Dancing with a stranger - Sam Smith e Normani
Londres, Maio de 2023
Fazia 3 dias que John tinha ido embora, e o pouco tempo em que estivemos juntos me fez gostar dele, por mais que a partida era algo esperado, eu não imaginava que eu fosse sofrer da forma que estava sofrendo. Eu tinha prometido a mim mesma, que o que vivemos ia ser passageiro e eu saberia dizer adeus, mas tudo foi um pouco mais difícil do que o esperado.
"É sério? Faz 2 dias que você não me responde" Sarah entrou no meu quarto no hostel, me olhando com pena, por provavelmente eu estava em um estado deplorável, não que eu não tivesse tomado banho, que eu tomei, mas eu estava sempre bem arrumada e com o cabelo penteado, que nesse momento não era a realidade.
"Eu não quero falar com ninguém amiga" enfiei a cabeça no travesseiro, me escondendo de mim mesma, e da coisa patética que eu havia virado.
"Você sabia que ele ia embora, vivia falando pra você mesma que não ia se apegar, e agora ta aí, sofrendo. Amiga ele foi embora e te deu um abraço de brother, e você saiu mais cedo do seu trabalho, ouviu sermão da Vivian. E ele nem te avisou que chegou na Austrália." A sinceridade da Sarah doía, mas ela sempre sabe a hora que a gente precisa ouvir as coisas, eu olhei pra ela, e vi o quanto ela cresceu desde que chegou aqui, e senti orgulho.
"Tudo bem, o que vamos fazer?" falei enquanto meu telefone vibrava, era uma áudio da May.
"AMIGA" o áudio estava horrível, uma música extremamente alta tocava no fundo "vi a mensagem da Sarah agora falando que você ta na bad, por favor não fica assim não ta?! Se o embuste do John não ligou pros seus sentimentos, a gente liga e quer te ver feliz."
Ouvi o áudio no volume alto, no fim dele os meus olhos já estavam marejados, eu nunca fui muito de chorar, mas ultimamente meus hormônios estavam com tudo, qualquer coisa eu já choro. Sarah me olhava, provavelmente esperando que eu abrisse o berreiro, o que não seria novidade já que meus olhos estavam inchados demais pelos dois dias que eu passei chorando.
"Vamos comer uma pizza?!" eu perguntei meio sem jeito, porque estávamos todas tentando ter uma vida mais saudável, inclusive no sentido alimentar, mas hoje eu só queria uma comida que eu fosse me sentir bem culpada.
"Eu tenho uma ideia melhor" pelo olhar da minha amiga, eu sabia que alguma coisa ela estava aprontando, então só fiquei observando ela, esperando que ela dissesse logo, qual o plano mirabolante que se passava na cabeça dela. "coloca uma roupa decente e penteia esse cabelo, vamos logo, vou te esperar lá em baixo."
Sem pensar duas vezes, me levantei da cama, e parei na frente do meu armário e coloquei uma calça preta de couro fake, que eu amava, um cardigã rosa bebê de pelinhos, e uma bota de salto com cano curto, arrumei o cabelo, preso, porque estava realmente com preguiça de escovar ele, mas estava bom, não sabia pra onde iriamos, mas sentia que eu não podia parecer a pessoa que acabou de levar o pé na bunda, e que havia dos dias que não levantava da cama.
Sarah passou o caminho todo falando sobre seu emprego, e sobre as trivialidades da nossa vida, rimos bastante, lembramos de alguns momentos que vivemos com as meninas, e aos poucos, eu estava sentindo que o vazio que o John tinha deixado com certeza podia ser preenchido com coisas melhores e mais simples. Percebi o taxi parando na frente da casa da May, e uma movimentação estranha na casa vizinha, uns carros parados na frente e um grupo de meninos entrando e saindo da casa.
"A festa do vizinho ta animada né?!" comentei com Sarah que me lançou um sorriso animado demais, pro meu gosto.
"A gente vai pra festa do Felix, siiiiiiiiiim."
Fiquei em choque, eu sabia que a May era vizinha do Felix, eu sabia que em algum momento as M-girlz esbarrariam com algum M-boy, mas não imaginei que seria assim, de surpresa, sem preparação alguma, comigo no limbo existencial de um coração não partido assim, mas meio rachadinho.
"O Hero não tá, e acredito que nenhum M-boy, não ser ele, mas mesmo assim, vamos ter um pouco de diversão hoje." Sarah me explicou enquanto nos dirigíamos para a porta da casa.
Eu olhava tudo ao meu redor, sem ter ideia alguma do que fazer. Tudo parecia surreal demais, quase como se fosse um sonho, e eu estivesse em Skins, mas sem os personagens adolescentes, e sim um bando de adultos, bêbados, e usando drogas como se tudo fosse super normal. Entramos na casa e procuramos pela May, que estava na cozinha sentada em cima do balcão da cozinha conversando com alguém que eu não conhecia e um copo na mão, que eu olhava e esperava que logo ele estivesse na minha mão também, por que eu realmente precisava beber.
"Que bom que vocês vieraaaaam" May pulou do balcão e veio nos abraçar "orgulhosa de você Sarah Bruna, que conseguiu tirar a cabeça dura ai de casa."
Todas nós rimos, e nos abraçamos de novo, eu precisava dos abraços das minhas amigas, fazia tempo que um término me abalava daquela forma, mas eu estava fazendo o meu melhor pra superar logo aquilo, e com certeza iria conseguir. May me entregou a bebida dela, e se encaminhou de novo pro balcão pra pegar mais, eu bebi tudo em um gole só, e recebi um olhar de julgamento de Sarah que como quase não bebia, não ficava feliz por sempre ter que cuidar das amigas bêbadas, mas ela sabia que eu merecia uma noite de bebedeira desenfreada.
Sai pela porta dos fundos, pra um quintal pequeno, mas aconchegante, percebi um grupo de pessoas num canto conversando animadamente, e fiquei tentada a me meter na conversa alheia, mas não fiz e continuei observando de longe e tentando saber sobre o que falavam. Um fato curioso sobre mim, eu sempre quero saber qual o assunto de todo mundo, e vivo ouvindo a conversa alheia, só pra imaginar o contexto como um todo, e inventar histórias na minha cabeça.
"Ta perdida?" me assustei com a voz masculina no meu ouvido, me virei pra ver quem era o dono do sotaque britânico que eu tanto era apaixonada, e fiquei em choque quando vi quem era "Prazer, eu sou o Ollie!"
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Nothing Changes.
Romance" Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à...