Capítulo 14

192 16 2
                                    

Também contava no seu diário que começara a ser mulher quando o seu corpo ainda era de menina. Uma espécie de fogo frio invadia-lhe os membros, rompia com os medos e abalançava-se sobre os seus gestos, as suas palavras e atos, arrastando tudo o que encontrava pelo caminho.
Eram mais de mil e uma histórias que desde a mais tenra adolescência lhe haviam percorrido o corpo. Aos 14 anos, durante as férias de verão na Bretanha, um primo em segundo grau roubara-lhe a virgindade. O rapaz teria 25 anos anos e naquela quente tarde levara-a á pesca. Ela ficara fascinada a ve-lõ  manobrar  as canas e as redes, maravilhada pela concentração ausente com a qual o jovem parecia prescindir da presença dela.
Passado um bocado, aborrecida já com tanto silêncio e ante a indiferença, Anastasia começara a atirar pedrinhas ao primo. Ele dizia-lhe que parasse  ou ficaria zangado. Mas Anastasia continuava. Os seus 14 anos não lhe saberiam indicar quando parar? Os que os seus 14 anos lhe sabiam dizer era que aquela concentração demonstrada pelo primo era um esforço desesperado que ele fazia para tentar distrair-se da paixão que sentia pelo corpo dela, paixão que ameaçava tornar-se  mais forte e levá-lo a fazer amor com ela.

Diário de uma virgemOnde histórias criam vida. Descubra agora