Capitulo XXXII - Medo e Paixão

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Ele mal precisou se levantar. Viu ao longe, Europa caminhando ao seu encontro. Ao menos era o que imaginava, já que a dama rumava na mesma direção que ele se encontrava.

E desejou do fundo de sua alma que não estivesse errado. Precisava falar com ela. E não tinha a intenção de interromper qualquer que fosse a situação que a esposa estivesse pensando em fazer. Para a sorte de Philipy, a dama de fato estava atrás do marido.

- Preciso falar com você. – Disse ele, suavizando o tom de sua voz. Não desejava parecer ordená-la aquilo. Ironicamente, Europa disseram exatamente a mesma coisa segundos depois. E acabou por rir.

- Sinto muito. – Começou Europa e então respirou fundo. – É sobre... Aquilo que estávamos conversando hoje mais cedo. – Explicou a Lady, mesmo sabendo que não havia necessidade. Certamente não iria até os jardins para falar com seu marido minutos após uma discussão na intenção de discutir cores de fitas.

- Foi o que presumi.

- Phil... Eu sei que... Não tenho sido uma esposa fácil. – Começou Europa. As palavras de Tesh de fato eram poderosas, mas como expelir tudo o que sentia? Parecia que seu peito se comprimia, e seu medo crescia a cada segundo que se aproximava de, enfim, falar com Philipy.

Medo.

Era isso, ela tinha medo. Medo.

Temia a reação dele, o que viria a seguir, qual seriam as conseqüências. E, ao olhar nos olhos do cavalheiro e ver algo parecido, escondido entre as nuances de cinza e preto, como um pedido de ajuda, uma mão estendida de dentro de um penhasco implorando para ser agarrada.

Europa tinha duas opções. Poderia puxá-lo consigo. Ou poderia deixá-lo cair.

E cair junto com ele.

Rumo ao desconhecido. Ao perigo. Onde ela não fazia idéia do que poderia vir.

Ao respirar fundo, fez sua escolha.

- Me desculpe. – Começou a dama, surpreendendo-o. De todas as coisas, aquela era a ultima que Philipy esperava ouvir. Assim como as palavras que se seguiram: – Eu o perdôo. Não pela carta, eu... Precipitei-me e não terminei de ler. Sinto muito pela minha explosão.

- Não há problemas Europa. – Respondeu Philipy num tom amável, mas na verdade havia problemas sim. – Na verdade, de fato, existe um problema, pois por mais que eu não me sinta confortável em admitir, sei que há algo de errado. E temo não compreender como resolver.

Europa sorriu. Um sorriso fraco, apenas com os lábios, discreto e delicado. Philipy poderia jurar ter visto algum grão de açúcar perto do cabelo dela. Ou talvez fosse tão somente sua imaginação pregando-lhe uma peça. – É por isso que o perdôo. Por ter medo.

Arqueando a sobrancelha, Philipy demonstrou simplesmente o quanto uma declaração como aquela era incomum. Mas céus, eles dois eram insólitos. E se as forças da natureza queriam lhe mandar algum sinal, a carta de Tesh não poderia ter sido menos obvia. Nem mesmo um exército de carruagens teria feito reação mais efetiva.

- Não é uma questão de denodo, jamais questionaria isso. Mas você tem medo. E eu também. É por isso que te desculpo, e que peço desculpas.

E assim, ela o soltou. Não era um passo que poderia dar pelo marido. Em seguida, saltou. Rumo ao precipício. O olho da tempestade. A fúria do arco-íris.

- Eu sinto que estou caindo. É uma queda livre e não sei o que tem abaixo disso. Não sei qual é o conteúdo daquilo que me aguarda no fundo desse precipício, mas eu me sinto assim. Você quebrou minhas barreiras e... Aquelas mentiras eram o que as sustentavam. – Disse a dama por fim, deixando os ombros caírem. Fechando os olhos com força, precisava ter coragem para continuar. – Não estou acostumada a isso.

Minha Amada Lady - Amores Entrelaçados 03Onde histórias criam vida. Descubra agora