Uma rosa para o meu amor- (Camila/you)

Capítulo 40: 2 temporada - O amor pode machucar as vezes

"Já faz 84 anos..." rs


"De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."

Vinícius de Moraes

P

ov S/n

A cada passo que Kira dava pelo corredor que separava a sala em que estávamos, eu sentia meu coração errar as batidas. Eu de fato não sabia o que fazer. Deveria dizer o que realmente aconteceu ou ignorar e agir como se nada tivesse acontecido.
Mas eu sabia que se ignorasse e inventasse uma desculpa qualquer, eu não conseguiria viver pelos próximos dias. Assim como eu também sabia que se eu contasse pra Kira o que aconteceu nessa sala, eu perderia a minha amiga. Provavelmente levaria um tapa e seria ignorada pelos meus próximos anos de vida. E eu não à culparia.

Kira adentrou a sala com um sorriso no rosto que logo foi substituído por uma expressão de confusão. Ela analisou Lauren e depois eu.

-S/n...o que tá fazendo aqui? -perguntou com o cenho franzido. Fiquei calada por um tempo, tentando pensar no que falaria. Decidi que deveria fazer o certo. Respirei fundo antes de começar a falar.

-Eu...vim ver a Lauren, estava precisando conversar com alguém. -falei baixo. Olhei Kira e ela estava ainda mais confusa. -A gente conversou e então resolvemos assistir um filme...-fiz uma pausa, afim de procurar as palavras certas. - E acabamos fazendo algo que não devíamos. -falei com receio e olhei pra ela. Kira piscou várias vezes tentando processar tudo que eu havia dito.

-Me desculpa....-disse baixinho. Ela me encarou com fúria nos olhos e lágrimas desciam por eles.

-Eu não acredito que você foi capaz de fazer isso comigo...-falou sem acreditar. -Eu fui tudo pra você S/n. Sempre estive ao seu lado, por você...nos seus melhores e piores momentos. -disse já chorando compulsivamente - E...mesmo assim...-soluçou. -Você me traiu? Com a pessoa que eu amava...- Kira transbordava mágoa e levou à mão ao peito, chorando cada vez mais. - Por que? -perguntou atordoada.

-Kira...eu...me des-. -ela me interrompeu com um grito estridente.

-POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? -levou uma mão ao ar. -POR QUE PORRA? - a veia do pescoço dela saltava.

-Eu não sei...-simplesmente disse deixando algumas lágrimas caírem.

-Eu sei o porquê. -disse de uma jeito transtornado e riu sem humor. -Você precisa se sentir cada vez mais desejada. Não importa que você já tenha a Camila, você quer mais e mais. Você acha que pode ter tudo, porquê infelizmente as pessoas te fizeram acreditar nisso. -fez uma pausa recuperando o fôlego. -Você, S/n, se tornou a pior pessoa que eu poderia conhecer. - Meu Deus! Ouvir aquilo foi como um soco no estômago. Doía ouvir aquilo da minha melhor amiga, agora ex. -Se tornou uma pessoa mesquinha, egocêntrica, esnobe. O poder te fez ficar assim. Achar que pode ter posse de tudo, a hora que quiser e quando quiser. Essa não a menina que conheci há anos atrás e me tornei amiga. Não é a menina que eu amava ter por perto. -me olhou com desdém. -Sabe, eu não ligo que a Lauren tenha me traído. O que me dói é saber que foi com a minha melhor amiga e o pior...ela teve a coragem de fazer isso. -ela chorava cada vez mais. -Se um dia eu te amei e tive carinho por você, agora o único sentimento que eu sinto por você é indiferença. -ela me olhou oela última vez e se afastou. Se aproximando e acertando um tapa em seu rosto. -Vocês se merecem.

Dito isso, ela saiu a passos apressados pra fora da sala e ouvimos barulhos no andar de cima. Alguns minutos depois, a porta da frente se abriu e Kira saiu, carregando algumas malas.

Suspirei e olhei pra Lauren, pra logo depois sair dali. Entrei no meu carro e fui direto pra casa. Eu teria que encarar Camila e contar toda a verdade pra ela. Tinha medo do que ela poderia fazer e enquanto pensava, deixava mais lágrimas caírem. Assim que cheguei, estacionei o carro e desci do veículo, entrando em casa em seguida. Ouvi ruídos e resmungos, logo depois gemidos um tanto quanto altos.

Senti meu coração doer porque parte já sabia o que estaria por vir. Subi as escadas e segui para o nosso quarto, assim que abri a porta meu estômago revirou com a cena. Camila deitada por cima de loira qualquer, essa que gemia loucamente. Sem conseguir pronunciar uma única palavra, me debrucei e vomitei tudo o que tinha comido. Elas se levantaram rapidamente e Camila se aproximou de mim.

-S/n...eu posso explicar. -tentou me levantar.

-NÃO CHEGA PERTO DE MIM. NÃO ME TOCA! -falei com raiva. -VOCÊ É A PORRA DE UMA FILHA DA PUTA. EU NÃO QUERO OUVIR EXPLICAÇÃO NENHUMA SUA. FODA-SE VOCÊ E ESSA PUTA! -me levantei e andei até a loira, pegando no seu cabelo com força e arrastando ela para fora do quarto. A garota gritava pedindo pra eu parar, mas eu não dava a mínima. Arrastei ela pelo cabelo escada a baixo. -SOME DAQUI! -joguei ela no chão da enorme casa e a garota saiu correndo com dificuldade. Bati a porta e voltei pro quarto, com Camila no meu encalço.

-S/n...o que você tá fazendo? -tentou tirar a mala que eu havia pegado da minha mão e puxei de volta.

-SOLTA! -peguei algumas roupas e coloquei dentro da mala.

-Não, não....NÃO! -bateu a mão no guarda-roupa. -Não faz isso, por favor... Eu te amo! -falou exasperada.

-NÃO! Você não ama. -ri sem humor. -A quem queremos enganar? O nosso casamento acabou. E agora ainda mais e sinceramente eu não tenho paciência pra isso. -coloquei tudo dentro.

-Eu não queria ter feito isso, foi no calor do momento. -se enrolou nas palavras e eu encarei ela.

-Camila, hoje eu perdi a minha melhor amiga, ela simplesmente me odeia. E eu duvido que um dia ela vá me perdoar. Hoje, você me traiu...eu te traí. -ao dizer isso ela franziu o cenho.

-Como...? -perguntou baixo.

-Eu te traí. -de repente eu senti um tapa no meu rosto. -Ninguém bate na minha cara. -devolvi o tapa nela com ainda mais força. -Você não tem moral nenhuma pra me cobrar alguma coisa. E agora eu vou embora. -pego as malas. - Meus advogados vão entrar em contato com você sobre os papéis do divórcio. -peguei tudo que era meu e desci as escadas, saindo daquela casa que um dia foi minha e entrei no meu carro, arrando de lá em seguida.
Assim permiti que as lágrimas caíssem. Tudo havia desmoronado. Tudo estava acabado e eu simplesmente não sabia por onde começar.
As vezes o amor pode machucar. As vezes ele pode ser complicado o suficiente pra perdermos a sanidade.

Até a próxima!