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Valéria engoliu em seco sentando-se no sofá de frente para Rânia e sorriu nervosamente.

- Claro, dona Rânia. Do que se trata? - questionou colocando mais champanhe em sua taça.

- Você estava conversando com a Camila lá na varanda?

- Ah, conversamos um pouco sim. - deu de ombros - Ela falou que hoje voltam suas aulas.

- É, mas a Camila não está nervosa por causa disso, eu conheço muito bem a filha que eu tenho, Valéria. A Camila nunca quis saber de nada da vida, se fosse por ela, ela teria férias eternas e viveria igual uma madame. Não estudaria, não trabalharia, não faria absolutamente nada. - Valéria riu. - Você ri? É sério. Ela só gosta de curtir e viajar.

- Deve ser coisa da idade, dona Rânia, ela é tão nova. - bebericou seu champanhe.

- Sabe de quem é a culpa pela Camila ser assim? - Valéria negou - A culpa é do Miguel que passa a mão na cabeça da Camila pra tudo. Minha filha precisa mudar, Valéria. Eu já tentei, já conversei diversas vezes mas tudo o que eu falo entra por um ouvido e sai pelo outro. Queria tanto que ela fosse uma pessoa mais esforçada, que fosse mais humilde.. - suspirou.

- Mas com o tempo ela vai pegar maturidade e vai mudar, eu tenho certeza disso. Não existe nada que a vida não ensine pra gente.

- Pode ser, mas você foi um anjo nas nossas vidas, Valéria. Acredite. Quando você apareceu oferecendo essa sociedade, a nossa empresa passava por uma crise financeira complicada.

- E suas filhas sabem disso? - a ruiva a olhou séria.

- Nem imaginam! Claro que por mim eu contaria, mas é óbvio que o Miguel me impediu, disse que não tinha necessidade de deixá-las preocupadas. Mas a verdade é a situação pra gente estava indo de mal à pior, muitas e muitas dívidas. Nossos advogados disseram que mais alguns meses assim e teríamos que entrar com um pedido de recuperação judicial na justiça, por isso digo que você foi nossa tábua de salvação. - desabafou.

- Bom, mas agora a senhora não precisa se preocupar com mais nada disso, porque se depender de mim, nós vamos resolver isso juntas, ok? - a ruiva disse sorrindo gentilmente.

- Não, Valéria, que isso. Isso é coisa nossa, mas agora nós já vamos poder resolver e quitar nossas dívidas antigas.

- Mas estou me oferecendo para ajudar vocês com isso de alguma forma. Eu vou pedir pra Latifa marcar uma reunião com nossos advogados e nós vamos conversar sobre o assunto, certo?

- Está bem, minha querida. Volto a dizer que você é um anjo. - sorriu em agradecimento - Sabe, Valéria, eu já notei que você e a Camila se dão bem, naquele jantar de sábado ela ficou toda interessada em querer saber as coisas sobre você.

- É... Acho que sim. - a ruiva sorriu sem jeito.

- É sim, ela está muito interessada. Acho que vocês deveriam se aproximar mais, acho que seriam ótimas amigas. - a mulher mais velha disse erguendo uma sobrancelha e cheia de segundas intenções fazendo com que Valéria se engasgasse com champanhe e começasse a tossir.

Objetivo alcançado. Mas é claro que ela não queria ver Valéria quase morrendo daquele jeito, mas sabia que conseguiria deixar a ruiva nervosa.

- O que foi, minha querida? - perguntou ao ver o rosto de Valéria ficar da cor de seu cabelo.

Valéria tossia desesperadamente e buscava o ar que não vinha. Rânia levantou-se correndo e foi até a ruiva, levantando seu braço direito.

- Levanta o braço, Valéria! Me ajuda a te ajudar! - a mais velha disse preocupada segurando o braço da da ruiva e ao mesmo tempo dando tapas em suas costas.

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