Capítulo 2 - Reflexo do Passado

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Sacramento, 5 anos atrás 

A estação de verão havia chegado trazendo o clima tropical e um céu azul que se tornava estrelado ao anoitecer. Era lindo. Na humilde opinião de Natalie, não existia nada melhor do que a sensação da liberdade invadindo-a, nada melhor que estar dentro de um carro em alta velocidade pelas estradas desertas. Sentia a necessidade de ser quem era, de ser uma eterna garota querendo explorar tudo possível e experimentar o que ainda não conhecia. Não arriscar nunca foi parte dela, estaria sob o poder de alguém que não era se fosse o contrário da jovem feliz e sorridente no banco do carona. Seus cabelos esvoaçantes formavam uma aparência energética em Natalie, deixando o rapaz mais encantado com ela. Billy não poderia ser mais apaixonado por sua namorada que o fazia ser a pessoa mais preenchida, o cara mais sortudo por tê-la. Estavam de férias do colégio e tudo que sabiam fazer, como tinham prometido, era esquecer de tudo que os entediava. Claro que isso funcionava. Por que não seria dessa forma quando se tratava deles? Aventuras e travessas os definiam, ambos um doce misto de rebeldia desenfreada com a vontade de descobrir e ganhar o mundo afora. 

Natalie abre sua mochila e retira um refrigerante para aliviar a sede que já tomava conta, largando-a relaxadamente depois de alcançar a garrafa e dar um longo gole. Tirou o colete jeans que usava e os coturnos de cor marrom, se sentindo mais leve. Ela fita o olhar de Billy sobre si e pisca, com as madeixas castanhas contornando seu rosto gelado pelo vento em sua pele. 

— Estamos chegando lá, amorzinho — O rapaz sorri e se concentra no volante. 

Tudo soava como uma melodia, era apenas eles e o universo logo em cima de suas cabeças. Billy sente uma mão acariciar sua coxa e, inesperadamente, seus lábios são tomados num beijo firme de Natalie que dura três segundos, logo ficando sentada e confortável novamente. 

— Sabe que você me provoca demais fazendo isso, não é? — Ele diz em um tom rouco e tenta não perder o foco. 

Clarck deita os pés descalços no colo dele e suspende as mãos até a cabeça, ficando reta nessa posição. 

— Por que acha que eu faço? — Responde. 

Os dois se encaram e Billy faz sinal de que chegaram ao destino. Ela não percebeu por sua distração. 

                                                           *****

A montanha era verde pela grama fresca e estava brilhante com os últimos raios de sol batendo em cada pedaço de terra. Natalie estava com a bochecha próxima ao ombro de Billy, com as pernas soltas ao ar e uma mão dada com a dele. A jovem decidiu que, pela primeira vez em tudo que eles haviam feito, aquilo era o que ela gostaria de ter em uma imagem. De alguma maneira, mesmo sabendo que seria um dia do qual jamais estaria em falta, detestava a realidade de não poder reproduzir os momentos por uma segunda vez. Seria uma lembrança da qual faria questão de recordar. Lançando um olhar para ele, percebeu que só tinha algo deslocado. Algo que o incomodava enquanto apreciavam a calma de uma paisagem bonita. Ficou se perguntando o que ele pensava por alguns minutos, e então disse. 

— O que aconteceu com você? 

A voz da menina pareceu acordar Billy do mais profundo sono ou imaginação. Afinal, por que ele estava perturbado? Era a única dúvida dela. 

— Não é nada. É só o que você já sabe — Ele a olha com um pouco de receio, tão nítido que uma preocupação se torna crescente em Natalie — Sou um imbecil pra você. 

— Do que você tá falando? Billy, você não é um imbecil — Ela coloca alguns dedos em seu rosto, dessa vez totalmente de frente para ele, tentando confortá-lo como podia — Quis você, tá bem? 

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