— O que estavam conversando, querida? — minha mãe perguntou, curiosa.
— Descobri uma coisa... era só uma teoria, mas diante das circunstâncias, decidi testar — respondi, olhando para o chão.
— Teoria? E que circunstâncias, Amber? — meu avô perguntou em tom profissional.
— Eu sabia que meu veneno poderia matar o Jacob. Por ele ser um lobo, o corpo dele rejeitaria o veneno, o que acabaria causando sua morte. Então pensei que, por eu não ter sido transformada como os demais, talvez meu sangue pudesse curar os efeitos da mordida. E foi exatamente o que aconteceu. A ferida fechou e Jacob melhorou — confessei, receosa de ser repreendida.
— Amber, sua mente é realmente muito avançada para sua idade corporal — elogiou meu avô, visivelmente impressionado. — Vamos começar as pesquisas?
Assenti. Meu avô me fez sentar na maca onde Jacob estivera há pouco. Minha mãe permaneceu ao meu lado enquanto ele pegava uma seringa grande.
— Minha querida, preciso colher uma amostra do seu sangue.
Ele tentou perfurar minha pele, mas a agulha entortou. Tentou com mais duas, e o mesmo aconteceu. Então sugeri, com certa hesitação, que eu mesma me mordesse — para desgosto evidente da minha mãe. Mordi o pulso e deixei o sangue escorrer em um frasco de amostras que meu avô etiquetou com meu nome.
Descemos as escadas e fomos para a sala, onde papai já nos esperava. No entanto, uma tontura súbita me atingiu. Minha cabeça latejou, e tudo escureceu.
Despertei na maca do escritório do vovô. A dor de cabeça havia passado, mas meu corpo parecia estranho, mais pesado. Quando tentei me levantar, minha visão embaçou e acabei caindo. Meu pai entrou no cômodo rapidamente e me carregou até meu quarto. Me deitou na cama e, logo depois, minha mãe entrou com uma expressão preocupada.
— Mãe... está tudo bem? — perguntei, confusa.
— Meu bem... você cresceu de novo. Mas agora... já não é mais uma criança.
— O quê? — Corri até o espelho. Não era mais uma garotinha de cinco anos. Agora eu aparentava uns doze. — Quanto tempo eu fiquei desacordada?
— Dois dias — respondeu meu pai. — E os Volturi estão vindo.
O encarei, surpresa.
— Calma — ele disse. — Disseram que é apenas para acompanhar suas evoluções.
Me lembrei de Caius. Sempre que passava pelo quadro dos Volturi no corredor da mansão, meus olhos paravam nele. Jovem, imponente, assustadoramente lindo...
— Quando eles chegam, papai?
— Hoje, minha linda. Dentro de pouco tempo. Vá se arrumar.
Ele beijou minha testa, e minha mãe me abraçou antes de saírem.
No closet, já havia roupas do meu novo tamanho — minha mãe e a tia Alice tinham feito questão de preparar um estoque. Tomei um banho rápido e escolhi uma roupa simples, mas elegante. Soltei o cabelo, que estava mais longo, e me maquiei suavemente: rímel, blush rosado e gloss claro.
Desci até a sala. Meus pais estavam sentados juntos. Edward e Bella ao piano. Tia Alice e tio Jasper no sofá com meus avós. Renesmee no colo de Jacob. Olhei para ela. Mesmo sendo gêmeas, já parecemos diferentes. Ela com idade corporal de quatro anos, e eu, doze. Minha mente é de um vampiro adulto, mas meu coração... ainda é o de uma criança.
— Estão chegando — avisou tia Alice, olhando fixamente para o canto da sala.
— Quanto tempo? — perguntou meu pai.
— Dois minutos — respondeu Edward, lendo os pensamentos da irmã.
Quando desci o último degrau, papai me chamou. Sentei-me ao lado da mamãe. Ele ficou em pé, logo atrás. Renesmee saiu do colo de Jacob e foi para perto dos pais.
— Chegaram — anunciou Edward.
