Carta 6: Caminho errado

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— Não sei o que você vê nele. — Me encara. — Ele é magro, negro, feio, se brincar até gosta daquelas besteiras do Japão. — Suspira.

— O que eu vejo nele? — Penso por poucos segundos. — Vejo um rapaz carinhoso, amoroso, que me liga quase todo dia, se preocupa comigo, que me incentiva a ser uma pessoa melhor a cada dia. — Sento passando a mão no rosto tentando conter a raiva. — Ele é magro mas não tem bulimia ou anemia, pra começo de conversa ele é mulato a mistura de branco com negro, você prefere beleza ou caráter? — Reviro os olhos. — Prefiro caráter e fidelidade. E para encerrar o nome é anime ou desenho japonês se preferir.

Me levanto e começo a andar pela sala para não explodir.

— Ah claro, a nerd ridícula tem que saber todos os termos.

— Nerd nunca fui mas por que esses ataques gratuitos? — Espero sua resposta.

— Você tem a vida toda pela frente e ainda quer ficar com aquele coisa. — Sua cara de nojo me surpreende.

— Coisa? Olha quem fala, fica se achando porque seu namorado é um maloqueiro? Ou por que o mesmo abandonou a escola e não trabalha? Cuidado com essa raridade.

— Espero que fique cega logo ou morra. — Sai batendo a porta.

Conheci ela em uma página de vídeos motivacionais e desde então eramos parceiras ou pelo menos eu achava que eramos.

Rafaela sempre foi estudiosa e muito educada mas desde que conheceu Igor se tornou amarga, fria e destilando veneno ou talvez essa sempre foi sua verdadeira natureza e a mesma nunca revelou.

Sempre que tinha uma oportunidade me humilhava e jogava na cara que fazia o que bem entendia.

Postava fotos com as novas amigas com copo de cerveja na mão falando que aquilo era festa, liberdade.

Me afastei e descobri que devido a um problema de saúde sou quase cega de um olho e ela descobriu porque uma pessoa que eu considerava muito contou pra mesma.

Percebi que isso não era amizade.

Amizade é compartilhar interesses em comum, rir dos erros mas aconselhar, incentivar e essa nova Rafaela não sabia o significado dessa palavra.

Senti falta por um tempo mas o próprio tempo ameniza a saudade. Terminei com ele tempos depois mas não faz falta, acredito que era paixão e não amor.

Cartas para vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora