Olá, estranho [S.M] CONCLUIDA

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Com a cabeça encostada contra o vídeo, os olhos baixos em direção ao celular enquanto lê uma história que baixou mais cedo, e os fones de ouvidos conectados em uma baixa música somente para distrai-la do mundo real. Mariel mal nota quando o ônibus para em frente ao ponto que fica em uma rua que ela sabe muito bem qual é.

Seu olhar levanta ao perceber que o motorista ranzinza falou alguma coisa, e curiosamente encara a pessoa que está na roleta. Com um sorriso extremamente caloroso, Shawn está ali, como sempre à personificação de tudo o que Mariel se sente atraída.

A verdade é que se Shawn fosse negro, branco, ruivo, loiro, tivesse olhos castanhos, ou até mesmo violetas. Independente do estereótipo, ela se sentiria atraída, porque o que mais a encanta nele, é a sua personalidade.

Bom, não que eles sejam amigos.

Ou próximos.

Mariel sabe que os dois estão bem longe de ser qualquer coisa assim, nem mesmo ela sonha com algo do tipo. Não mais.

Eles estão na mesma turma há quase dois anos. E para alguns pode ser muitos meses, enquanto para outros pode ser pouco tempo. De qualquer forma, é um tempo.

Tempo o suficiente para Mariel perceber Shawn, assim como silenciosamente e disfarçadamente ela percebe cada um dos alunos da sua turma, e quando dá, também de turmas alheias. Ela até mesmo se acha uma boa observadora.

E claramente, Shawn não poderia ficar de fora da lista.

Sempre com uma calça jeans escura, uma camisa branca – mais nos verões – ou camisas com estampas, seu cabelo depende do que ele quer no dia, algumas vezes arrumadinho, outras em versões de uma total bagunça. Mas sempre, independente do dia, sempre com um sorriso simpático.

O que muitas vezes fez Mariel se questionar se o garoto não tinha problemas em casa, ou pessoais, ou até mesmo na escola. Afinal, como é possível alguém ser feliz o tempo todo?

Bom, para Mariel era um mistério e tanto.

E então, ela acorda de seus pensamentos ao sentir alguém se sentar ao seu lado. Ou melhor, quem. Não se precisa pensar muito para que Mariel reconheça o cheiro do perfume marcante do garoto, algumas coisas ficavam em sua mente, bem marcadas por sinal.

Como a risada da pessoa, a forma como reagiam quando dava algo ou elogiava, o jeito como cada um lhe olhava, e dentre tantas coisas: o cheiro do perfume.

Desde pequena fora fascinada por cheiros.

Mas dessa vez, não seria somente o cheiro a lhe fascinar.