Meu avô levantou e foi até a porta. Não consegui ouvir o que diziam. Minha mente vagava — e se Caius estivesse aqui?
— Família Cullen... e o lobo — disse Aro com desprezo ao ver Jacob, que respondeu com um rosnado baixo. — Amber...
Suspirou ao pronunciar meu nome. Levantei e fiz uma reverência simples.
— Tão educada, minha querida. Vejo que seus pais a instruem bem. Uma verdadeira dama — disse ele, olhando para Rosalie e Emmett, que acenaram em resposta.
— Obrigada, Aro — respondi com um sorriso cortês.
— E onde está sua gêmea?
— Aqui — respondeu Bella, orgulhosa.
— Qual é o nome da... criaturinha mesmo? — Aro perguntou, entediado. Bella perdeu o sorriso e o encarou com raiva.
— Renesmee — respondeu, com um leve rosnado.
— Oi, Aro — disse minha irmã.
— É... diferente da irmã, essa não é tão bem educada — Aro comentou. Bella me lançou um olhar furioso. — Não olhe assim para Amber. Ela não tem culpa de ser tão bem instruída.
— Não tem como saber isso. Você mal a conhece! Essa... essa criatura é um monstro! — Bella explodiu.
— Monstro? O que eu vejo é que você a trata mal sem razão. Amber é linda, inteligente, e extremamente evoluída.
Bella rosnou alto. Um suspiro de reprovação percorreu a sala.
— Como ousa rosnar para mim? Sou seu rei — disse Aro, com autoridade. — Cuidado, Isabella. Suas chances já se esgotaram. Os Volturi não costumam ser tão pacientes. Os Cullen receberam três chances... por sua causa.
Ela se encolheu diante da voz cortante de Aro. Ele se virou para conversar com meus pais. Bella se afastou com Renesmee, indo para o lado de Edward.
Foi então que o vi: Caius. No meio da sala lotada. Imponente com sua capa negra. Olhos vermelhos ainda mais intensos. O cabelo loiro, perfeitamente alinhado. Ao lado dele, Marcus.
Fiz uma reverência aos dois reis. Marcus me sorriu com ternura. Caius, sério no início, me lançou um sorriso travesso, quase brincalhão, antes de voltar à expressão neutra.
— Pequena Amber, presumo eu — disse Caius, pegando minha mão e depositando um beijo nela. — Está ainda mais linda do que me lembrava.
— Obrigada, Caius — murmurei, tímida. Ele se afastou, voltando para junto de Aro. Papai me lançou um sorriso forçado que não consegui decifrar.
Marcus ficou. Me aproximei, e ele sorriu gentilmente.
— Marcus — disse, abaixando a cabeça em respeito.
— Amber... uma joia rara. Seus laços são tão fortes — comentou, e logo me lembrei do dom dele, de ver os vínculos entre as pessoas. — Apesar de Isabella e Edward serem seus pais biológicos, não vejo afeto real ali. Já com Rosalie e Emmett... o amor é puro, profundo. Eles são seus pais de verdade.
Sorri com emoção.
— Mas... não vim falar só disso. Durante a batalha e agora, percebi como você e Caius se olham. — Corei. — Amber, mesmo sendo tão nova, seu futuro é extraordinário. Você é a companheira de alma de Caius... e a La Cantante dele. Seu sangue canta para ele. Mas ele se controla. Ele a vê como alguém a proteger — por enquanto. No futuro... podem se tornar algo mais. Uma rainha Volturi.
— O QUÊ?!
A voz de Bella explodiu pela casa.
Ou ela não gostou do que ouviu...
Ou está ouvindo demais.Minhas suspeitas se confirmaram quando a vi invadir o escritório em velocidade vampira:
— EU VOU TE MATAR, SUA DESGRAÇADA!

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Amberly Cullen
FanfictionDesde o momento do nascimento, a vida de Amberly foi marcada pela ausência. Enquanto sua irmã gêmea, Renesmee, se tornava o centro das atenções, Amara sempre se viu à margem da afeição de seus pais biológicos. Ela se questiona o tempo todo: O que fi...