Capítulo 3

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Enquanto Marina arrumava sua vestimenta para ir ao deque algo fazia seu coração pular, de todas as coisas que imaginou que aconteceria ela nunca havia imaginado que um dia teria que ir atrás da alma de algum marujo e de todas as coisas que sonhou não chegava aso pés do medo que sentiu naquela noite.

Quando saiu da cabine viu que homens trabalhavam em seus postos e que Mestre não estava a vista e muito menos Carter, deixou o vento tomar conta de seu corpo e se sentiu viva com o cheiro de água salgada que vinha  a seu encontro.

-Aproveitando a brisa beldade?

-Estava aproveitando a paz Carter, mas vi que com você a bordo é meio impossível ficar em paz!

-Você senhorita Marina é um tanto desafiante demais! Gostaria de calar sua boca teimosa de uma forma bem prazerosa!

-E o que o faz pensar que eu sinto algum tipo de desejo por você?

Os homens que estavam fazendo seus serviços agora estavam ao redor dos dois, riam alto pelo o que ela havia falado, Marina não se sentia tímida ao mostrar a ele que não sentia o menor desejo sequer por ele, mas mostrava que o desprezava com todas as suas forças, porque ele era assim como os outros homens que havia a cortejado, se achavam as últimas ostras da bandeja. 

-E o que a faz pensar que não cairá aos meus desejos?

-Carter querido, para que eu caía no desejo de alguém essa pessoa precisa ser no máximo mais inteligente e interessante que você!

Alguns homens bateram palmas e Mestre se aproximou rindo também, o jovem não havia ficado feliz com a resposta áspera que a garota havia dado, mas mesmo assim conseguiu soltar um sorriso cafajeste e mostrar que suas palavras não poderiam atingi-lo.

-Quer fazer uma aposta então?

-Que tipo de aposta Lorenzo Carter?

-Até antes de conseguirmos recuperar minha alma você estará entregue a mim!

-Eu não irei fazer essa aposta, é ridícula!

-Medo de perder amada?

Mais uma vez os homens gritaram e mestre sorriu com isso, eram poucas as vezes que os homens conseguiam um tempo assim para relaxar e dar risadas e por mais que ele achasse essa aposta perigosa para ambos os jovens, ele resolveu que não iria intervir, escutou uma voz fina vindo e direção da cozinha e sorriu para Anelise  que estava de braços cruzados vendo a cena.

-A comida esta servida merujos!

Carter apenas olhou para a mulher e sorriu, ela tinha marcas de expressão pelo seu rosto mostrando o quanto era vivida e seus olhos iam de um marujo para outro e quando se deram conta eles foram descendo a pequena escada, porque Mestre podia ser o capitão do navio, mas ninguém ousava desobedecer as ordens de Anelise.

-E então Marina, vai aceitar a aposta?

-E o que raios eu vou ganhar com isso?

-Caso você vença a aposta pode escolher o que quiser de mim! E caso eu vença, bom eu já terei você em minha cama mesmo!

A menina ergueu uma sobrancelha e quando foi responder Anelise entrou em sua frente fazendo sinal para Carter descer também, seu amado Mestre já estava com os outros marujos a espera da comida, mas Lorenzo continuou encarando a jovem por cima dos ombros de Ane.

-Ela aceita a aposta e ela vai ganhar, com o prêmio irei ajudar ela escolher algo bem vergonhoso a você senhor Casper! Agora os dois desçam para comer ou irão ficar com as louça!

E não precisou falar mais nada, os dois desceram para se deliciar com a comida maravilhosa que Ane fazia, ela entrou no navio logo depois que  Malton resolveu que não voltaria mais, Mestre sabia que precisaria de ajuda para domar os marujos e então resolveu que sua esposa seria a pessoa perfeita para isso, porque marujos tinham medo de mulheres a bordo, acreditavam que elas traziam azar.

-Então Marina você já conhece o restante da tripulação?

-Ainda não Anelise!

-Me chame de Ane! Bom aquele alto do bigode grande é nosso navegador o senhor Walle! Aqueles dois loiros ali sãos os gêmeos Bernan e Bernado! O ruivo mal encarado é o Bil, ele não fala, porque teve sua língua arrancada pela Marinha, mas consegue se comunicar conosco por sinais, que com o tempo você irá aprender! O moreno sorridente é o West e ao seu lado seu primo Marcos!

-Okay, Bil, Walle, Bernan, Bernado e Marcos? Acertei?

-Não, mas jajá você decora!

A jovem sorriu e encarou os homens, se sentia perdida em meio a tantos olhares e desejava que apenas por um instante seu pai estivesse ali para lhe dar uma ajuda, para mostrar a ela qual caminho a ser tomado e dizer que as vezes não havia problemas em sentir medo, em sentir que fez uma escolha errada. 

-Bom e o que iremos fazer enquanto não encontramos o local onde a alma de Carter está?

-Vamos saquear uma cidade my lady!

-Precisamos?

-Somos piratas beldade!

-Jura Carter? eu não teria notado se você não tivesse me dito!

Os dois se entreolharam e Ane podia jurar que faíscas saíram dos olhos de Marina, ela bateu seus pés no chão para chamar atenção de todos e principalmente dos dois que se matavam com apenas uma simples troca de olhares.

-Vamos saquear a casa do primeiro imediato da marinha Inglesa, eles ficam nessa vila para se misturar com o povo! E iremos tirar deles para dar aos pobres!

-E como planejam fazer isso?

-Antes eu era usada como isca, como refém, mas agora que você faz parte da tripulação irei ficar no navio para cuidar de nossa fuga! 

-E o que eu devo fazer?

-Você entrará na vila sozinha, vestida como uma dama da sociedade, vai passar na taberna e ficar alguns minutos ali, ele precisa lhe notar e quando sair ele com toda certeza irá atrás de você, para conversar ou tentar algo, já que os Ingleses são conhecidos como dominadores! E quando  você virar em uma esquina ele estará encurralado!

-E depois usaremos ele como refém para que consigamos o ouro?

-Isso mesmo! Você  é muito esperta mocinha!

-Muitas histórias de meu pai e a que minha mãe ajudou a saquear o filho do comodoro, então meio que já tenho uma certa prática!

-Mas não tem a vivência beldade, vamos ver se vai conseguir empunhar uma espada e matar alguém caso seja necessário!

-Você não me conhece Carter!

-Conheço sim, a filha do temido Malton que herdou um dom muito misterioso de sua mãe, aquela que atendeu ao chamado do mar para mostrar ao pai que pode ser uma pirata como ele foi, só de uma coisa você não sabe beldade, a vida no mar pode transformar as pessoas, então preste bem atenção no que vou lhe dizer, em uma luta contra a marinha você é apenas uma pirata imunda que irá morrer como uma...

-Você não...

-Eu não o que Marina? Eu não entendo? Ou eu disse toda a verdade que seus pais não tiveram coragem de lhe dizer?

-Você não sabe nada sobre mim!

Um silêncio se fixou ali no meio dos piratas que comiam, a jovem havia perdido a fome, mas mesmo assim continuou a comer, não queria mostrar a ele que suas palavras adentraram e perfuraram seu peito como facas afiadas, palavras são uma forma de matar um homem ou salvar, mas dependem de como são usadas.

Depois da Tempestade Livro 2 O Pirata Onde histórias criam vida. Descubra agora