VII

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"O batom vermelho realçada sua pele branca, os cachos caindo em cascata sobre seus ombros.
Seus olhos a procura de algo à mais.
E bastou o encontro de olhares entre ambos.
Ele a convidou para dançar, e ela encantada aceitou o convite que a levaria para a perdição."

(Produzido por mim: 'Suszen Duarte')

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O portão cinzento alto revestido por plantas nos deixava claro que havíamos chegado ao destino.

- Elise, você tem certeza que essa é a casa do Gabriel? - encarei os muros altos que mais pareciam muralhas. Um miado veio do telhado de cima, e logo notamos o gatinho de cor acinzentado ao qual fazia um belo contraste com a cor dos muros altos, que agora observando com cautela, estavam cobertos de musgos das plantas.

- Sim - Elise afirmou dando passos firmes em direção da porta surrada de madeira, seus longos dedos tocou a campainha. O som delicado soou para dentro do ambiente da casa, seguido pelo silêncio total. Elise revirou os olhos, fiz sinal para que esperasse mais alguns instantes antes de tocar a campainha novamente. O que certamente, ela não me ouviu, tocando a campainha duas vezes seguidas.
A chanel cruzou os braços, me lançando um olhar de impaciência permanente no rosto. Antes que a mesma tocasse pela quarta vez a campainha, a porta foi aberta lentamente, exibindo uma mulher de cabelos grisalhos, um avental grudado no corpo da mesma e seu rosto coberto por farinha. A mulher deu um largo sorriso, exibindo as linhas de expressão do tempo no canto de seus olhos. Seus olhos eram de um azul cintilante, semelhantes ao olhos de Raffael.

- Olá, como vai meninas? - a mulher limpou as mãos cobertas por farinha no avental, estendendo logo em seguida para nos cumprimentar. - Me chamo Emilly, mas me chamem apenas de Milly - seu sorriso ainda permanecia simpático no rosto. Elise a cumprimentou primeiro dando um sorriso largo em resposta. Eu por vez, cumprimentei com um sorriso tímido.  - Em que posso ajuda-las? - suas sobrancelhas negras arquearam, procurando resposta em nossas expressões.

- Somos do colégio Literature School. Me chamo Elise e essa é a Shopphia. - disse a chanel de forma cordial com Emilly. - Viemos ver como está o Gabriel e o Raffael, infelizmente soubemos do que aconteceu. - Elise abaixou a cabeça, como se tivesse acabado de contar uma notícia pesarosa. Emilly sorriu delicadamente, acenou com a cabeça e abriu a porta dando passagem para que pudéssemos entrar. O lado de dentro da casa se assemelhava a um gosto de antiguidade. Os móveis de madeira do tipo aroeira. A cozinha com o forno a lenha aceso e o lustre que pendia na sala, fazia com que o ar do ambiente fosse aconchegante.

- Fico contente que vocês vieram os visitar. Ouvi falar muito de você. - Emilly apontou para mim. Senti minhas bochechas ruborizar e minhas mãos suarem. - Gabriel não está em uma condição formidável para que o vejam, mas não é por isso que deixarei que vocês não o vejam. - ela deu de ombros colocando mais lenha no forno. A bancada estava coberta por pequenos pães enrolados, o cheiro de pão assado começava a rondar todo o ambiente. - Raffael deve chegar em breve. Ele está no treino de beisebol. - concluiu se virando para tirar alguns pães já assados.
Elise e eu seguimos pelo corredor, encarei Elise quando havíamos chegado a uma porta fechada de madeira antiga. Reparei nos adesivos de surf colados na porta do quarto de Gabriel, e ao lado no quarto de Raffael havia alguns adesivos de algumas bandas de rock n' roll, de blues e skate. Sorri de canto com a ironia de serem idênticos na fisionomia, mas tão diferentes em personalidade. Elise deu três toques na porta antes de abri-la por completo. No centro da cama estava Gabriel com a perna e o braço engessado. Seu rosto esfoleado e seus lábios inchados. Elise ficou grudada na porta, não esboçando nenhuma reação ao vê-lo daquela forma.
Pigarrei tentando fazer com que nos  recuperasse para que pudéssemos lidar com aquilo da melhor forma.
- Gabriel, como vai? - me aproximei da cama, me sentando em uma cadeira próxima. Gabriel me encarou, depois voltou o olhar para Elise, voltando por fim novamente o olhar para mim.

O garoto que eu gostavaOnde histórias criam vida. Descubra agora