Quem grávida, eu?

VIII - are you for real?

Após passar por um exame rápido com um dos medibruxos disponíveis, eu estava muito mais calma. Tinha passado por um susto tremendo, deixando a mansão dos Potter e aparatando o mais próximo possível do St. Mungus numa pressa, não sabia exatamente como eu havia conseguido reunir tanta força para executar um feitiço tão complexo. Mas ainda bem que conseguira, porque agora eu sabia que o meu bebê estava bem. 

Sirius, por mais que tenha insistido, não nos acompanhou, a Leth o pedira para ficar e contar tudo o que tinha acontecido para o James. Se eu o conhecia bem, como achava que conhecia, depois de quase quatro meses juntos, ou pelo menos na fase de aceitação de tudo que nos acontecera, ele iria ficar maluco. 

"Srta. Evans?" Uma bruxa baixinha, com olhos verdes brilhantes e um semblante acolhedor, me chamou, sorrindo. Depois que eu assenti, ela continuou. "O Bill vai te atender em alguns minutos, ok? Ele ainda está fazendo algumas análises." 

"Tudo bem..."

"Holly."

"Tudo bem, Holly. Só de saber que o meu bebê não corre nenhum risco, já é bom o suficiente para mim."

Assim que eu chegara, ainda com algumas cólicas, fui diretamente encaminhada para uma sala de emergência, um bruxo já de idade, com os cabelos grisalhos, alto e bem magro, vindo direto ao meu socorro. Ele prestou-me toda a assistência, examinando e procurando por qualquer evidência que eu estava passando por um aborto. Afinal, o choque me deixara tão assustada que o meu corpo começou a reagir. Bill, que descobri ser o nome do homem, me disse que estava tudo bem, que eu só estava em situação de estresse e que esse tipo de disconforto era normal. 

E como eu não tive nenhum sangramento ou algo do tipo, ele só iria coletar o meu sangue e fazer algumas análises, mas que eu poderia ficar tranquilo, que, na minha idade, era raro que bebês desenvolvessem algum tipo de problema. 

Leth estava sentada ao meu lado, a mão gordinha segurando a minha, os olhos marejados. Eu sabia que ela tinha ficado bastante preocupada, quase tanto quanto eu. Nós duas, desde o princípio, tínhamos uma amizade muito forte - ela era como a irmã que eu gostava que a Tuney fosse novamente. Antes de eu descobrir que era bruxa e ela começar a me odiar por causa disso. 

A calmaria da sala de espera foi abruptamente quebrada quando um rapaz entrou correndo, os cabelos negros espetados para cima ainda mais rebelde que de costume. Os óculos estavam tortos na cara e as vestes, bem, eu tinha quase certeza que estavam pelo avesso. Não consegui evitar a risadinha que se seguiu, a irmã dele cutucando-me com o ombro, um sorriso aberto no rosto. 

Como eu havia previsto, ele parecia a beira de uma síncope. 

"Onde é que ela está?"

A pobre da atendente tinha sido pega de surpresa, os olhos castanhos se arregalando pela voz alta e grossa. James poderia soar um pouco ameaçador quando ele estava nervoso. Nós duas, porém, decidimos esperar e ver no que aquilo iria dar. Ele estava tão transtornado que nem sequer nos vira. 

"Hm... Peço desculpas, senhor, mas é que eu preciso que me diga pelo menos o nome da paciente."

"Evans, Lily Evans. Mais ou menos dessa altura-" Ele gesticulou com as mãos. "Tem cabelos ruivos, olhos verdes. A mulher mais bonita que eu já vi na minha vida."

Mordi o lábio, um suave rubor pintando minhas bochechas. Eu acho que não iria me acostumar nunca com a forma que ele me tratava, o respeito e o carinho que cultivara em relação a mim. Leth apenas rolou os olhos. Era nítido que ela achava que ele estava sendo muito mais mushy do que deveria ser. 

A mulher, então, apontou em nossa direção, os olhos castanhos achando os meus e a veia de preocupação se desvaindo ao ver que eu estava sorrindo. Ele veio em minha direção em passos largos, se ajoelhando na minha frente, entre as minhas pernas, que abri de bom grado para acomoda-lo.