Dance Monkey - Tones and I
O que dizer quando um dos seus crushs supremos e impossíveis estão na sua frente? Opção 1: se apresentar ou opção 2: ficar parada que nem uma estátua, sem saber o que fazer? Claro que eu optei pela segunda.
"Você não fala?" a voz dele era muito mais grossa, e o sotaque mais acentuado do que eu havia imaginado. Ele me olhava com um olhar de zombaria e dúvida, enquanto eu analisava cada traço, tentando descobrir se eu estava sonhando.
"Não e sim" foi que eu consegui responder, ou tentei, porque não tenho certeza se alguma coisa saiu da minha boca, ou se os sons que eu emiti conseguiram ser entendidos. "Não, eu não estou perdida, e sim eu falo"
"Você não respondeu a outra pergunta"
"Acho que as duas perguntas que você me fez foram respondidas, e com louvor" soltar comentários ácidos, nos momentos mais inoportunos era com certeza um dom que eu tinha, minha autodefesa, ser grossa pra não mostrar a minha vulnerabilidade.
Olhei ao meu redor pra procurar alguma das meninas, porque parecia que eu estava perdida, uma festa cheia de gente que eu não conhecia, com bebida demais e droga demais.
"Acho que a primeira pergunta você mentiu, você parece bem perdida" o quintal mal iluminado, tornava mais difícil de decifrar a expressão dele, mas eu conseguia sentir o olhar dele em mim, como se tentasse me desvendar.
"Minhas amigas estão lá dentro, eu só vim conhecer o ambiente."
Eu não conseguia tirar os olhos do Ollie, sempre só vi ele por fotos e vídeos. Ali parado na minha frente, ele parecia que não era real, eu que sempre fui a mais realista do grupo, que sempre tive que ver pra crer, não estava conseguindo raciocinar e ter uma conversa decente com o cara que eu sempre achei gato. Pela primeira vez na vida me senti uma adolescente apaixonada de filme da sessão da tarde, a mocinha desengonçada que não sabe o que dizer, ou que só fala a coisa errada. Eu era com certeza uma idiota.
Senti meu celular vibrar, era uma mensagem da Jéssica: "já fiquei sabendo que a May e a Sarah te carregaram pra uma festa no Felix, quero saber de tudo depois." O que tornava a situação mais embaraçosa do que já estava sendo, é que mesmo que eu estivesse praticamente ignorando o homem, ele continuava parado me olhando, e esperando que em algum momento, um diálogo fosse surgir ali.
"Suas amigas estão te procurando, estranha?"
"Estranha? Sério? Não tinha nenhum adjetivo melhor?"
A risada de deboche que veio depois que eu terminei de falar fez meu sangue ferver, quem ele achava que era? Só porque o cara é gato, e motivo dos meus sonhos - a mais tempo do que eu posso contar -, ele acha mesmo que pode me chamar de estranha?
"Mas é o que você é! Você esta em uma festa e ta aí parada olhando pra minha cara nos últimos 3 minutos, não disse quase nada. Fora que não tentou dar em cima de mim em momento nenhum." Meu Deus, como eu consegui achar esse cara atraente? Prepotente ao extremo, além do limite do possível.
"Olha, eu vou voltar pras minhas amigas. Eu ganho mais do que ter que aguentar você se achando pra cima de mim, e pode ficar tranquilo, que eu não vou dar em cima de você."
Consegui ver a May e a Sarah pelo vidro da porta, e fui em direção a elas. Quando dei os primeiros passos, senti uma mão me segurando.
"Você não me respondeu seu nome, estranha."
"Você não perguntou" balancei meu braço me soltando do aperto dele, e segui rumo as minhas amigas.
Quando cheguei perto delas, a May já estava alta de tanto álcool que deve ter consumido e a Sarah seguia sóbria, como em todos os lugares que a gente ia. As duas estavam conversando animadamente sobre alguma coisa que eu era incapaz de entender.
"Onde você estava, posso saber mocinha?" May me perguntou quando eu parei do lado pegando o copo que estava na sua mão, e virando ele de uma vez.
"Você não ta com uma cara boa, o John te ligou? Você foi chorar no banheiro?" a voz de preocupação da Sarah me fez rir.
"Eu não estava chorando no banheiro e nem falando com o australiano perdido. Sarah Bruna, desde quando eu já chorei por homem?" Sarah riu, porque ela viu a cara de choro que eu estava, quando ela entrou no meu quarto hoje, na missão tirar a Nara do limbo. "Eu só fui dar uma volta pra conhecer a casa, e é bem legal." Respondi a pergunta da May que ainda me encarava esperando que eu dissesse alguma coisa super empolgante.
Ficamos ali na cozinha conversando aleatoriamente, eu e a May bebendo sempre que possível tudo que era colocado em nossos copos. Eu já estava um pouco alta com o tanto de vodca que eu havia tomado, quando eu vi o Ollie parado na porta me olhando, eu ergui meu copo em saudação a ele, ele retribuiu o gesto, e se virou pra conversar com duas meninas que estavam na mesma roda.
"VOCÊ CONHECEU O OLLIE?" a voz da May me tirou do meu transe, e eu abalancei a cabeça em resposta.
"Mas podemos dizer que ele não atendeu as minhas expectativas."
Quando me virei pra olhar ele novamente, ele estava no meio de um beijo triplo com as duas garotas que ele estava conversando antes.
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Nothing Changes.
Romance" Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à...