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Meu Deus, por favor, proteja a minha família.

Bom, a desconfiança tava certa.

Os bota tão fazendo uma mega operação. Como previsto.

"Anjos caídos" é o nome dessa joça.

Anjos...

Demônios fardados, isso sim.

Já fazem 5 horas de confronto sem parar.

Um terror!

Dá pra ouvir as balas passando no telhado.

Duas balas até pegaram no conjunto de xícaras novas da minha mãe.

Ela vai ficar boladona, boladassa, o cão chupando limão.

Minha mãe tá no hospital trabalhando agora.

Quer dizer, ela saiu hoje cedo pra trabalhar. Mas, como só oq se fala em tudo que é canto, é essa operação, ela nem deve tá trabalhando direito, só pensando na gente.

O povo todo tá na guerra.

Só tá eu e a Lya aqui.

Mas, óbvio que meu pai deixou uns 20 vapores só pra fazer a nossa segurança.

Porém, eu mandei todos irem ajudar à proteger nosso morro.

Eles teimaram muito, mas eles sabem que o morro precisa mais deles do que a gente.

Eu treinei pra isso, né. Treinei anos pra me defender sozinha.

E é isso que eu tô fazendo. Aliás, cuidando de mim e da Lya.

Eu e Lya tamo atrás da parede-americana da cozinha, agachadas e com um fúzil cada uma.

A Lya tá toda se borrando de medo, já até chorou, a coitada.

Não julgo. Ela, diferente de mim, nunca treinou nada. Luta, tiro, ou algo do gênero.

E nunca sofreu a pressão que eu sempre sofri. A pressão de ser de uma família completa de bandidos.

No entanto, isso até que me ajuda prum carálho.

Eu aprendi a ter psicológico forte pra essas situações; aprendi à nunca achar que tá tudo perdido ou que eu vou morrer à qualquer momento. A não ter medo, nem baixar a cabeça pra ninguém.

Eu convivo com isso desde que eu me lembro, então, pra mim, isso é só mais uma tarde comum.

Por isso, agora eu tô fria e calma.

Peguei os fúzís de dois dos vapores pra fazer nossa segurança.

Tem as armas do meu pai que tão numa gaveta, mas, se é guerra, tem que lutar com o melhor.

Como eu sou prevenida, além das armas, peguei dois canivetes pra nós duas. Colocamos na cintura e sentamos no chão atrás da parede pra qualquer coisa que acontecer.

Lya: Lua...- me chama choramingando e eu me viro pra ela.- Eu tô com muito medo.- vejo lágrimas se formarem em seus olhos.

Porra.

Lua: Lya...- suspiro triste e ela me abráça já chorando.- Eu sei que é muito triste, dá muito mêdo...mas, é a nossa realidade. A realidade de todas as comunidades, e ainda num tem mais porra nenhuma que a gente possa fazer, além de tentar se defender e não morrer.- fecho os olhos com força pela dor de saber que oq eu falo, é a plena verdade. Uma Triste verdade.

Lya: Por quê tem que ser assim? Por quê tanto ódio? Por quê tanta guerra? - pergunta desesperada e nos separamos.

Lua: Eu não sei. Mas, sei que dos dois lados tem bandidos, só não sei qual tá mais errado.- sussurro triste.

A Problemática Da Rocinha Onde histórias criam vida. Descubra agora