Capítulo 1

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- Não fale muito com ela sobre você, você não pode se esquecer quem ela é, ela é mais perigosa do que parece.

Eu anoto tudo o que me falam, embora eu ache que vou dar conta, é só uma visita para conhecer o talento criminal mais temido desse estado.

A jovem e perigosa Ann Machi. A garota tem uma lista criminal maior que de muitos criminosos, seus 17 anos de delinquência extrema a renderam uma prisão perpétua.

Assassinatos, roubos, explosões, sequestros, fraudes, todo o tipo de crime com uma execução perfeita. Ann Machi é inteligente e só foi pega por ser traída pelo próprio namorado, quem ela matou depois de atacar um guarda e conseguir correr até a sala ao lado, onde reza a lenda que aplicou um mata leão tão feroz que quebrou o pescoço do jovem e não parou de sufocar até que 6 agentes a tirassem de cima dele, do cadáver morto e sem utilidade para depor.

Se estou nervosa para olhar para um perigo juvenil? Um pouco.

Quando entro na cela que é trancada com mais de 5 cadeados e segurança elétrica, vejo uma jovem amarrada a uma cadeira, ela tem cabelos pretos curtos e olhos escuros, ela me analisa, abre um sorriso devagar mas não diz nada.

Me sinto na obrigação de preencher o silêncio.

-Ann Machi, sou Kathrine e...

-Katherine.- ela repete me observando, parece intrigada. Eu não diria que parece uma garota tão perigosa apesar das amarras.

-E vim conversar com você.

-E se eu me recusar?

-Bom...- essa ideia não me ocorreu. - você pode ser severamente castigada.

-Estar presa aqui até a morte já é o maior castigo. Não tenho nada a perder. -ela fala e seu olhar transmite frieza, ela me olha de cima a baixo - Mas você tem.

Sinto um arrepio.

-Eu só vim para conversar.

-Isso é o que todos dizem. Deixe-me antecipar para você.-ela se debruça para a frente até onde suas algemas permitem - Por que comecei a praticar atos violentos? Por que eu quis. Se me sinto mal por isso? Nem um pouco. Você deveria saber que não se fala com alguém como eu. -ela ri e olha para a porta onde guardas ansiosos olham do lado de fora para nós. - esses cuzoes medrosos mandaram aqui a coisa mais ingênua para tentar falar comigo, se me soltarem eu devoro você, então se preza pelas coisas que tem, não volte aqui até que eu morra.

Ela parece um animal agora, dura feito pedra e sedenta por um pedaço de carne.

-Não vou embora até que fale comigo.

-Eu tenho a vida toda. - ela ri e me olha - E eu posso usar ela toda para manter meu silêncio.

-Você não acha que se cooperasse o juíz não....

-Consideraria minha pena? - ela bufa - Com que merda você acha que está falando novata?

-Desculpe eu...

-VOCÊ É UMA INÚTIL!, NÃO SERVE NEM PARA INICIAR UMA CONVERSA, SOLTEM-ME E DEIXEM ELA APRENDER COMO SE LIDA COM UM PSICOPATA!- Ela grita insandecida balançando as correntes em seu assento.

Um guarda nota agitação e entra.

-Ann, sua filha da puta, qual é o problema ?

-Tire ela daqui. - ela indica a mim.

O guarda parece incerto.

-EU NÃO QUERO FALAR COM NINGUÉM! -ela grita me assustando, pulo na cadeira no susto, ela nota. Sorri e se encosta na cadeira me olhando. -Assustei você?

-Não.

"Ela sente o cheiro do seu medo..."

Ela avança rápido na minha direção e imita um bote de cobra, me dando outro susto, ela parece estar se divertindo, mesmo acorrentada ela abre um sorriso maior ainda.

-Acho melhor você ir agora.-fala o guarda para mim.

-Melhor ouvir ele, esse balofo sabe o que diz.- ela fala relaxada em sua cadeira e pisca pra mim.

Me levanto suspirando, meu chefe vai ficar irado se eu não conseguir sequer uma amizade com essa garota instável.

-Mas volte amanhã, hoje não fui ao salão e estou de mal humor. Minha vida é tão corrida....- ela fala num tom altamente debochado.

-Vou voltar. -digo duramente.

-Vai ser um prazer...Minha Katherine.-ela fala e passa a língua pelos dentes como faria um leão depois de ver um pedaço suculento de Carne, o guarda me leva para fora e me olha balançando a cabeça.

-Melhor não deixar que ela mexa assim com sua cabeça, ela sabe o que faz e é uma ameaça até amarrada como um animal. - ele me dá dois tapinhas nas costas e se vai.

Pela portinha observo as travas automáticas libertarem Ann de sua prisão na cadeira. Ela vira o rosto quase que no mesmo instante e olha para mim, não esboça reação apenas me encara como um boneco inanimado.

Mas ela me dá medo...por que no fundo de seus olhos parece não haver alma ou qualquer vestígio de humanidade.

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora