Capítulo 13

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Se por exemplo, naquele dia em que, passeando com Kate, se haviam cruzado com Fabrice, o rapaz loiro que estudava economia na Sorbonne, e a sua amiga, como sempre, tinha falado e tudo com ele enquanto ela permanecia em segundo plano com a cabeça baixa, aquilo que Anastasia escrevia no diário era que, naquela tarde, quando se tinham encontrado com Fabrice, dera uma discreta cotovelada a Kate e que está, compreendendo as intenções dela, os deixará a sós.
E então os dois tinham ido passear pelo jardim das plantas, que fica tão perto da estação de Austerlitz, e ali tinham assistido ao entardecer e falado um pouco de tudo. As flores da avenida central do jardim das plantas exalavam um perfume doce que os remeteu para um eloquente silêncio.
No labirinto de plantas que há por detrás da escola botânica, Anastasia aproveitara um momento em que Fabrice se curvará para apanhar uma flor. E ele procurara-a chamando-a, rindo, ameaçando ir se embora e Anastasia esperava-o escondida atrás de um arbusto.
No fim, Fabrice encontrava-a e as suas bocas uniam-se num enorme beijo em que suas almas se perdiam e se encontravam no labirinto das suas bocas. Era isso o amor: um labirinto dentro de outro labirinto. Um perder-se estando perdido...
Quando ouviram o encarregado do jardim avisar que estava na hora de fechar o parque, trocaram o seu último beijo antes de saírem, de mão dada. E passearem pelas margens do Sena, beijando-se junto a cada árvore, encobertos por essa amiga fiel e pontual dos amantes que é a noite.

Diário de uma virgemOnde histórias criam vida. Descubra agora