Capítulo 10

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Assim que saio de casa, sem nenhum disfarce avisto Kashid parado ao lado de seu carro com um copo quente de café me observando.

-Uma carona? - ele pergunta do outro lado da rua, estou com as minhas chaves na mão.

-Acho que não.

-Quer ter mesmo todo o trabalho de abrir a garagem? Seu motorista está aqui.- ele dá um sorriso esperto.

Minha arma está comigo, fico indecisa.

-Não se preocupe, você pode me dar um tiro quando quiser, a vítima aqui sou eu, por favor senhorita.- ele abre a porta do próprio carro para mim.

Guardo as minhas chaves e suspiro passando por ele direto, vou andando.

Ele nota que foi deixado no vácuo e fecha o carro correndo para me alcançar.

-Acordou de mau humor?

-Já te informei que não somos amigos?

-Está jogando fora uma amizade de ouro.-ele fala descontraído.

-Eu não sou amiga de criminosos.

-Ow calma lá princesa, eu não sou um criminoso, eu sou uma sentinela. Ninguém pode me prender por ser testemunha. - ele aponta um café pelo qual passamos. - Que tal um café?

Desta vez concordo e entro para pedir, mas assim que a senhora vê Kashid, ele dá uma piscadinha e ela sorri, cutuca a garçonete mais próxima que já prepara um café e dá a ele, tirando minha necessidade de pedir, e ele me dá o café deixando o dinheiro na mão da moça.

-Aqui está minha grande amiga, agora vamos.- ele volta a andar para fora do café, e eu o sigo franzindo o cenho.

-Já conquistou todo o quarteirão para não ser dedurado por ninguém em caso de investigação?- bebo o café- o típico cara perfeito que ninguém espera nada de ruim.

Ele adquire um ar sério.

-Eu podia ser um tremendo filho da puta sabia?, Mas estou aqui tentando ser um cara legal com você, facilitar a sua, a minha vida. -ele bebê um gole e café - a verdadeira filha da puta está lá na cadeia, pronta para pisar em você quando você não for mais útil, e em mim também. Somos vítimas da história, você precisa dela para algo e eu também, só que diferente dela, nós não vamos queimar ela viva e seguir com nossas vidas quando ela não for mais útil. Então por que não criar aliados?

Fico calada pensativa, ele não está errado.

-Mas eu não conheço você o suficiente para considerar quê é meu aliado.

-Mas o suficiente para saber que estamos no mesmo buraco .- ele sorri mais docemente e me cutuca com o cotovelo justamente onde está minha arma. - Relaxa garota, vamos curtir o momento.

Ele passa a sorrir para as pessoas passam por nós, dar bom dia para as garotas que se assanham com ele pelo caminho, e eu apenas o observo. Kashid é um cara aberto... Mas esperto demais para querer apenas a minha amizade.

Dentro do presídio.

Já vou direto para a biblioteca, término meu café jogando a embalagem num lixo que vejo e pego meu gravador, Ann está lendo quando entro.

A presença dela ainda me deixa levemente apreensiva, ela fecha o livro assim que eu entro, mesmo em total silêncio ela parece sentir meu cheiro.

-Katherine.

Balanço o gravador e coloco a frente dela.

-Vamos continuar?

Ela se encosta na cadeira como se fosse uma poltrona macia e me olha, como um gato preguiçoso esperando carinho de seu dono ausente.

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora