Basket Case

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Em algum momento durante toda essa confusão você começa a se perguntar porque não faz tanta coisa para essa nuvem não passar.


Nos braços da solidão você fez sua casa, talvez porque ela tem os melhores abraços que já recebeu, o que você não teria muita certeza já que não é o tipo de cara que abraça muito. Talvez porque passar seus dias olhando para o rodapé empoeirado da parede e contar quantas moléculas de poeira ainda se proliferam era simplesmente muito mais fácil que encarar outras pessoas, para apenas tomar como certeza que a maioria delas era muito mais importante e certamente muito mais significante que você e, finalmente, entrar em um ciclo sem fim de crises existenciais. Também não sabe se sua crise existencial seria de fato por ver pessoas mais significantes e importantes que você ou simplesmente por ficar se perguntando o motivo de assim as considerar. Qual o significado de significado?


Grande merda. Esses questionamentos filosóficos não te levavam a nada além de frustrações.


E então, sua mente, provando seu ponto de que era uma droga, te fez lembrar de Frank Iero, que era seu amigo bonitinho que vendia discos. 


Ele te deixava chamá-lo de Frankie e perguntar horas a fio sobre suas tatuagens (porque "você não faz apenas as perguntas genéricas, como se havia doído — é óbvio que doeu!, eu furei minha pele!"). Ele te contava piadas sem graça (suas preferidas) e te deixava desenhá-lo, depois ele até guardava seus desenhos em uma pastinha amarela. O que fazia você se sentir significante e importante. 


Às vezes Frank te incomodava. Quando vocês almoçam juntos e se sentam um do lado do outro naquelas lanchonetes que tem sofás e suas pernas tocavam e você sentia recebendo uma descarga elétrica de um filho de Zeus, daquelas que queimam geladeiras e destroem corações. E então, dá mesma forma repentina que chegou, se vai; não antes de um estrondoso trovão acompanhar em um ritmo frenético em seu estômago.


E você não tem ideia se é uma sensação boa ou ruim mas você decide ficar com a boa porque já existem coisas ruins o suficiente no mundo.


A única solução que você consegue extrair é que gosta da companhia do Frank Iero, seu amigo bonitinho que vendia discos.


Então você lembra que Frank acabou de terminar com a namorada, e isso o deixou meio mal. O que acabou te deixando meio mal porque Frank havia se tornado uma flor murcha. Então você lembra que não está bem. Então você começa a chorar novamente. Você coloca seu rosto entre suas pernas trêmulas. 


E isso é praticamente o que acontece toda vez que você tem uma crise. 


Às vezes, se sua cabeça ferve à 450 graus fahrenheit, você soca a parede até começar a doer muito (graças a filha da puta da "Ação e Reação") e ficar se xingando por ser tão idiota ao ponto de culpar uma Lei da Física por qualquer dor que tivesse.


Quando uma crise é pior que isso, resta a alternativa de deixar linhas de baixo de músicas tristes da década de oitenta sincronizar com a batida rítmica de seu coração, fervendo cada vez mais naquela sensação eterna enquanto a música durar.


Intuitivamente, como uma mãe pássaro guiando seus filhotes para fora do ninho, você guia suas pernas para a loja de discos onde Frank trabalha. Havia prometido que o buscaria.

✓ Basket Case || frerard one-shotOnde histórias criam vida. Descubra agora