ALDERSHOT, abril-junho de 1916
Falei com Louis apenas no segundo dia de treinamento, mas o observei já no primeiro.
Desembarcamos no primeiro dia de abril, éramos em média quarenta rapazes. Os que já se conheciam conversavam sobre como estavam entusiasmados, ou sobre como estavam tristes de terem deixado namoradas e família para trás, outros apenas sabem que metade de nós estaremos mortos daqui a alguns meses, e se calam.
– Olhe para esse bando de idiotas.
Um sujeito se aproxima de mim. Seu cabelo é escuro e seus olhos castanhos, ele é magro e um pouco mais baixo que eu.
– Você não acha um absurdo? – ele prossegue, olhando para o grupo de homens
– O que? – Pergunto
– Isso, essa situação toda – aponta com a cabeça para os outros – Não deveríamos nem estar aqui, nenhum de nós.
Me calo, porque afinal eu queria estar aqui desde que começou.
– Zayn Malik – ele me estende a mão para que eu o cumprimente, e eu o faço.
– Harry Styles.
– Quantos anos você tem? – ele me pergunta, cruzando as mãos atrás do corpo
– Dezoito – minto. Na verdade faltam cinco meses para que eu complete os dezoito, mas não tenho a intenção de admitir isso.
– Aposto que mal podia esperar tudo isso, não é? – ele faz sinal com as mãos apontando para o lugar – Marchar até o sargento e dizer Sim senhor, Claro senhor, Como quiser senhor, Me faça de gato e sapato Senhor – o sujeito deu uma risada.
– Eu teria me alistado antes, mas não permitiram pela idade – Respondi seco.
Três homens com fardas se aproximam do grupo de homens, e eles exalam autoridade pura.
– Venham por aqui cavalheiros, não é bem aqui que deveriam estar.
Eles se viram e nós os seguimos, Zayn sussurra para mim:
– Escute meu conselho, dê o fora daqui enquanto for possível.
Ao chegarmos ao local, somos posicionados em fileiras uma do lado da outra, e o sujeito do meio diz:
– Eu sou o comandante Simon, e estou aqui para transformá-los em soldados, queiram vocês ou não.
Ele passa os olhos pela multidão, nos avaliando.
– Você, rapaz – ele diz, apontando para um sujeito posicionado mais à frente – Qual seu nome?
– Niall Horan – diz o sujeito com cabeleira loira e olhos claros.
– Niall Horan, Senhor! – corrige o homem ao lado de Simon.
– Está tudo bem, cabo Wells, ele aprenderá as normas.
Ele passa por nós perguntando por mais alguns nomes
– Você, qual seu nome?
– Michael Clifford, senhor.
– Está feliz de estar aqui?
– Sim Senhor, feliz como um porco na lama.
O comandante o olha, dá uma risada debochada e prossegue.
– Você, sujeito?
– Louis Tomlinson.
Essa foi a primeira vez que o vi. Com os cabelos castanhos bagunçados, os olhos profundamente azuis rodeado de leves olheiras, de estatura baixa e braços cruzados atrás do corpo
Simon não fez mais perguntas a Louis, se dirigindo a mim.
– Qual seu nome?
– Harry Styles, senhor – Respondi
– Styles, hm? Que sobrenome excêntrico.
– Você, sujeito?
– Zayn Malik, senhor.
– Então é o rapaz que não queria estar aqui. Bom, sabe quantos homens valentes lá lutando não querem estar lá?
– Sim, senhor – respondeu o garoto.
– Tem medo de lutar?
– Jamais, senhor.
– Sim senhor, Não senhor, ora, quanta formalidade para alguém que odeia esse lugar! – O sujeito encara Zayn com dureza. – Sabe que não vou mandá-lo embora, certo?
– Certamente, e não esperava que mandasse.
O sargento o lança um olhar de deboche e volta para a frente da multidão.
– Ouçam, homens! existem esses sujeitos, sujeitos que não querem cumprir seu dever, que não se sentem na obrigação de defender a pátria. Eles se denominam opositores. São muito semelhantes ao resto dos homens, é claro, é muito difícil distingui-los, mas lhes falta coragem! Sim homens, coragem! eles nos cercam, estão por toda parte. Apoiariam o inimigo se fosse necessário.
Os que estavam ao redor de Malik começaram um coro de vaias, acusando-o de "Covarde" "Vergonha" e "Galinha-branca".
Meu olhar se cruzou com o de Louis, ele não parecia aprovar a atitude de Zayn, porém não participava das vaias. Ele me olhou e sorriu fraco, não tive coragem de retribuir.
– Muito bem, agora ouçam; haverá situações em que vocês não terão armas, e terão de lutar corpo a corpo – fez uma pausa – Clifford, Malik, venham aqui na frente.
Os dois foram e se posicionaram frente a frente.
– Lutem – ordenou.
– Senhor? – questionou Clifford, confuso.
– Lutem! Vamos homens!
Clifford se conformou e então avançou para cima de Zayn, atingindo um soco em seu nariz. O sangue escorreu de imediato e Malik olhou para ele desacreditado.
– Porra, você quebrou meu nariz! – colocou a mão sobre o ferimento – Você apenas veio e quebrou meu nariz!
– Então quebre o dele também – incentivou o sargento Simon. Ele queria sangue, mais sangue.
– Não, senhor.
– Vamos Malik! O que está esperando? bata nele!
– Eu não vou lutar, senhor.
O comandante bufou – Clifford, acerte-o de novo.
Então Michael fez, desferiu um soco no maxilar de Zayn, que teve que recuar com o impacto.
– Muito bem, agora, você rapaz – se direcionou a Malik – Trate de se portar como um soldado, porque é isso que você é.
Assim as lutas continuaram por algumas horas.
YOU ARE READING
O pacifista [Larry Stylinson]
FanfictionHarry Styles, um jovem que foi expulso de casa aos 15 anos e se alistou no exército inglês aos 17. Sempre muito recluso, durante o período da primeira guerra mundial ele acabou se tornando amigo de Louis Tomlinson. Desculpa, se tornando amigo é um e...