Felicidade - Marcelo Jeneci
"Atrasada como sempre né Dona Nara?!" Carol não espera nem eu entrar no apartamento pra brigar comigo pelo atraso.
"Oi amiga" digo enquanto dou um abraço nela "como você está? Também estava morrendo de saudades" eu digo com o meu melhor sorriso fofo.
Entrei no apartamento e fui direto pra cozinha, deixei a garrafa de vinho no balcão e fui lavar as minhas mãos, Sara e May discutiam sobre o ponto da lasanha no forno e nem perceberam que eu cheguei.
"Vocês não cansam de sempre estar tentando descobrir quem esta certa?" eu digo percebendo o susto que as duas levaram, os gênios extremamente fortes das duas sempre batem em algum momento, mas isso não impede que elas sejam unha e carne, porque sinceramente em algum momento, todas nós temos algo que nos conecta e nos torna praticamente a mesma pessoa em corpos diferentes.
"Amiga, achei que você nunca ia chegar, e íamos ter que ficar com fome até você aparecer" eu olhava incrédula enquanto a May falava isso, levando em conta que a lasanha nem pronta estava.
"Sério Mayara?!, eu disse que estava vindo, custava esperar um pouco? A Vivian me prendeu no ateliê a tarde toda e não tinha o que eu fazer a não ser trabalhar, e eu só cheguei meia hora atrasada.
"Dessa vez né!" acrescentou Sara
"Sério? Agora nós vamos fazer o julgamento da Nara atrasada?" todas riram da minha cara, como era de se esperar.
A lasanha ficou pronta, comemos, bebemos muito vinho e no fim da noite estávamos todas deitadas no tapete da sala da Sara falando um monte de baboseiras que nós deixavam extremamente felizes. Carol nos contou sobre o Fernando e como ela acreditava que realmente tinha sido o destino que tinha juntado os dois, mas ela contando fazia tudo parecer um conto de fadas moderno. Sara contou um pouco sobre o lance dela com o vizinho gato dela, mas preferiu não entrar muito em detalhes porque ela é a Sara e sempre acha que falar demais sobre ela, a faz se tornar um peso em nossas vidas, o que é totalmente mentira já que todas nós gostaríamos que ela fosse mais aberta com a gente, e não que toda vez que acontecesse algo, a gente precisasse arrancar as informações dela a força. May contou sobre a vida no hospital e sobre o McDreamy da vida real que ela encontrou, mas ela esta focada demais no trabalho e no seu novo melhor amigo Félix, que por sinal é melhor amigo do nosso ator favorito e motivo dos suspiros de TODAS as M-girlz, o Hero.
"E você Nara?" a May perguntou esperançosa, fazia pouco mais de um mês que eu estava em Londres e tudo o que eu fazia era trabalhar, reclamar da Vivian – que era a melhor e pior chefe -, trabalhar mais um pouco e ver as M-girlz uma vez por semana.
"Nada de novo em Londres" eu disse enquanto tentava recapitular os últimos acontecimentos da minha vida, e nada marcante realmente parecia válido de ser dito "ah o John aquele meu vizinho de quarto, me chamou pra ir naquele festival de música que vai ter no próximo sábado"
"VOCÊ TA MESMO ME DIZENDO QUE O IRMÃO HEMSWORTH PERDIDO TE CHAMOU PRA SAIR? E AINDA TEM A AUDÁCIA DE DIZER QUE NÃO É NADA DEMAIS?!" os gritos da May com certeza acordaram o prédio inteiro, e não me surpreenderia se ligassem reclamando do barulho em breve.
"May se controla" consigo ouvir a Carol tentando fazer uma Mayara empolgada abaixar o tom de voz, enquanto Sara rola de rir do meu lado, ela bebeu uma taça de vinho e já está rindo à toa.
"ANA CAROLINA, É QUE TU NÃO VISTES O BOY AINDA." Nunca tinha visto uma Mayara tão empolgada com algo que eu tinha falado na vida, e olha que ela é sempre a empolgada do grupo. "ME DIZ QUE TU ACEITOU?"
E pude observar os olhares curiosos em mim com a esperança que alguma vez na minha vida eu tenha um pouco de emoção e vá viver algo extremamente novo, e pare de me sentir tão presa ao passado, não que eu não tenha me envolvido com alguém depois do Eduardo, tive alguns namorados, alguns casos, mas nada memorável, mas eu esperava que minha temporada em Londres fosse inesquecível, tanto profissionalmente como amorosamente.
"SIM" ri enquanto via três mulheres adultas fazendo a dancinha de comemoração mais bizarra da vida.
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Nothing Changes.
Romance" Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à...
