Capítulo XXV: Goodbye.

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"Adeus"
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Não sei se por falta de costume ou simplesmente por não ser do meu feitio, mas odeio finais, principalmente quando não são finais felizes.

Sempre fui daquele tipo de pessoa que adia o final da série, a última página do livro, que prefere reiniciar a música ou passa-la para não escutar os acordes finais.

Eu detesto mesmo as tais despedidas.

Então, por conta disso, prometo que isso não é o final, só uma pausa. Um dia eu volto a escrever sobre essa minha vida louca que parece ter saído de um filme de comédia romântica.

Apesar de tudo, eu queria ter tido a chance de ter me despedido do meu avô.

Ele morreu em janeiro de 2014, quando eu estava prestes a completar meus 12 anos.

Foi agonizante ver minha família inteira chorando, era quase irônico que eu não pudesse fazer nada para amenizar a dor de todos, pois involuntariamente estava doendo em mim.

Meu pai e mais 7 irmãos haviam acabado de perder o pai, e é curioso que apesar das condições de saúde do meu avô (que estava internado com uma doença chamada "síndrome do pôr do sol"), nenhum deles estava realmente preparado para o fim. Acho que até hoje eles não conseguiram se despedir totalmente, e nem vão.

O amor é isso, uma eterna despedida e a desvantagem de não saber se vai ser definitiva ou não. Aprendi com a morte do meu avô que sempre temos que estar preparados para o pior, mas vivendo pelo melhor, porque cada dia que se passa é valioso e vale a pena ser devidamente e intensamente vivido.

Pouco importa ter tudo se você não tem pessoas para com quem dividir, pouco importa também você ter milhares de pessoas nos momentos bons e nenhuma nos ruins.

Se despedir, deixar ir, acrescentar pontos finais é, de fato, essencial. É o saber declarar o fim daquilo que não precisa de uma continuação. Mas isso não quer dizer que não seja difícil.

Eu e José, por enquanto, não temos uma continuação. Nem um final.

Parece ser uma história bem triste, me desculpem trazer isso para vocês.

A realidade não é como os filmes mostram, o amor verdadeiro não vai chegar e simplesmente você perceberá que é ele e pronto. É doloroso e na maioria das vezes você só percebe quando algo acontece para separa-lo. Foi quando eu percebi.

Não só dele eu estou me despedindo, mas daqui há mais ou menos um mês vou me despedir da vida que conheço desde 2003.

É, o terceiro ano tá chegando ao fim e já vai batendo o medo de como vai ser, o que vai acontecer.

Alguns passarão na faculdade, outros vão para outro país, outros se tornarão pais. Sei que no decorrer dos anos vou descobrir que uns se envolveram com drogas, outros morreram em algum acidente...

Por isso o importante é o agora.

Agora pouco importa o que vai acontecer com cada um de nós, mas sim quem e o que somos. O que vivemos. As experiências que vamos levar.

Despedidas são fundamentais para que novos ciclos se iniciem, e novos ciclos são bons, significam amadurecimento.

Garantir que as despedidas serão saudáveis, gostosas... esse deve ser objetivo. Não é preciso adiar algo que já se esgotou por puro ego, por pura vontade de que algo que já morreu simplesmente volte a viver. Que algo quebrado se conserte magicamente.

Forçar a barra as vezes só prova como tudo já parou de fluir.

Quando terminei com José definitivamente eu falava pra minha avó enquanto chorava "desculpa, eu precisava fazer isso".

Nem ela conseguiu acalmar meu coração naquele dia.

Eu estava me afundando em dor quando coloquei na minha cabeça "deixa que o destino toma conta de tudo".

A dor nunca passou, mas parei de deixa-la me controlar.

Agora sempre que a saudade aperta eu abro minha playlist e simplesmente escrevo.

Escrevo porque, de fato, escrever é meu ponto de equilíbrio. É como se, ao colocar meus sentimentos em um papel, enquanto seguro firmemente em uma caneta, o mundo se fecha e só existe eu e meus sentimentos, que ali ponho para fora.

Não sou de ferro e odeio despedidas, mas comecei a aceita-las.

Comecei a perceber que o tempo cura tudo e é tolo quem não o vê como aliado.

O tempo fez com que eu amadurecesse ideias, sonhos e pensamentos que antes eu menosprezava.

Fez com que meus olhos abrissem para um mundo de oportunidades que antes achava impossíveis.

Nesse tempo tanta coisa boa e ruim me aconteceu.

Dentre as melhores? Eu vou ser tia.

Dentre as piores? Perdi pessoas que não queria perder.

Mas tá tudo bem.

A vida e seus ciclos. Sua montanha russa.

Faltam somente 5 meses para meus 18 anos, e quantas coisas passam na minha cabeça sobre coisas que podem dar certo e as que podem dar errado.

Estou ansiosa para a próxima etapa da minha vida, por mais que isso me custe tudo o que hoje tenho.

Esse é o fim que mais anseio que chegue.

Hoje eu já to pronta para não só virar a página desse livro...

Mas para começar a escrever uma nova história.

Com amor, saudade, admiração e sempre, SEMPRE com esperança;
Manuella Queiroga de Souza Gayoso.

Remember MeOnde histórias criam vida. Descubra agora