novamente, a primeira coisa que vejo é o teto da sala de TaeHyung. E antes mesmo que eu sorrisse de alegria por sonhar com meu pai, ou gemesse de frustração por ser apenas um sonho. O mesmo barulho de antes me ecoa pela casa.

Ainda sonolenta, me esforço para me erguer entre o corpo de TaeHyung que me abraça. Quando enfim consigo levantar sobre o sofá, vejo a última coisa que eu imaginaria que poderia acontecer. Minha mãe, com os olhos arregalados em minha direção e com as bochechas coradas como um tomate maduro. Ela está abaixada no chão diante de uma bandeja caída sobre o assoalho e um pequeno bolinho espatifado.

ㅡ Mãe? ㅡ Minha voz é quase inexistente nesta indagação repleta de surpresa mixada ao desespero, minhas mãos buscam uma almofada para tampar minha nudez.

Eu percebo ela encarando a sala perplexa, o cômodo parecia um cenário de guerra, tudo revirado, roupas e brinquedos sexuais estão espalhados por toda parte

ㅡ Mãe, saí por favor. ㅡ Eu digo e ela apenas se levanta sem me encarar, limpando as mãos na própria roupa.

Mas quando ela se vira para deixar a sala, acaba escorregando no glacê fazendo-a se desequilibrar. Em um reflexo para evitar a queda iminente, ela se apoia na luminária de chão que despenca em seu lugar, causando um barulho ainda maior do que antes.

E não é preciso nem dizer que aquilo foi o suficiente para acordar Tae, que se põem sentado em questão de segundos com o susto, adotando em seguida uma postura rígida diante do olhar de minha mãe.