Apenas Humano

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                     Caio

A noite de hoje foi intensa e confusa, entre tantas outras coisas.
Nunca me senti tão sem controle sobre minhas emoções. Tão dominado por elas...

Senti uma falta imensa da minha mãe, que não pode vir por estar doente. Mas fez questão de ligar, me dando várias orientações de como deveria me comportar, o que me fez cair na gargalhada e levar uma bronca.
O amor mesclado à gratidão que ela sente por Carol a tornam superprotetora. Mas é mais que compreensível e justificável que se sinta assim em relação à ela.
Afinal, Carol tornou-se parte da família e com seu apoio e amor incondicionais nos conquistou.

Porém, vê-la nos braços do ancião ( Ok, estou exagerando e muito, reconheço) me enfureceu de tal maneira que uma dor de cabeça infernal passou a me incomodar.
O ar de divertimento de Miguel e Lara, não contribuiu em nada para amenizar a situação.
E as atitudes estranhas de Marcelo, foram a cereja do bolo.

Se eu não fosse o padrinho dela, teria ido embora. Mas não pude fazê-lo e, ter dançado com ela e ver sua emoção, compensou esse início de noite desagradável.

Por um instante, tudo ao nosso redor deixou de existir, fomos Carol, eu e a música. Não existiam limitações, olhares enviesados cheios de pena ou preconceito. Somente nós dois, desfrutando daquela felicidade.
Carol sempre foi capaz de me fazer sentir seguro e importante e, nessa noite não foi diferente.
Valeu a pena enfrentar meus receios, para receber aquele sorriso, aquele abraço e ouvir aquelas palavras.
Ela sempre foi minha melhor amiga, parceira e confidente.

Mas como tudo o que é bom dura pouco, fomos interrompidos por um Marcelo, claramente aborrecido.
Ele mudou muito desde que foi morar fora. Se afastou de nós... confesso que muitas vezes, não entendo suas atitudes, principalmente em relação à Carol.
Quando estávamos no ensino médio, percebi sua paixonite por ela. Contudo, após a noite daquele baile infeliz, ele retomou o namoro.
E depois disso muitas namoradas, casinhos como ele mesmo denominava, passaram por sua vida.
Entretanto hoje, ele deu a impressão de estar com ciúmes dela. Agindo impulsivamente, vigiando os seus passos.

Confuso.
Porque depois voltou sozinho e ficou comigo à mesa, conversando descontraído, sem se preocupar com a ausência dela.
Provavelmente, é só impressão minha mesmo. Se existe um cara bem resolvido com a questão de relacionamento, é o Marcelo.

Aliás, gostaria de ser como ele... ou Miguel.
Mas eu não sou em nada parecido com eles. Ao contrário, por medo de me ferir, acabo afastando as pessoas.

 Ao contrário, por medo de me ferir, acabo afastando as pessoas

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Depois daquela decepção, me fechei. Não me permiti gostar de mais ninguém.
As experiências que tive, foram apenas no nível físico, para suprir as necessidades fisiológicas, sem nenhum envolvimento emocional. Ao menos da minha parte...
E confesso que sempre senti um vazio. Mas antes esse vazio, do que a dor da desilusão.
Talvez o amor não seja para mim...

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