Capítulo 6 - Uma Noite e um Bar (Parte 2)

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Natalie, POV. 

Dentre todas as definições, por mais incrível que possa ser, perplexa era como eu deveria estar e não estava. Não sou alguém que se surpreende fácil e apesar de não ter esperado ver James logo ali, em um mínimo chão de distância, imprevisível era a palavra que pouco se encaixava. Meu estado definitivo se fez inexistente, as reações ficaram ausentes e consegui me ver com os olhos brilhando quando as iniciais ondas sonoras percorreram minha audição ansiosa, se personalizando como oscilações variadas. Os dedos ágeis reproduzindo o som mais experiente. A concentração dele se fez com nitidez, capricho e um excêntrico encanto naquilo que ele tocava. Pude jurar que ele não precisou repensar nas notas, seu conhecimento e paixão se reuniram com exatidão na ocasião certa e sem dificuldades. James havia optado lindamente o que apresentaria. A harmonia da música possuiu os arredores do bar, registrando sua marca e gerando um calafrio em redondezas do meu corpo. Eu não compreendia o afeto que ele me causava, as sequelas positivas que me provocava e como estabelecia intrigas no meu íntimo. Se tornou inegável o quanto James surtia em mim. 

A introdução do violão havia finalizado e sua voz se permitiu, me dando um choque. Nem mesmo o álcool gelado foi capaz de me livrar da secura que invadiu minha boca ao escutar seu vocal soando entre o rouco e o rasgado, cantando uma letra que eu podia ter certeza de que ele tinha composto. Sua mão se comportava com habilidade no instrumento, as madeixas negras caíam sedutoramente na altura perto de seus olhos, os piercings labiais cintilavam com a luz sob si e uma perna estava dobrada enquanto a outra se firmava no chão limpo. Rebelde, sexy, lindo... Impossível fugir, não tinha como se manter longe da admiração. Engulo a saliva pela tensão ao pensar nisso sem me repreender. 

E enfim, quando estou perdida nas minhas concepções sobre James, sinto a queimação dominar a extensão do meu ser. Seus olhares estão fixados na minha imagem, me trazendo para ele como um poder sobrenatural e parecendo despir meus julgamentos e se deliciar ao saber que eu o via dessa maneira. Quando ele está no refrão final, posso ver satisfação em seu rosto. Percebo que os indivíduos ali não são nada, eu estava sendo sua assistência mais significante. Como eu sabia? O foco se voltava para o que fazia e para mim. Mas, se ele quisesse me ver desconcertada, eu iria desapontá-lo. Aquilo era ideal para mim se a intenção fosse realmente flertar, seria uma das melhores diversões. 

Ouço alguns elogios e aplausos quando ele anuncia o término do seu pequeno show, o que me faz acordar do meus devaneios. Ele agradece e se levanta, indo para trás do palco e se afastando. Suspiro fundo depois do misto de sentimentos que tive ao ver James simplesmente tocar e, pelo visto, me tocar. 

— Caramba... Você conhece ele, não é? — A loira ao meu lado diz, um tanto cismada. 

Dou uma olhada para ela após beber uma garrafinha de água que estava perto. 

— Qual o seu nome mesmo? — Respondo com outra pergunta. 

Ela sorri e nem imagina que eu estava tentando disfarçar. 

— Me chamo Lisa. Foi mal por não ter dito antes. 

Naquele minuto, nem prestei atenção nas desculpas da menina ao ver que uma banda iria sobrevir agora. Bufei desinteressada e por mais que eu não desejasse, meu instinto passeava por toda a casa querendo se assegurar de que James ainda estava rondando o lugar. Me retiro do banco onde estive o tempo inteiro e encaro Lisa, que tinha um clima confuso pairando em sua cabeça. Pego meu sobretudo preto e me cubro com ele, dando uma revisada melhor pelos cantos. 

— Eu preciso ir, de verdade. Foi ótimo te conhecer — Me despeço dela. 

Abro a carteira e deixo um valor razoável de dinheiro na mesa, aderindo um senso gentil e pagando o que ela tinha pedido também. Saio dali, deixando-a. 

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⏰ Última atualização: Oct 09, 2019 ⏰

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