Capítulo 4: Furto

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Sua viagem pelo duto foi curta em tempo real, mas para ele durou mais do que uma eternidade, foi como estar preso em uma caixa de metal que não tem fim, suas mãos tremem e formigam de modo que ainda não sabe como não ouviram seus sons anormais no metal. Entretanto, consegue chegar ao duto apesar da velocidade com que suas mãos se movem. Ao colocar a chave nos parafusos, o som de metal tremendo diante suas mãos se torna ainda mais aparente aos. Ele gira de forma vagarosa os quatro parafusos, mas é obrigado a parar quando ouve uma conversa logo abaixo.

- Está quase pronto - Diz o homem abaixo - Está chegando a hora finalmente irmã.

- Sim Trent, o fim está próximo - A voz da Sra McGrant ressona na sala - Vamos poder aproveitar o fim em posições privilegiadas.

"O fim? O que eles querem dizer com isso?" James ouve as duas pessoas rindo e fechando a porta. "Preciso sair de dentro dessa merda logo" James gira os parafusos com mãos trêmulas.

A chave de fenda já está ensopada com seu suor e começa a dispersar o cheiro metálico no ar, além do vento gelado do duto fazer seus cabelos subirem, suas lembranças inundam sua cabeça com um show de imagens de seu tempo no exército, tocando a lama grossa e molhada, o cheiro de barro tomando conta de suas narinas, o ocasional gosto e textura da lama, são experiências que ele definitivamente nunca mais quer ter depois dessa.

Após o duto ser aberto, James salta para a sala caindo silencioso como um gato, seus olhos reviram pela sala e ele encontra diversos desenhos de símbolos estranhos, o cheiro de cera queimada consome o ar da sala. No meio da sala há um altar com uma estátua brilhante e reluzente como a luz do sol de um homem gigante com uma serpente enrolada em seus pés até metade de seu torso e uma cabeça de leão, há vela negras acessas em sua volta e diversos livros espalhados pela sala, todos em prateleiras de madeira que transmitem firmeza aos olhos numeradas de A-Z.

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Em cima do altar, há um quadro similar ao quadro que se encontra na casa de Clarice, entretanto, dessa vez, a silhueta sombreada está envolta por um enorme tornado que come completamente o espaço do quadro. Também há um livro preto grosso com incontáveis páginas, James passa sua mão na capa e arregala seus olhos ao perceber que a textura é semelhante à sua própria pele, há alguns remendos e costuras no livro. Ele agarra o livro e vira-o para observar o que se encontra na capa frontal, seus dedos percebem uma forma estranha e quando seus olhos analisaram o que tem em frente, seu estômago quase se descuida por um instante.

- Merda - James sussurra e sente o livro escorregar de suas mãos - Ele tem um rosto.

O livro produz um barulho fenomenalmente alto que faz a madeira clamam por misericórdia, James coloca suas mãos em seus ouvidos devido a produção sonora criada pelo objeto. James ouve o barulho metálico da maçaneta na porta. Seus olhos se abrem como uma criança com medo do bicho papão, ele escaneia algum lugar para se esconder, algum lugar que amenize a pressão proporcionada em seu peito, sua cabeça faz de tudo para mantê-lo presente, mas a enxaqueca começa a devastar e enevoar suas ideias. "Merda, merda. Onde?" James gira em trezentos e sessenta graus a procura de algum lugar e finalmente o encontra, somente um pequeno armário a sua direita, mas ele tem que ser rápido ou não vai dar tempo.

Sem pensar duas vezes, James esquece o silêncio do gato e usa a velocidade de um guepardo para correr até o armário, aproveitando o som que o livro causou, isso pode ser a distração de que ele precisa. Suas pernas explodem com adrenalina e sua respiração se torna tão instável que ele ainda está surpreso de não ter desmaiado, ainda mais quando viu o tamanho do armário, era fino e grande o suficiente para hospedá-lo, mas não é o lugar para alguém como James ficar por mais de três minutos.

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