Fazem quase nove semanas que estamos em Aldershot, iremos nos formar daqui a trinta e seis horas. Quase nove semanas e está é a primeira vez que desperto na madrugada. O que me acorda é uma comoção abafada vinda do outro lado do cômodo. Durante uns dois segundos os barulhos cessam, mas então voltam, parecendo chutes e arrastos, seguidos por um "psiu" e a porta que se abre e logo se fecha.
Abro um pouco mais os olhos e observo Louis dormindo ao meu lado. O cobertor cobre seu tronco nu e sua boca está entreaberta, enquanto seus cabelos estão bagunçados e lhes caindo pela testa.
Na manhã seguinte, Simon nos reúne para o exercício matinal e, com os soldados percebendo que há um lugar vazio na terceira fileira, ele diz:
– Eu vou perguntar, porém imagino que ninguém saiba me responder – faz uma pausa – Alguém sabe onde está Malik?
Há um silêncio total entre os homens. Todos se olham confusos, porém ninguém sabe responder o sargento.
– Pois devo dizer-lhes, homens, que nosso opositor de consciência proclamou-se um definitivo covarde e se mandou. Ele sumiu noite passada. Prometo e iremos encontra-lo logo, e ele terá o que merece. Pelo menos tenho a consciência de que sexta feira quando vocês se formarem, não haverá covarde algum entre nós.
Eu olho atentamente para Simon, mas não levo muito a sério o que ele diz; não era Malik que repetia várias vezes que não iria se opor a lutar? Alguma hora ele há de aparecer com uma boa desculpa para sua ausência.
Estou me perguntando no momento o que acontecerá quando nos formarmos. Iremos para a guerra? estaremos no meio da coisa toda segunda feira? será que estaremos vivos na próxima semana?
Era de tarde, e eu acompanhava Louis do refeitório até o alojamento quando vimos uma aglomeração entre os homens.
– O que está havendo? – Eu o pergunto, enquanto caminhamos lado a lado.
– Não faço ideia – Ele aperta os homens na direção do grupo de soldados – Olhe, lá vem o Horan.
Horan se aproxima de nós, e observamos que atrás dele se encontra um aglomerado de homens conversando animadamente.
– Já estão sabendo? – ele nos pergunta.
– Sobre o que?
– Acharam Malik – Niall responde animadamente, esperando nossa reação. Eu olho para Louis, sem conseguir decifrar sua expressão, mas sei que no fundo ele está esperançoso.
– Oh – digo sem ânimo – onde ele estava?
– Ele está bem? – Louis aparece na conversa, ainda parecendo chocado.
– Foi encontrado a uns seis quilômetros daqui, naquela floresta que costumávamos marchar.
– O que diabos Zayn iria fazer naquela floresta? – fico surpreso, aquele lugar é desagradável, cheio de pântanos – brincar de acampamento?
–Você é burro ou o que, Styles? – Horan perde a paciência comigo – Disse que ele foi encontrado lá. Malik está morto.
Eu tento repetir a última frase, porém acaba saindo mais como uma afirmação do que como uma pergunta.
– Não tenho muita informação, mas sei que foi encontrado caído de bruços na beira de um córrego, talvez tenha batido a cabeça em uma pedra ou se afogou. Bom, boa viagem para o galinha-branca – Niall solta uma gargalhada.
Eu seguro o braço de Louis antes que ele consiga alcançar o rosto de Horan com um belo soco.
– O que deu em você, Tomlinson? – ele pergunta ao recuar um passo – Se alistou na tropa de covardes junto com Malik?
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O pacifista [Larry Stylinson]
FanfictionHarry Styles, um jovem que foi expulso de casa aos 15 anos e se alistou no exército inglês aos 17. Sempre muito recluso, durante o período da primeira guerra mundial ele acabou se tornando amigo de Louis Tomlinson. Desculpa, se tornando amigo é um e...