Quem grávida, eu?

XI - i blew things out of proportion, now you're blue

A manhã não tinha sol. Ou talvez fosse cedo demais para dizer isso. Não sabia ao certo que horas eram quando acordei. Ainda estava um pouco anestesiada com tudo que tinha acontecido nas últimas 24 horas. Olhei para o lado, procurando por Leth, mas ela não estava na cama. Era provável que perdera as horas com Sirius e acabou adormecendo no dormitório masculino. Não era a primeira vez que ela fazia isso.

Decidi ficar enrolada nos meus lençóis por mais alguns minutos. As aulas não começariam antes das nove, então eu tinha tempo até ser obrigada a deixar o conforto e a privacidade do meu quarto.

Talvez eu estivesse exagerando. Não existiam motivos para ficar tão transtornada por causa dos gêmeos. Encolhi-me sob as cobertas, sentindo a protuberância da minha barriga, que parecia crescer a cada noite, como se alguém injetasse fermento. Escorreguei uma mão sobre a pele a mostra, sentindo o habitual chutinho de um deles.

Não consegui suprimir o sorriso. É, eu estava me preocupando à toa, isso seria bom.

Finalmente reuni coragem suficiente para me levantar, dando um longo bocejo enquanto me espreguiçava. Tomei cuidado para não fazer muito barulho, catando as vestes pretas em cima do meu malão, um par de meias limpas e as minhas botas usuais, indo para o banheiro.

No espelho, avistei os cabelos ruivos arrepiados e os meus olhos inchados. É intervalo muito curto de tempo, eu tinha noção de que é pouco tempo, mas parecia muito mais. Todas as vezes que eu olhava para mim, era como se eu estivesse vendo uma outra pessoa, uma versão completamente nova de mim. 

Joguei água no rosto, tentando tirar o ar de sono que ainda ali residia. Então me despi, dobrando com cuidado as minhas roupas, e tomei um tempo para olhar a minha barriga, distendida para abrigar duas novas vidinhas. Dois meninos. Pelas barbas de Merlin, eu iria ter cabelos brancos antes dos trinta com dois Potter para cuidar.

Pela primeira vez desde que recebi a noticia, eu ri. Inclinei para pegar o frasco de óleo que eu tinha guardado num dos compartimentos do banheiro, e comecei a passar pelo meu ventre, cuidado da pele, cuidando de mim. Não tinha pressa para ficar pronta. Eu me vesti, sentindo o macio da veste arrepiar onde tocou no meu corpo, e só então desci. Antes de chegar no salão comunal, entretanto, ouvi sussurros aflitos, um conjunto de vozes que me fizeram parar. O que eles estavam fazendo ali? Era cedo demais para que houvesse tanta comoção.

"Sirius, você é idiota?" A única voz feminina pertencia à minha melhor amiga. "O que você achava que ia acontecer?"

Andei um pouco para frente, observando-os de um canto das escadas que, mesmo se eles não estivessem absortos na discussão, não conseguiriam me ver. Todos estavam com as vestes esfarrapadas, sujas de grama e lama. Os cinco cobertos por machucados, finas linhas de sangue nas sobrancelhas, lábios e bochechas. As escoriações se estendiam para os braços, pelo menos era o que eu conseguia ver.

Um calafrio me percorreu.

"Leth, calma." James interviu, colocando uma mão no braço dela. "Pads, por que é que você achou que isso seria uma boa ideia?"

"Porque ele é um idiota." Sirius tinha um tom de desdém. "E mereceu, se metendo nas nossas vidas assim."

"Você é um filho da puta prepotente, arrogante e idiota." Ela retrucou, ainda sendo gentilmente segurada pelo irmão. "Aposto que nem pensou nas proporções dos problemas que iam surgir pro Remus se ele atacasse o Snape."

Franzi as sobrancelhas. Do que diabo eles estavam falando? Como assim atacar o Snape? Senti borboletas no estômago, como se os bebês estivessem chutando, ansiosos com a miscelânea de emoções que eu estava sentindo num curto espaço de tempo.