V - lil' bit of romance

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James e eu permanecemos abraçados por mais alguns minutos, a cabeça dele encostada no meu peito enquanto eu, delicadamente, corria meus dedos por entre aquelas rebeldes madeixas negras. Confesso que poderia me acostumar àquilo. Era gostoso e, bem, me parecia extremamente natural. Como se eu tivesse passado a minha vida toda ali, naquele embalo quente. 

Meu cérebro continuava trabalhando, mil pensamentos passando por ele a cada segundo. Parecia tudo tão bom que simplesmente não podia ser real. Era como se eu continuasse esperando que a qualquer momento saíssem e me dissessem que tudo aquilo era um experimento de como é fácil enganar alguém usando as palavras certas. Não que eu achasse que James fosse um mentiroso, longe disso! É que... Bem. Coisas assim não aconteciam muito para mim. 

Ou talvez minha insegurança de me relacionar com outras pessoas tenha me cegado quanto a isso. Não saberia dizer. Já fazia tanto tempo que lidava com ela que não conseguia mais distinguir quem era a Lily ansiosa e a Lily "normal".

"Sabe, minha flor, você não tem ideia de como eu estou me sentido inteiro assim. É estranho. Quer dizer, eu gosto de você, claro, mas parece tudo tão intenso." Suspirei, beijando o topo de sua cabeça, sentindo um leve cheiro de coco do shampoo que ele deveria usar. "Fico feliz que você deixou pra lá essa cisma comigo."

"Eu, hum, tive medo, James." Murmurei baixinho, minha respiração subitamente se tornando pesada. "Sempre tive tanto medo! De me entregar de novo e... Droga. Deixa pra lá."

Ele ergueu a cabeça, me encarando confuso. 

"Medo de quê, ginger?" As orbes castanhas brilhavam de preocupação. "Esse seu silêncio está me assustando."

"Ah James." Dei de ombros, contraindo meus lábios em uma feição triste. "Eu... Essas coisas não acontecem comigo, ok? Eu sou sempre um passatempo, um brinquedo."

"Deixe de bobagens, Lily!" Ele agora estava sério, sua postura ereta enquanto me fitava. "Me magoa que você pense tão baixo de mim, como se todas as minhas confissões não fossem cem por cento verdade."

"Só não quero me machucar de novo, James." Uma lágrima malcriada caiu. "É que meu outro relacionamento não foi muito agradável. Teve seus momentos bons, mas o jeito que acabou, foi horrível. Não quero repetir o erro."

Levantei do sofá, alisando as vestes que haviam ficado enrugadas pelo tempo que passei sentada. Pensar naquela noite me trazia uma dor que eu tinha feito questão de fechar dentro de um cofre e nunca mais abrir. Porém, se eu queria fazer aquilo funcionar, eu tinha que ser honesta. Eu tinha que abrir as minhas fechaduras. 

Um par de mãos afagaram meus ombros, como se James estivesse tentando me consolar. Ele, com toda a certeza do mundo, não tinha uma fibra de semelhança com aquele... Homem. Se é que eu posso me referir a ele assim. Não gostava nem de pensar no seu nome e, apesar de que já faz anos desde que ele sequer olhou na mesma direção que a minha e ele nem mesmo estudava mais em Hogwarts, ainda guardava um resquício de medo.

Ainda que eu estivesse completamente aterrorizada na noite em que tudo ocorreu, conseguia me lembrar de cada detalhe com perfeição. Sim. Me sentia preparada para falar sobre aquele assunto mais uma vez. Somente três pessoas sabiam, Remus, Leth e Dumbledore. E duas delas só sabiam porque ambos me defenderam e me ajudaram a escapar de toda a situação, do contrário, ninguém além dos envolvidos teria qualquer ideia de que aquilo acontecera. 

"Não posso negar que estou curioso." Ele disse por fim, sua voz rouca. "Só que você só precisa falar se achar que se sente confortável."

"Tudo bem. Eu quero contar isso pra você." 

Quem grávida, eu?Onde histórias criam vida. Descubra agora