Capítulo 4

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07/04/2020 00:45am

Dor.
Quando voltei a consciência sentia muita dor, minha cabeça latejava e minhas costas queimavam, líquido quente escorria por minha testa, sangue.
Bem devagar levantei minha cabeça, e fui atingida por uma tontura laciante, olhei para o banco do motorista mais estava vazio.
Por um momento me senti perdida, sem saber onde estava ou o que havia acontecido, mais então uma menina passou correndo pelo carro, esbarrou no retrovisor gritando, fora uma bela pancada, mais a garota não pareceu se importar estava desesperada, fugia de algo.


Foi quando me lembrei. As lembranças me inundaram de uma só vez, e precisei segurar firme a cabeça, pois ela parecia que ia explodir, estávamos na praia, e então a luz, e depois a onda, este é o carro do Will, nos fugimos mais a onda nos alcançou. Como se um interruptor se ligasse em mim me lembrei de meus amigos, o carro estava vazio, eu estava presa ao cinto de segurança, onde estavam meus amigos?
Eu tinha que sair, procurar por eles.
Enquanto lutava com o fecho do cinto, mais e mais pessoas passavam gritando, um pandemônio de gritos e choros, pessoas se atropelavam tentando chegar a algum lugar, lugar esse que talvez nem existisse, eu precisava continuar tentando, tinha que encontrar meus amigos.
Finalmente consegui arrebentar o fecho os dedos doloridos pelo esforço pulei a porta no carro e corri até a loja de conveniência no fim da rua, o tempo todo gritando por Lauren, mais sem respostas.
Ao meu redor pessoas gritavam outras se esperneavam, rugindo de dor, outras estavam só sentadas no chão, olhando o vazio. Quando de repente um grito chamou minha atenção, eu conhecia aquela voz. Lauren.
O grito vinha de trás, de trás da loja de conveniência, corri até lá o mais rápido que conseguia, minha costas gritando de dor, uma dor tão forte que pensei que se desse mais um passo desabaria. Mais não podia então me forcei a suportar a dor é fui até Lauren.
A encontrei parada atrás de uma caçamba de lixo ela encarava um ponto fixo a frente que de onde eu estava não podia ver, os fundos da loja dava em uma pequena floresta, com as pernas bambas e manchas negras em minha visão fui até ela é apanhei suas mãos, quando minha amiga se virou dei um pulo de susto,e gritei.
Era Lauren, mais também não era.
Seus olhos pareciam lava, chama líquida reluzente, seu rosto estava mais longo, mais impotente e suas orelhas, agora grandes e pontudas. Mais o que mais me espantou foram seus olhos era como olhar o interior de um vulcão, como olhar o inferno.
Ela também parecia estar em choque olhava para trás de mim como se houvesse visto um fantasma.

_Lauren?
_Melanie?

Ó meu deus, era ela. Fui até ela hesitante mais mesmo assim apanhei suas mãos.

_Sou eu Lauren, é a Mel.
_Puta merda Mel, você tem asas.

Não achei que ela estivesse falando sério mais dei a volta em mim mesma e as vi. Duas asas, como de borboletas, brilhavam em minhas costas como luz florescente, eram transparentes no mais lindo tom de azul, isso explicava a dor nas costas, as asas por mais finas que apresentassem ser, pesavam muito. Comecei a chorar e quando levei as mãos ao rosto percebi que minha pele também brilhava, como se eu fosse feita de pó de diamante, pó de estrelas. Tentei limpar o brilho mais quanto mais me mexia mais brilhava, comecei então a arranhar a pele com as unhas, ferindo. Duas mãos esguias e muito brancas como marfim seguraram as minhas, e olhei para ela, minha melhor amiga que agora parecia saída de um filme do senhor dos anéis.

_Mel para, você vai se machucar assim.
_Seus olhos, Lauren seus olhos.
_Eu já vi, vi meu reflexo no espelho retrovisor e comecei a surtar, quando Carter me viu saiu correndo e depois a loucura se espalhou todo mundo correndo e gritando e eu o perdi de vista. Will e eu estávamos tentando te soltar, mais do nada ele começou a gritar de dor, olhou para mim e correu pra cá, como você não acordava vim atrás dele.
_E onde ele está.

Um grito estridente cortou a noite. Nos duas nos viramos em direção ao som, ele vinha de um pouco dentro da floresta, corremos até lá mesmo assim.
Encontramos Will caindo sob umas raízes altas, ele se contorcia e gritava e quando nos viu tentou fugir mais não conseguiu se mover, estava sentindo muita dor. Caminhamos em sua direção mais paramos quando seu braço subiu em um ângulo nada natural com um estalo tão alto que parecia ecoar ao redor.

O despertar da magiaOnde histórias criam vida. Descubra agora