Nicotine

Capítulo 1 - Diversão? Acho que não

Natalie, POV. 

13:00h, Los Angeles 

Eu nunca iria entender os motivos de Tyler ter comprado o sonhado estúdio de tatuagem num local tão afastado de onde eu estou morando, francamente. Somos melhores amigos, tudo deveria ser mais perto ou talvez eu esteja exagerando por não estar com a disposição acima. Fazer o quê? Nem sempre é o nosso dia, isso se reforça pelo fato de que enchi a cara horas bem atrás. Mas hoje é a última ocasião em que eu posso reclamar. Finalmente eu e Tyler tínhamos o porquê de comemorar, já que estávamos programando há anos um lugar para ele trabalhar no que gosta e eu me sinto feliz por nós dois. É como acompanhar um sonho sendo realizado. 

— Obrigada — Agradeço ao vendedor depois de deixar o maço de cigarros que pedi no balcão perto de onde estava sentado. 

— Mocinha, quando vai parar de fumar? Você me preocupa por estar se acabando nesse vício, entende? Tenha cuidado — O homem diz. 

Não consigo reprimir minha vontade instantânea de rir. Termino de queimar a ponta do primeiro Marlboro que alcanço na minúscula caixa e solto a fumaça que rapidamente se cria dentro da minha boca, olhando em sua direção. 

— Você deve ter me conhecido um pouquinho só em todas as vezes que adentrei sua loja e pedi o mesmo — Deixo a segunda fumaça sair em segundos — Então já sabe que eu estou bem ferrada e não pretendo largar tão cedo — Desvio meu olhar para qualquer outra parte da rua,  vestindo minha velha jaqueta e guardando o restante no bolso da calça apertada — Mas só pela sua preocupação, eu prometo que vou ser mais saudável — Finalizo e me preparo para continuar andando.

Ligo meu celular e plugo o fone de ouvido, escolhendo o aleatório para comandar as músicas. Noto uma mensagem e vejo que é Tyler perguntando por mim, digito e uma pressa repentina faz companhia aos meus passos. 

                                                                        *****

Chego. Fico imóvel por dois minutos e analiso o máximo que posso todo o estúdio, abrindo um sorriso de felicidade sincero pela conquista de Tyler. Sim, era verdade tudo que ele tinha me falado. O novo espaço dele ficou ótimo, nunca poderia ter imaginado que ele conseguiria montar algo que fosse tão sua marca registrada. Desde o dia em que me mudei para essa cidade e o conheci, meu melhor amigo demonstrava a maior empolgação que já tinha visto em alguém quando o assunto se tornava o lugar que estava cogitando ficar para realizar o trabalho como tatuador. Perdemos as contas de quantas vezes idealizamos isso juntos, das brincadeiras e da seriedade na hora de planejar como ele queria. Ele não sabia, mas eu também tinha feito a festa anterior por causa dessa inauguração. Na verdade, talvez no fundo ele já soubesse. Toda a convivência que tivemos um com o outro esse tempo não me deixam mentir: Descartando eu própria, Tyler é a segunda pessoa que mais me conhece para saber de uma coisa assim. Eu estava quase saltitante pela calçada em alegria. 

Nem percebi que ele estava me observando perto da grande porta de vidro, com os típicos braços presos um ao outro e cruzados. Tinha um sorriso de lado em sua fisionomia. 

— Você tá mais feliz do que eu ou é impressão? — Ouço ele perguntar e observo ele andar até mim. 

— Olha isso, Tyler! Caralho, você conseguiu, seu idiota! É óbvio que eu tô feliz — Digo e corro até ele, o abraçando forte. 

— Caramba, você quer me esmagar? Vai com calma, Natalie. Ainda sou um fraco no meu físico, gatinha — Vejo ele fazer sinal de uma redenção. 

Dou um tapinha em seu ombro, sorridente. Algumas pessoas intrigadas passam por nós, confusas por estarmos ali no meio sem nenhuma noção do que acontecia fora dessa realidade.