Capítulo 24

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Invadir o covil daquele cretino não foi difícil no entanto, o clima parecia excitante.

A sede de justiça incomodava minha mente e quando vi o indivíduo colocando notas de dólares no sutiã de uma puta qualquer a vontade só se intensificou.

-E ai, "Papai".- falo arrastando minha bota militar ruidosamente no chão marcando minha entrada. Ele me olha, surpreso.

-Ann Machi, não achei que fosse aparecer aqui com todos os fãs atrás de você.

Cruzo os braços.

-Pois é, mas sabe como é, não gosto de faltar assuntos de família.

Ele sorri.

-Então será oficializada a nossa troca?

Olho a prostituta e indico para ela sair, ela sai, ando de um lado a outro olhando em volta, capangas, 10 deles, outras prostitutas, drogas...

-Eu não pertenço a ninguém. Acho que sabe disso.

-Mas comercializa sua mãe como se fosse mercadoria.

-Acho melhor você escolher suas palavras para definir nossa relação.- fico séria o olhando.- O traficante aqui é você.

-E você só faz o que tem que fazer.

-Exatamente.

Ele suspira e acende um charuto.

-Você sabe que não pode me matar.

-Embora quisesse.

-Você matou meu filho, você tem sorte de sua mãe ainda estar viva.

Rio, começo a gargalhar.

-Acho que você não entendeu, eu não estou com sorte, o sortudo aqui é você. Hoje é um ótimo dia, então não se preocupe "papai", estou levando mamãe embora.

Ele ri.

Um capanga aparece correndo.

Meu celular vibra.

-Agora eu preciso ir.- falo e me curvo sorrindo e começo a andar para a saída.

Não para a minha surpresa os capangas fecham o caminho.

-Como você fez isso Ann Machi? como ela sumiu?- a voz dele está seria agora.

-Você está lidando com um animal selvagem, se não o deixar ir, ele ataca.- volto a me virar para ele - te dou dois segundos

Ele balança a cabeça.

-Ann...

Abro os braços no alto.

-VAMOS LÁ!

Eles se entreolham, como o esperado, vestida adequadamente de preto, do segundo andar do enorme salão Morgan aparece com semi automáticas, ela não foi vista até começar a atirar sem aviso, o barulho das metralhadoras é suficiente para que eles corram para não serem alvejados, saindo da minha frente e dando espaço para que eu corra para fora do local.

Como ela pretende sair eu não ligo, mas ele vai se acertar comigo ainda, mas isso fica para depois, do lado de fora entro no carro que me espera enquanto os tiros continuam lá dentro, minha mãe assustada e trêmula me olha pelo retrovisor.

-Oi mãe.- sorrio e ligo o motor saindo em disparada.

Ninguém nos segue, se é que sobreviveu alguém além do cretino.

-Você os matou...

-Eu não, Morgan.- dou de ombros e estaciono do outro lado da cidade, um estacionamento pouco movimentado.

O silêncio reina no carro.

-Você matou a detetive?- minha mãe me encara do retrovisor.

Rio.

-Não mãe.

-Onde está ela? Ela está desaparecida, na tv diz que você a sequestrou.

Respiro fundo.

-Não posso te contar, embora quisesse.

Minha mãe tão diferente de mim, se inclina para a frente, toca meu ombro.

-Eu sou sua mãe. Agora você está aqui e não sei mais quando estará novamente... Pode me contar como vão as coisas?-ela me olha suplicante.

Suspiro e encosto a cabeça no banco.

-A detetive... A Katherine, ela é lésbica. Mas ela ainda está descobrindo isso, eu fui a um cruzeiro e Kashid está se divertindo bastante.

-Oh, então vocês são...amigas agora? Ou...

-Eu gosto dela.- resmungo olhando o teto do carro .

Minha mãe ri.

-Incrivel!, Eu não achei que receberia uma notícia boa!

-Espera, o que?

-Agora você pode... Pode se tornar outra pessoa e construir uma vida...

-Mãe...

Ela balança a cabeça.

-Aproveite, não quero saber dos poréns Annelise.

-Sinto sua falta.- encaro ela pelo retrovisor.

Ela me abraça a mim e ao banco juntos.

-Não me orgulho do que você se tornou... Mas você ainda é minha querida filha. Eu amo você minha querida, por favor se cuide.

-Estou fazendo isso. - acaricio os braços dela, sinto uma dor incomoda no peito, está cortando meu humor.

Morgan se aproxima de nós, posso vê-la pelo vidro.

-Mãe, chegou a hora.

Ela concorda, beija meu cabelo na costumeira despedida e saio do carro, entrego a chave a Morgan que a joga para outro homem que suponho ser mafioso de sua gangue. Aceno para a minha mãe e entro no outro carro com Morgan.

-Ela vai ficar bem. Sou uma mulher de palavra.- Morgan fala.

-E quanto ao cretino?- pergunto dirigindo.

-Será entregado do jeito que você pediu. Depois que eu ver meu...pai.

Concordo, preciso de Katherine agora, a presença dela dispersa meus interesses sádicos.

Mas depois de uma longa viajem de horas a fio, chegando perto da pequena mansão que reservei para nós posso observar duas silhuetas familiares se esgueirando pelos arbustos de espinhos.

Sem dúvida é Katherine sendo acompanhada de Kashid, os dois vestidos de roupas pesadas para suponho não serem arranhados pelas plantas selvagens.

-Parece uma fuga em andamento.- fala Morgan.

-É, parece que seu pai está roubando algo que é meu.

Acelero e paro o carro mais a frente, as plantações de espinhos dão na trilha do bosque ao lado da mansão.

Me encosto no carro esperando que eles terminem de se embrenhar nos arbustos.

Quando vejo Katherine na frente, armada de uma faca de pão cortando os espinhos finalmente emergir das plantas, ao me ver parada a observando a cara de espanto dela é impagável.

Ela murmura algo, assim que Kashid emerge depois dela ele passa a mão na cabeça.

-Eu sabia que isso ia dar muito errado -ele resmunga, ela está sem palavras.

-Então, onde diabo vocês estavam indo?-pergunto os olhando seriamente.

Coloco as mãos nos bolsos encarando Katherine nos olhos, a desafiando a rebater, a emergir seu espírito rebelde e autoritário, e tudo que ela me devolve é um olhar calculado e indecifrável.

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora