Quem grávida, eu?

X - some exciting(ish) news

As semanas passaram tão rápido quanto despejar vinho em uma taça, e, em meio a vários exercícios e sessões de estudos, a única coisa que me fazia ter uma mínima noção do quanto já tinha passado era a minha barriga, que já estava bem visível, no pico dos cinco meses de gestação. E também o fato que já faziam exatamente 13 dias desde que eu tinha dito para James Potter que eu o amava. 

Lembrava com exatidão o olhar de surpresa, os olhos castanhos, com ligeiras marcas esverdeadas. E o sorriso doce, quando ele disse "eu também", sussurrado, como se fosse um segredo. Algo que ele estava contando só pra mim. 

O sol estava decididamente brilhante hoje, entrando sorrateiro por entre as cortinas. Era quase março, os últimos dias de fevereiro marcando o adeus ao inverno e trazendo os primeiros indícios de a primavera estava chegando. Quer dizer, ainda chovia muito, nós estávamos na Escócia afinal de contas, e na maior parte do tempo, dias como hoje eram raros. De qualquer modo, estava obstinada a aproveitá-lo. 

Era domingo. Um pouco depois das oito horas da manhã. Surpreendi-me por já ter sol nesse horário, mas deixei o pensamento de lado enquanto tirava o pijama cinza de unicórnio que Leth me dera de Natal, supostamente era uma piada. Não liguei muito, era a roupa mais confortável que eu já tinha vestido.  

Já com vestes lilás no corpo e botas negras nos pés, saí de fininho do dormitório. Iria talvez dar uma volta pelos jardins, sentir o cheiro do orvalho na grama, que, não importava a época do ano, sempre estava verde e bem cuidada. Coloquei um livro de histórias curtas debaixo do braço e estava pronta para sair. 

Quando cheguei no salão comunal, vi uma forma dormindo, numa posição que eu só podia supor que era extremamente desconfortável, num dos sofás. Demorou alguns segundos até que eu percebesse que a tal forma era o meu noivo. Ainda estava me acostumando em usar aquela palavra. Brincando com ela nos meus pensamentos, na ponta da minha língua, quando achava que ninguém ia me ouvir falando. 

"Jim?" 

Pousei o livro em uma mesinha, observando silenciosamente enquanto ele dormia, sem um grão de preocupação no rosto. Um suave ressonar vinha da direção dele, como uma criança indefesa. Sem que eu tivesse muito tempo de pensar em outra coisa, me aproximei, tocando o rosto dele com as pontas do dedo, tentando não o acordar. 

Foi inútil, porém, porque ele abriu os olhos em um sobressalto, piscando várias vezes até se acostumar com a claridade. 

"Lily?" A voz dele estava rouca. "Que horas são? Estou atrasado para alguma coisa?"

Sorri. 

"Não, é cedo. Só queria andar um pouco, ler um livro. Sabe, descansar."

Ele assentiu, se sentando e tomando um tempo para se espreguiçar, bocejando sonolento. Continuei encarando, como se quisesse decorar como ele parecia quando acordava. Os cabelos negros arrepiadas, os óculos ligeiramente tortos por ter dormido com eles na cara, uma barba despontando... Era tão doméstico. 

Uma mão tocou minha bochecha e eu me inclinei contra ela, fechando os olhos. O dedão dele acariciou a minha pele com afeto. 

"Aw." A voz da minha melhor amiga quebrou o momento e eu grunhi, rolando os olhos. "O meu casal preferido!"

"Por que diabo você não tá dormindo, tampinha?" James questionou, uma careta no rosto. 

Nós ficamos de pé, ele segurando o meu ombro, sem nenhuma razão aparente, como se só quisesse manter o contato físico. Involuntariamente gravitei em sua direção.

"Sabe, eu nunca atrapalho os teus rolos, e você sempre parece estar atrapalhando os meus." Reclamei. "Da próxima vez que eu te encontrar com o Sirius, vou fazer questão de quebrar total o clima."