28 | Tem cuidado com a velha do Charleston!

35.5K 1.8K 262
                                    


▕  B l a i r

 Reviro o olhar quando o meu telemóvel volta a tocar. Quem diria que tanta gente se ia lembrar que eu fazia anos hoje. Provavelmente fora uma rede social qualquer que os notificou pois, pessoas que eu sequer sabia que existiam, felicitaram-me.

 A minha mãe olhava para mim claramente saturada pela sua conversa ter sido interrompida uma vez mais. Desta vez a pessoa que me ligava conseguiu colocar-me um sorriso no rosto. Era o meu pai.

 Atendo, olhando para a minha mãe que batia de forma constante com o lápis na mesa.

 "Estou?"

 "Parabéns, pequenina!"

 "Mas pai, não é hoje." Eu tento enganá-lo, com uma voz muito credível.

 "Não? Oh meu amor, eu lembro-me muito bem de ter ficado a dormir neste dia enquanto a tua mãe dava a luz. Não tentes enganar o mestre." Ele diz com uma voz bastante engraçada, fazendo-me rir. "Além disso, o meu telemóvel lembrou-me."

 "Pai!" Eu digo histericamente. A minha mãe despreza a minha atitude acriançada com um revirar de olhos. Deito-lhe a língua de fora quando noto que ela não me estava a observar e vou para o sofá do seu gabinete para conseguir estar mais confortável. "Não sei se hei-de ficar zangada contigo por o teu telemóvel te ter lembrado que eu fazia anos ou por teres ficado a dormir no dia do meu nascimento." Digo divertida.

 "Tu nunca foste a minha filha favorita. Tens que lidar com esse facto verídico, meu amor."

 "Pai! Eu sou a tua única filha."

 "É verdade. Foste a primeira e como tive medo que saíssem todas igual a ti, decidi parar."

 "Não era suposto alegrares-me neste dia?" Eu comento, entre curtas e contagiosas gargalhadas.

 Não há palavras no mundo para descrever o meu pai. Ele é um homem demasiado bem-disposto e engraçado, tento aprendido muito como ele. Por exemplo, fora ele quem me ensinara a como irritar a minha mãe em menos de trinta segundos, o que é algo notório.

 Entristece-me saber que ele está tão longe, principalmente em dias festivos como o de hoje, mas fico feliz por ter a minha mãe por perto. Não posso negar ser apegada aos meus pais pois, o facto de não ter irmãos fez com que eu convivesse vinte e quatro sobre vinte e quatro horas com ambos, mesmo após a separação.

 "Acho que a minha prenda já te irá alegrar o suficiente." O meu pai diz, fazendo-me sorrir.

 "Espero que seja uma vinda antecipada para Inglaterra."

 "Esse assunto ainda está a ser tratado... Desculpa meu amor, mas decerto que quando a encomenda chegar tu irás gostar."

 "Mal posso esperar." Sorri, olhando a minha mãe que tratava de uns papéis, tentando ignorar a nossa conversa.

 "Olha, o pai vai ter de ir trabalhar. Talvez hoje te consiga ligar mais tarde, quem sabe."

 "Não é preciso gastares tanto dinheiro. Eu contento-me em falarmos por mensagens ou algo do género."

 "Tu lá queres falar com o teu cota por mensagens!"

 "É verdade, não quero." Digo divertida, rindo-me. "Eu tenho muitas saudades, papá."

 "Eu também, meu amor. Continuação de um dia muito feliz."

 "Adeus pai, amo-te muito."

 "Também te amo, minha reguila."

Toxic 》 malikOnde histórias criam vida. Descubra agora