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Quando voltei a noite para casa, não parei de pensar na princesa e em tudo o que ela me falou. Bem parecia muita loucura, mas eu não conseguia pensar em uma explicação mais real para uma garota ser tão nova quando deveria ter uns sessenta anos.
Quase não consegui pregar o olho a noite, então quando o dia amanheceu eu já fui preparar o café, só que não deu certo porque eu apenas fiquei olhando para o nada, pensando na princesa, enquanto o café esfriava.
- Bom dia filha. - Meu pai deposita um beijo no topo da minha cabeça, me fazendo voltar a realidade.
- Bom. - Apenas digo, eu não dirigia muito a palavra a ele, porque na verdade eu tinha raiva de nossa situação.
Raiva por ele ser tão fraco ao ponto de ficar totalmente inválido, dependendo de uma filha que não tem recursos nenhum para ajudar.
Decidi por fim tomar meu café, e como ainda estava cedo para eu ir para a feira, decidi ir ao castelo novamente.
Pego o cavalo e vou em direção ao bosque, onde tem uma trilha que leva até o castelo, chegando lá faço o mesmo percurso que eu fazia, para roubar flores. Só que dessa vez vou em direção as escadas, e logo percebo o que não tinha percebido antes.
Tinha pessoas, cuidando do Jardim e tinha guardas na porta, que a abriram quando eu subi o último degrau.
Um pouco confusa, olho para os infinitos guardas em pé em diversos pontos todos eles usando máscaras, então um deles vem em minha direção.
- Posso ajudar?
- Eu... Estou procurando a princesa. - Respondi.
- Ela está tomando café... Por aqui. - Ele se vira voltando a caminhar, então eu o sigo.
Chegando na sala de jantar, havia um grande banquete onde só tinha apenas a princesa Sharon Myoui Mina, sentada com seu rosto em uma máscara brilhante e dourada.
Ela estava extremamente bela e arrumada, então acabo olhando para minhas próprias roupas, calças velhas, botas mais ainda, a blusa tinha um furo no canto, e os cabelos presos em um rabo de cavalo.
- Bom dia, fico surpresa em te ver aqui dentro. - Ela diz, falando isso muito bem porque sabia que eu sempre venho aqui rouba-la.
Dou um sorriso sem graça. - Eu vim agradecer por ontem, por deixar eu pegar as flores, as pessoas da feira gostam muito delas e acham lindas demais. Eu sempre vendo tudo.
- Que bom, já tomou café? Pode sentar se quiser. - Ela sugere, e vejo que o guarda, que tinha me acompanhado, olha um pouco surpreso por baixo da máscara preta.
Tinha muita comida ali, coisas que provavelmente eu nunca tinha tido a oportunidade de comer, e mesmo já tomado meu café muito humilde em minha casa, decidi aproveitar.
Sento ao lado dela. - Pode se servir do que quiser. - Ela diz, então sem nem falar já começo a encher meu prato, colocando suco em meu copo e começo a comer.
Ela fica me olhando com olhos curiosos e com um sorrisinho presunçoso no rosto. - Então, ladra com quem você mora?
Termino de mastigar para poder falar, ignorando o insulto. - Moro com meu pai enfermo, ele não pode trabalhar. E eu não tenho recursos, não sei ler nem escrever, nunca trabalhei porque não sei fazer nada, então eu roubo suas flores.
- Oh... - Ela diz, parecendo um pouco espantada. - Acho que nunca conheci alguém como você antes. Isso é interessante.
- E a bruxa, que te enfeitiçou, ela era pobre não é?
- Sim, mas como você bem falou. Ela era uma bruxa, nada como você. - Mina responde, voltando a comer.
- E todas essas pessoas que trabalham aqui, todo esse tempo eu nunca vi ninguém. - Olho em volta e vejo alguns empregados usando máscaras passando.
- É porque as pessoas que desconhecem da maldição, não podem nos ver só se nós quisermos ou quando tem conhecimento.- Ela responde.
- Então quer dizer que esse tempo todo...
- Você estava sendo vista roubando minhas flores, e ninguém me avisou nada porque ninguém fala comigo.- Ela fala em um tom que parece não ter muita importância mas eu presumo que tenha.
- Por que? - Pergunto, tentando falar de boca cheia.
- Oras, se todos aqui não podem mais ver seus rostos é por minha causa e também ainda sou o possível motivo da liberdade deles, o que deixa todo mundo irritado- Mina responde, dando de ombros.
Olho para o guarda ao lado dela, fico pensando na raiva que eles devem sentir, já que isso foi punição pelas atitudes dela. - Então a maldição pode ser quebrada?
- Sim. E estamos aguardando esse dia. - Ela apóia o queixo nas mãos.
- Desculpe interromper senhoritas, mas não pude deixar de escutar. Princesa por que a senhora não ajuda a senhorita Chaeyoung a não roubar mas o jardim? - O guarda pergunta, e Mina olha para ele um pouco surpresa.
- Eu... - Ela parece pensativa, mas logo faz uma cara feia.
- Me ajudar? Como? - Questiono.
- A princesa poderia dar aulas para a senhorita para aprender a ler e escrever, abriria pelo menos uma oportunidade de trabalho não acha? - Ele responde.
Acabo sorrindo com aquela ideia, ela tinha tantos livros, Mina poderia me ensinar. - Nossa isso parece... Uma...
- Péssima idéia. - Ela cruza os braços. - Eu não tenho paciência para gente de pouco intelecto. Não sou professora também.
- Você está me chamando de burra?- Me viro para ela indignada.
Ela fica em silêncio, e apenas levanta uma sobrancelha. - Não me entenda mal, não sou do tipo que faz caridade.
- É isso eu já percebi. - Me levanto bruscamente, como eu pude pensar que aquela garota era uma boa pessoa lá no fundo afinal de contas?
- Taehyung, acompanhe ela até o portão e certifique de que meu jardim não será estragado. - Ela continua a me encarar, com um ar arrogante.
Aquilo foi demais, e por um impulso, pego meu copo de suco que estava na metade e jogo no rosto dela. - Sua cretina.
Meus olhos encheram de lágrimas por que ela estava sendo tão cruel comigo?
Ela limpa o suco dos olhos com os dedos, e pega o guardanapo para limpar a máscara, sem falar nada. Então eu apenas me afasto da mesa e vou em direção a saída. Sem olhar para trás.
Eu não queria mais ter que vim aqui para pegar essas malditas flores lindas, eu iria pensar em algo para poder me virar. Iria sim.
Eu não entendia, ela tinha me contado tantas coisas, me convidou para sentar a mesa, e depois foi extremamente idiota comigo. Isso estava longe da minha compreensão. É, talvez eu fosse burra mesmo.
Enquanto subia no cavalo e seguia para minha casa novamente, cheguei a simples conclusão que Sharon Myoui Mina era uma garota horrível.
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Até sábado mores 😽
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Mαsкєrα∂ • Michaeng
FanfictionSon Chaeyoung vive em uma vila humilde, se ver em uma situação difícil quando precisa roubar flores, no Jardim do grande castelo para vender jurando estar abandonado, para ajudar o pai doente. Só que ela não sabia que ali mora uma princesa narcisis...