Capítulo 3 - A Promessa e o "Talvez"

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Billy, POV. 

10:00h, Sacramento

A mesma rotina. As familiares perturbações entranhando meu subconsciente, como um distúrbio se alastrando e me corroendo. Mais uma mulher estava na minha cama, abraçada com o tecido branco que cobria seu lindo e esculpido corpo nu, deixando exposto que se encontrava adormecida e esgotada. Sinto a formigação por inteiro ao ver que uma pergunta ocupa minha cabeça, me fazendo soltar o ar da respiração que eu segurava profundamente. 

"Por que você age desse jeito, Bill?" 

Eu estava me passando por uma cobaia dos meus próprios demônios, sendo vencido por eles. De repente, sem conseguir aguentar mais, aperto com força as pálpebras dos olhos e abro novamente. A claridade já batia na vidraça do quarto e adentrava, dando uma tonalidade cor dourada pelo local e resultando em reavivamento. Percebo ao redor que o chão estava tomado por roupas minhas e da morena que eu havia conhecido no bar. "Ah, o bar..."  penso, me recordando. Meus dias se tornaram um castigo por um desgraçado motivo: Vivo em uma determinação absurda de parar e falho. Parar com tudo e caçar o que realmente pode me dar uma alternativa, a solução desse inferno todo. O arrependimento me destrói quando sinto a mão quente da jovem apalpar a região da minha nuca, depositando seu lábio ali. Tivemos uma noite incrível, tenho que ser sincero. Ouvi-a desabafar sobre seus inúmeros problemas e vi que, consequentemente, ela também me escutou. Apesar de não ter dado detalhes sobre o que se passava comigo. Determinei que a jovem de cabelos volumosos e olhos cor de mel estava tão encrencada quanto eu, o que me fez lamentar e querer ajudá-la melhor.

— O que tá fazendo em pé aqui? Ainda é cedo, vai... — Ela diz e me viro para fitar seu rosto. 

Num relance, me lembro de seu nome. Jane, sim. 

— Meu doce... Sabe que preciso ir, eu te falei ontem antes de virmos pra cá — Seu semblante fica triste, como se não quisesse se separar de mim — Não fique assim, garota. 

A morena de cachos olha dentro dos meus olhos, criando uma conexão entre nós. 

— Vou te ver de novo algum dia? — Ela pergunta com um vazio em sua voz angélica. 

Sorrio gentilmente, encarando-a por um tempo que não sei determinar. Pego sua blusa decotada e estampada junto com sua pequena saia branca que estavam jogadas no chão, entregando os dois em sua mão delicada. 

— Provavelmente — Digo e beijo sua testa calorosamente. 

Jane se convence com o que digo, desenrolando o lençol quase transparente de si na minha frente e alcançando suas roupas, vestindo-as de um jeito lento e cuidadoso. Me sento no canto daquele quarto desconhecido numa poltrona e pareço refletir por alguns minutos assisindo ela andar até a porta, olhando para mim como um sinal de adeus. A menina sorri e acena um"tchau", me fazendo sentir a culpa retornar ao ver ela sair daquela forma. Em um segundo, estava sozinho. Reconheço a sensação. 

                                                                   ***** 

Foi aqui. 

Natalie correu para longe exatamente pela direção em que eu olhava. Podia jurar que minhas pupilas poderiam se dilatar, que meu cérebro poderia explodir e o sangue que circulava iria se evaporar das artérias existentes em mim. Eu sentia com veemência, por Deus. Não conseguia acreditar em como eu pude, nem saber de onde havia tirado condições de estar no lugar que levou o que me pertencia. O clima ensolarado me trouxe para uma realidade dura, cinza, um paralelo tempestuoso que me trazia para a mais impassível e apocalíptica das guerras internas. Suscetível era a palavra que melhor se encaixava, que mais fazia sentido. Vi que não era mérito meu julgar o que não se mostrava mais presente, mas eu tinha o porquê de estar colidindo com ele e, como numa cena de autodestruição, me fazendo parte do caos. Como a chave para incendiar e motivar o crescimento das chamas alarmantes que se apoderaram de absolutamente toda a atmosfera. O grau estratosférico daquilo que me mantinha, que conduzia meu caminho torto e alucinado ao lado da menina rebelde, o poço entre a doçura e o nocivo. Meu duvidoso caminho com ela, exclusivamente com Natalie. Ter considerado isso me deixou com o estômago revirado, de uma maneira que pareci querer vomitar ajoelhado ao chão. 

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