lower boy

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— Q-uem é você? - Aquela figura continuava a se aproximar.

Sua imagem era horripilante, aquela máscara de coelho suja de sangue sobre o rosto que ia até o nariz e o resto da face que podia ser vista parecia bem deformada. Seus braços ensangüentados e o machado extenso em uma mão e na outra um outro machado um pouco menor. Suas vestes sujas e com resíduos de sangue só dava mais medo.

Ele nada me respondeu. Virou seu pescoço para o lado como se me analisasse e caminhava em minha direção lentamente, eu dei passos para trás apavorada pela sua presença.

Eu até poderia usar minha arma, porém ambos sairiam perdendo visto que ele me acertaria em cheio com seus objetos pontiagudos.

— Onde estão meus amigos? - Falei um pouco mais dura agora.

Seus lábios subiram um pouco, indicando um tom sarcástico e logo o desconhecido colocou sua mão sobre um bolso de suas vestes e de lá tirou um dedo.

UM DEDO.

Minha mão tremia muito e pareceu tremer mais ainda quando o homem desconhecido pegou minha mão e colocou o dedo sobre, que ainda escória um pouco de sangue, e a fechou delicadamente.

— Um presente para uma moça bonita. - Ele disse e até mesmo sua voz era estranha. Simplesmente saiu andando dali me deixando sozinha e perplexa.

Observava aquele dedo com enjoou e só acordei pra vida quando ouvi um barulho de tranca na porta.

— Eu estourei todas as trancas daqui, como possível? - Falei enquanto batia na porta, que inutilmente não fazia nenhuma menção de ser aberta a força afinal, é feita de ferro.

Escorreguei até sentir o chão, estiquei minhas pernas e meu rosto demonstrava o choque que estava passando. Sem permissão, ou até mesmo sem emitir som algum, lágrimas caiam lentamente de meus olhos.

Minha mão tremia e aquele pedaço humano sobre minha palma tremia junto.

— Ele deu meu dedo para você? - Parei de respirar quando ouvi aquela voz, não fazia ideia da onde vinha. — Você poderia colocar ele no gelo para poder costurar depois. - Riu sarcástico.

Levantei as presas e olhava para todo canto a procura da localização do ser. Olhei em tudo que era canto por ali até decidir afastar uma enorme cortina marrom, imunda. Minhas orbes saltaram ao observar aqueles dois presos em uma cadeira de tortura.

Corpos meio secos poderiam ser vistos, com certeza eles não eram os primeiros a sofrerem nas mãos do Coelho diabólico, porém aparentemente eles não estavam tão machucados. Observei melhor seus rostos e por um momento quis chorar, tanto pelo estado deles, quanto por no fundo saber que aquele seria meu destino se não saíssemos daqui.

Levantei-me e andei até o vidro, minhas mãos empurravam o vidro que nos separava e não conseguia olhar para eles sem chorar. A cena não saia da minha mente, os dois sentados em cadeiras de tortura sujas de sangue, seu cheiro podre poderia ser sentindo até daqui, ou era minha loucura atacando mesmo.

As cadeiras chegavam a serem vermelha, quase preta pelo sangue podre. Tem alguns espinhos aqui e ali, sem contar os "complementos'' que a cadeira tinha, cintas amarravam seus corpos — que por sinal também tinham alguns espinhos por dentro; as tais amarravam até seus pescoços deixando os rostos deles vermelho pela falta do ar, sem contar as placas que prensavam o rosto de um deles.

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