O despertar da magia

Capítulo 6

Os exercícios se mostraram insuportavelmente entediantes. Abrir as asas, fechar as asas, e de novo e de novo. Agachamentos tentar mexer uma asa sozinha e depois a outra, e fizemos isso por um dia, dois, uma semana, resolvi convidar a Lauren para participar todas as manhãs.

Ela veio três dias seguidos e até mesmo fez os exercícios, e com ela ali a risada era certa, e as broncas mais ainda. levávamos bronca por não prestarmos atenção, e riamos de novo, porque não estávamos mesmo. Sempre depois dos exercícios minha mãe corria para o hospital, que a cada dia estava mais cheio, e eu e Lauren bolávamos planos e estrategias com o Sr James para a caçada ao Will.

Sempre que entravamos na casa ao lado, dávamos de cara com mapas e mais mapas e paginas de livros antigos e nos mapas colados a paredes tachinhas e barbantes vermelhos ligando lugares de noticias e boatos, recortes de jornais e no meio de tudo uma foto de cada um, Will e Scott.

Passávamos horas ali, eu ficava responsável pelo radio, captando cada conversa, e Lauren por passar pra o papel tudo que fosse relacionado com ataques de lobos, ou até mesmo com as transformações. E depois com a lista do dia, saiamos na caminhonete com James e dois amigos dele, com espingardas na mão e procurávamos até o anoitecer, eu não era muito amigável ao uso das espingardas, mais James me assegurou que jamais iria ferir algum deles de proposito, era apenas uma ultima opção caso eu e Lauren estivéssemos correndo perigo, e por se tratar de seus filhos, acreditei nele.

Hoje a rotina não era diferente, estávamos na picape os olhos atentos a qualquer coisa que se mexesse, e caso ouvirmos um uivo ou até mesmo víssemos um lobo eramos deixadas em segurança na picape enquanto eles disparavam mata a dentro. Meus olhos que de tanto passar pela mesma rotina já estava se acostumando ao escuro aos sons e até mesmo aos cheiros da mata, porem para mim era sempre um risco vir junto pois durante a noite eu brilhava mais que o comum.

A ronda ja estava quase no fim quando avistei um vulto cinza passar correndo bem proximo ao asfalto e atras dele um vulto negro e outro cinza e um marrom e depois outro e outro, centenas deles, o carro parou com uma derrapada, e ali parado bem em frente a nos, o olhos verdes envoltos por todo o pelo preto estava will, não sei como, mais eu sabia, sentia que era ele, e sem pensar muito desci no carro e andei cautelosa até ele, pude ouvir a Lauren e o Sr James me chamarem, mais os ignorei e continuei andando.

Ele mostrava os dentes e rosnava, e ao seu redor haviam mais dezenas de lobos, e ao lado dele um lobo com olhos também verdes porem com o pelo em um cinza escuro lindo.                              A cada passo que eu me aproximava mais os dentes ficavam expostos, porem eu sem medo caminhei até estar a menos de um metro de distancia, estiquei a mão um pouco exitante e permiti que ele cheirasse meus dedos a vontade, e por um segundo ele congelou e me encarou de lado como se estivesse em duvida do que fazer, me ajoelhei e abaixei a cabeça. 

Li que animais selvagens respeitam quem se curva, e os poupam da morte certa então achei que seria o melhor a fazer, com a cabeça abaixada e os olhos no asfalto abaixo de mim, senti um bafo quente em minha cabeça, entrando em ondas pelos fios do cabelo, até que vi um focinho comprido e gelado tocar meu queixo e forçar minha cabeça para cima, e quando olhei naqueles olhos grandes e verdes eu soube, era ele, e ele sabia quem eu era.

Ficamos ali com os olhos presos um no outro pelo que pareceram horas, até o coro de uivos ribombar ao redor e com uma lambida muito fria em minha bochecha ele se foi, correu a toda velocidade, o lobo cinza sempre ao seu lado, e desapareceram na floresta, o vento batia no ponto úmido em minha bochecha causando arrepios por todo meu corpo, as asas chacoalharam e Lauren logo veio correndo e me levou de volta até a picape, quando já estávamos todos bem presos aos cintos de segurança, James nos levou para casa.