Capítulo 2

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"Um dia de cada vez, Amberly..."
Pensei assim que me espreguicei na cama.

Hoje, eu e Renesmee completamos um ano de vida. Nossa mente é muito além da de qualquer criança humana — amadurecida, racional. A minha, inclusive, é mais desenvolvida que a da minha irmã, o que parece irritar profundamente a mulher que me deu à luz.

Ouvi passos se aproximando. Pelo cheiro suave e floral, reconheci: era Rosalie.

— Bom dia, minha princesa — disse ela com ternura. — Oh...

Seu olhar mudou. Parecia surpresa — quase em choque. Senti meu estômago revirar. Será que havia algo errado comigo? Será que meu cabelo estava muito bagunçado?

Saí dos devaneios quando Rose chamou por Emmett:

— Emmett, venha aqui. Agora.

— O que foi, ursin... — Ele entrou no quarto, mas parou de falar assim que me viu. O mesmo olhar surpreso.

— Mãe? Pai? O que houve? — perguntei, preocupada.

Rose se aproximou, sorrindo de leve.

— Minha linda... desculpe te assustar. Não estávamos preparados para tanta mudança. — Ela me estendeu a mão. — Venha, você precisa se olhar.

Levantei e fui com ela até o banheiro. Antes de sairmos, olhei para meu tio, que sorriu para mim e deixou o quarto, fechando a porta atrás de si.

Assim que me encarei no espelho, recuei um passo, assustada.

Minha aparência havia mudado completamente. Eu não tinha mais o corpo de um bebê. Agora parecia uma criança de cinco anos. Mas como?

Nahuel, o híbrido que conhecemos durante a batalha contra os Volturi, disse que nosso crescimento seria acelerado, mas não tão rápido. Em teoria, levaríamos sete anos para atingir a maturidade física.

Será que Renesmee também mudou? Ou só eu?

— Minha linda, vá tomar banho. Logo vamos comemorar seu aniversário — disse Rose, com suavidade.

Tomei banho, ainda processando o que via no espelho. Quando voltei ao quarto,  Rose me esperava com um vestido xadrez de mangas compridas. Vestiu-me com carinho, colocou um cintinho preto na minha cintura e completou o look com uma meia-calça e botas pretas.

 Vestiu-me com carinho, colocou um cintinho preto na minha cintura e completou o look com uma meia-calça e botas pretas

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— Está frio hoje — comentou, me entregando um casaco azul-marinho. — Mas sei que você não sente.

Era verdade. Minha pele parecia imune ao frio e ao calor. Renesmee, por outro lado, sentia tudo como uma criança humana. Mais uma diferença entre nós.

Com meu cabelo preso em um rabo de cavalo de lado e um lacinho para enfeitar, desci as escadas com Rose.

A mansão Cullen estava silenciosa como sempre, mas nossos ouvidos aguçados captavam tudo. Vô Carlisle estava no computador, provavelmente fazendo alguma pesquisa. Tio Jasper lia um livro no sofá.

— Bom dia, vovô — disse, indo até ele.

Ambos pararam o que estavam fazendo ao me ver. Surpresa. De novo.

Logo vó Esme apareceu com alguns papéis nas mãos. Seu sorriso se transformou em espanto. Tia Alice surgiu da cozinha com um jarro de flores e, ao me ver, apenas sorriu. Claro. Ela já sabia.

Assim que o choque passou, vó Esme e Rose me levaram até a cozinha. Lá estavam Bella, Edward... e Renesmee.

Meus pais biológicos me encararam. Edward parecia espantado. Bella... raivosa.

Renesmee olhava para mim como se eu fosse uma estranha. Até ontem, tínhamos a mesma aparência. Agora, não.

Vó Esme tentou aliviar o clima:

— Meninas, venham comer.

Sentei em um dos bancos do balcão e comi panquecas enquanto todos me observavam em silêncio. Como sempre, depois do café, tomei meu copo de sangue — algo essencial para mim. Renesmee só toma uma vez por semana. Eu, todos os dias.

Nesse momento, Jacob entrou na cozinha. Seus olhos me fuzilaram com desprezo. Ignorei.

— Mãe, quero sangue — ouvi Renesmee dizer, olhando para Bella.

Terminei minha refeição, coloquei o prato na pia, abracei minha avó e saí da cozinha, ciente dos olhares raivosos de Bella e Jacob.

Na sala, Emmett conversava com vô Carlisle. Fui até ele, que me pegou no colo com carinho.

— Já tem um tempo que penso nisso... — disse tio Emmett. — Acho que Amber nasceu com mais genética vampira do que Renesmee. E, sinceramente, acredito que ela tenha um dom muito poderoso. Eleazar comentou isso quando os Denali estavam aqui. Disse que sentia algo nela... mas não conseguiu identificar.

De repente, um grito estourou pela sala:

— O QUÊ?! ESSA GAROTA NÃO PODE SER MAIS PODEROSA QUE A MINHA FILHA! JAMAIS!

Bella.

O grito doeu nos meus ouvidos. Eu já sabia que ela não gostava de mim... mas ouvir isso tão abertamente foi como levar um soco.

Meus olhos marejaram, mas não chorei. Virei-me lentamente para ela. Sorri. Um sorriso leve, frio, quase cruel.

E então falei, com voz firme — infantil, mas estranhamente madura:

— Você realmente não é minha mãe. Nunca me olhou como filha. E você também, Edward. Vocês deixaram de ser meus pais no momento em que nasci. Meus verdadeiros pais são Rosalie e Emmett.

Virei-me para Carlisle.

— Vovô, mais tarde quero estudar com você sobre mim, tudo bem?

Voltei a olhar para Bella e Edward. Depois, para Jacob.

— E você, Jacob... vá tomar um banho. Assim talvez Renesmee mude de ideia quando crescer.

Ele segurava minha irmã no colo. Ao ouvir isso, a colocou no chão e começou a tremer. A raiva explodia em ondas visíveis.

Bella o olhou assustada. Edward parecia prestes a agir. Mas antes que eu pudesse me mover...

Um lobo castanho-avermelhado saltou em minha direção, com a boca aberta.

E, ao fundo, ouvi o riso de Bella.

Amberly CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora