Eles estão chegando e irão nos pegar, precisamos fugir agora!
Sou tomada pelo medo e desespero, quando as sirenes ao fundo anunciam a presença dos policiais. Olho para os meus amigos, todos inquietos com os sons, pensando provavelmente o mesmo do que eu — seremos pegos pela ganância de nosso líder, que insiste em conseguir mais. Já tínhamos o suficiente em nossas bolsas, contudo, Levi não se convence de que ainda foi o suficiente e nos ordena a continuar com a missão.
Nós seremos pegos e a culpa será toda dele.
Desejava ter falado aquilo, mas eu me calo. Ele não me ouviria — nunca me ouvia.
Caminho até Miguel, que parecia mais nervoso do que o normal para abrir o cofre principal do banco, no qual todo o dinheiro era guardado. Não existia cofre que ele não conseguisse destravar, por isso Levi confiava tanto nele. Eu repouso a mão em seu ombro para lhe transmitir confiança.
No entanto, suas mãos tremiam. Muito. Desvio o meu olhar para Levi, que estava quieto no canto, encarando o meu amigo. Eu conhecia aquele olhar e não gosto do que vejo.
Por que ele o olhava como quem cavou a sua própria cova?
Apesar de passar as noites com Levi, ele não me contava metade de seus pensamentos. Eu não aceitava bem o fato dele aparentar não confiar em mim, pois eu dedicava a minha vida toda para ele, servi-lo por me salvar da pobreza e das ruas.
Quando eu penso em abrir a boca, o som familiar do cadeado sendo aberto ecoa pela sala, nos despertando para a próxima ação. A porta do cofre prateada é aberto e meus olhos saltam ao ver a dimensão do cofre e o quanto de dinheiro há ali dentro. São milhões de reais.
— Peguem tudo o que puder — ordena Levi, andando para frente do cofre. Ele sabia que os tiras estavam às portas e nós estaríamos os esperando de bandeja, mesmo assim continua com o seu plano sádico. Nos torturando em agonia e ansiedade para escapar pelas sombras.
Caminho até ele e o puxo mais para o canto, não querendo insultá-lo na frente dos outros pela minha covardia.
— Levi, não seria melhor nós irmos embora? Já pegamos o suficiente — pergunto e mordisco o lábio, abrindo um ferimento.
Ele repara em minha tensão e ergue a mão e passa sobe o meu lábio ensanguentado, limpando minha ferida.
— Nunca é o suficiente — meu líder me encaixa em seu corpo e ergue meu queixo para olhar em seus olhos. — Vamos, meu amor, me ajude, sabe que eu não conseguirei sem você.
Eu o olho, incerta, pois o tempo estava passando e as chances de fugir diminuindo. Era sim ou não. Mexo a perna, inquieta e bufo, cedendo ao seu pedido. Eu não queria decepcioná-lo.
— Está bem! Mas quando eu falar "chega", vamos embora — Levi puxa aquele sorriso travesso e me beija, atordoando meus sentidos, viciando em seu cheiro.
— Você sempre quis sair para a lua-de-mel — diz com a mão em meu rosto, me acariciando —, agradeça ao banco, ele estará nos financiando.
Perdida ainda em seus olhos verdes, eu me afasto e tomo uma dose de coragem para completar a nossa missão. Todos já se mexiam com rapidez, mas o som abafado das sirenes nos causam instabilidades. Eu olho para Miguel e May, que lançam entre si um olhar significativo. Volto meus olhos para Fred, esse se entupia com tanto dinheiro, colocando tudo nas sacolas e até nas roupas. Somente Jeff não estava participando da missão.
— Lembrem-se: não há nada a temer se você não for o culpado — Levi cantarola sem ser para alguém em especial, abrindo um cofre menor, que estava na parede do cofre principal. Sem muito esforço, ele abre e rouba diamantes, joias preciosas. Um conjunto, colar e anel, que possivelmente uma princesa teria usado e enfia no bolso, lançando-me uma piscadela. Coro e escondo o sorriso tímido. — Mas se ousar trair a sua família...
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O Alumiar do Destino
RomanceLIVRO COMPLETO NA AMAZON O plano era simples: entrar e sair do banco com milhões de reais. Porém, ao serem perseguidos nas ruas de Bagé pelos policiais, os planos fogem do controle. E no meio dessa nova confusão, um desconhecido surge e atrapalha a...