Capítulo 5

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Lauren apareceu no topo das escadas no minuto em que o som da campainha encheu a casa. Ela usava um roupão rosa de minha mãe que mal chegava aos seus joelhos. Minha mãe se levantou e foi até a porta, minha amiga desceu correndo as escadas e se sentou ao meu lado, seus olhos arregalados em direção a porta, quem entrou primeiro foi seu pai Klaus, seu pai é alemão e contem o mesmo corpo alto magro, os cabelos louros, e quando passou pela porta a primeira coisa que reparamos foram seus olhos, vermelhos, iguais aos de Lauren, as orelhas também pontudas, ele correu para dentro da casa, foi até onde sua filha estava sentada, se ajoelhou e a abraçou, os dois estavam chorando, sua mãe rapidamente atras dele, ela não aparentava ter nada diferente, apenas a mesma mulher doce e também muito loira de sempre, ela mais baixa que seu marido e filha se ajoelhou e os três se abraçaram juntos.

Como a cena parecia ser muito intima me levantei e fui para junto de minha mãe. Os três conversavam baixinho e se beijavam e abraçavam, todos os três chorando bastante, fiz sinal para minha mãe me acompanhar até a cozinha.

_Acho que deveríamos fazer um chá ou café, algo para eles tomarem.

_Claro querida acho uma ideia ótima. Eu estava pensando em ligar para o James e para o Scoot.

_Eu prefiro fazer isso mãe, assim que conversarmos com os pais da Lauren, eu ligo para eles.

Minha mãe deu uma ceno de cabeça e começamos a preparar o chá, dando tempo para Lauren e sua família conversavam, quando voltamos para a sala duas bandejas uma com chá outra com biscoitos, Lauren já estava finalizando o relato de todo o ocorrido na praia. Seus pais pareciam muito chocados, até mesmo o pai de Lauren que aparentemente havia passado pela mesma mudança que a filha.

Nos sentamos e oferecemos os chás todos aceitaram e agradeceram, porem eu entendia como devia ser difícil desviar os olhos de minhas novas asas, a cada minuto eu os pegava encarando, não sabia bem se com medo ou tão admirados quanto minha mãe havia ficado. Terminamos nossas xícaras em silencio até que resolvi perguntar.

_Senhor Muller, eu gostaria de saber, como o senhor mudou? a onda atingiu sua casa?

Ele depositou a xícara de volta a bandeja e se ajeitou no sofá, claramente desconfortável.

_Não, nenhuma onda atingiu nossa casa, estávamos dormindo e uma ardência começou por todo meu corpo principalmente nos olhos, durou alguns minutos e então parou, fui até o banheiro lavar o rosto e vi meu reflexo no espelho, entrei em desespero é claro, e depois a confusão nas ruas começou, ligamos para Lauren mais ela não atendia, estávamos prestes a ir até a policia quando sua mãe nos ligou, viemos imediatamente. 

A senhora Muller confirmava cada palavra, eles apanharam cada um, uma mão de Lauren e ela parecia aliviada, como se temesse a rejeição de seus pais, como se temesse uma reação ruim, mais como seu pai passara pelo mesmo que ela, eu acredito que o alivio de minha amiga era imenso.

Conversamos a madrugada inteira e quando sol começou a nascer oferecemos que poderiam dormir na nossa casa e retornar para a deles depois de descansados, os três ficariam em meu quarto e eu dormiria com minha mãe, todos se retiraram mais eu ainda precisava fazer uma coisa. Usei todos os músculos das minhas costas, mais consegui manter as asas bem fechadas, caminhei até a casa ao lado e toquei a campainha.

Em menos de um segundo a porta se abril. O pai de Will, James estava ofegante seus olhos inchados e vermelhos, olhou para mim depois para minhas asas e procurou por mais alguém junto a mim, estava procurando por Will. Mesmo sem perceber comecei a chorar.

_Ele não esta comigo senhor. Mais sei onde ele esta, posso entrar?

Ele não disse nada, só me deixou passar, estava exausto, devia estar procurando e esperando por noticias a noite toda. Me senti culpada por não ter vindo direto aqui, mais no estado em que estava não conseguiria dizer muita coisa. Ele me olhava de um jeito estranho ou melhor olhava fixamente para minhas asas. Quando criei coragem para dizer algo sua voz baixa e rouca, como se ouve-se gritado até estourar as cordas vocais, disse baixinho.

O despertar da magiaOnde histórias criam vida. Descubra agora