Epílogo

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Dez anos depois...

Hitoshi Point of View

Entramos no prédio sendo surpreendidos pela arquitetura. Apesar de ter sido construído em um prédio antigo em estilo ocidental, cheio de colunas e adornos, o orfanato tinha acabado de passar por uma grande reforma e expansão, trazendo um pouco de modernidade, mas mantendo o aspecto original. A reforma tinha sido feita com o dinheiro que Eri doou. Assim que completou a maioridade, minha irmãzinha resolveu doar toda a herança herdada de seu avô, ao orfanato e a uma Ong que cuidava de crianças em situação de risco. Ela dizia que aquele dinheiro não traria nada de bom para ela e que tinha sido por causa dele que sua família se desfez, que seria melhor se ele fosse usado para quem realmente precisasse. Obviamente o diretor do orfanato ficou imensamente agradecido, já que as doações eram escassas e eles passavam todos os meses no limite do orçamento, sem ter como cuidar do prédio que já estava precisando de um bom restauro.

Após atravessar o saguão, o próprio diretor nos recebeu, nos mostrando como tinha ficado o prédio novo e explicando o que era cada ala. Denki estava nervoso. Ele torcia os dedos, mexia no cabelo e não parava de falar atropelando as próprias palavras e só se acalmou um pouco quando eu agarrei uma de suas mãos, entrelaçando nossos dedos.

Estávamos naquela luta há quase dois anos. Nós nos casamos no exterior e agora queríamos adotar uma criança. Tínhamos passado pelos mais estressantes processos até finalmente conseguirmos o direito de adotar, de colocar os nossos dois nomes no documento de nosso futuro filho.

O diretor Toshinori nos guiou até o pátio interno, onde as crianças estavam brincando. A maioria delas tinha a mesma faixa etária, já que os mais novos ficavam no berçário ou na creche. Eles estavam brincando de pega-pega, correndo de um lado para o outro e dois monitores cuidavam para que ninguém brigasse ou se machucasse.

Um pouco afastados do grupo maior, duas crianças estavam sentadas em um dos bancos. Uma menina que parecia ser mais velha, com um embrulho nas mãos e um garotinho que chupava o dedo.

—Por que eles estão isolados? – Denki perguntou, apontando justamente para onde eu olhava.

—Eles chegaram faz quase uma semana, ainda não conseguiram se enturmar e, bem, ninguém consegue separar os três. – Ele explicou. Então o embrulho nas mãos da menina era um bebê... – Eu tenho conversado com eles todos os dias e estamos fazendo um trabalho com psicólogos, mas os resultados demoram um pouco para aparecer.

—O que aconteceu com os pais deles?

—Acidente de trânsito. Eles não têm avós e os parentes mais próximos não quiseram assumir a responsabilidade. Não é todo mundo que tem condições de abrigar três crianças de uma só vez, do dia para a noite. E isso nos preocupa bastante. Quando irmãos chegam aqui, eu tento priorizar aqueles que querem e tem condições de adotá-los juntos, mas mesmo assim é muito difícil.

—Nós podemos falar com eles? – Eu perguntei, sentindo a ansiedade de Denki enquanto ele apertava minha mão.

—Fiquem a vontade.

Nós nos aproximamos das crianças e eu deixei que Denki fosse na frente, me sentando no banco ao lado, apenas observando.

—Oi! – O loiro começou, se sentando ao lado da menina.

—Oi.

—Por que vocês não estão brincando com as outras crianças?

—Não vou deixar meu irmão sozinho. – A menina franziu a testa, em uma carranca mal humorada.

—Você gosta muito dele né?

—É meu irmão. Prometi pra mamãe que ia cuidar deles dois. Ninguém vai separar a gente.

In Your Hands - (My Hero Academia) KamiXShinsouOnde histórias criam vida. Descubra agora