Capítulo 6: O vizinho

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Clarice se levanta de sua cama com seu corpo repousando em seu próprio suor frio, ainda não ouviu notícias sobre James e tentou procurar por ele por todo lugar que não levante suspeitas. A televisão produz um brilho espectral diante sua cama, o aroma de lavanda preenche seu quarto e sua saliva toma conta de sua boca. Ela limpa sua boca e tenta não se perder olhando para o teto azul como o céu limpo da primavera, completamente despida de roupas, ela sente o vento tentar reduzir sua temperatura de forma impetuosa.

O som da televisão está moderadamente alto, ela está a menos de três metros de distância ao lado de um computador, mas algo na televisão chama sua atenção.

- Ontem pela manhã foi detido pela polícia um criminoso que tentou roubar a casa de Minerva McGrant - A voz de um homem sai da televisão - O sujeito se chama James Walker de 32 anos. Pelos testemunhos, ele é novo na cidade e não é conhecido por ninguém. Foi preciso a realização de disparos não letais para parar o perpetrador.

Clarice arregala seus olhos e levanta seu torso da cama, limpa seus olhos com suas mãos e aumenta o volume da televisão com o controle ao seu lado.

- Puta merda - Clarice olha para a televisão.

- Então Sra McGrant, o que pode nos dizer sobre o ocorrido? - O repórter segura um microfone e o coloca perto da boca de Minerva.

- Meus seguranças que cuidaram do assunto, eu não vi quem é o sujeito, mas sei que ele foi preso pela polícia - Minerva sorri e mostra seus dentes amarronzados.

- E o que ele tentou roubar da sua casa Sra McGrant?

- Provavelmente dinheiro, não percebi que nada sumiu em minha casa.

- Que monte de baboseira - Clarice sorri e olha para o livro e chave em cima de seu bidê - Eu não sei para que esses objetos servem, mas você deve estar morrendo para tê-los de volta. Não se preocupa James, eu vou pensar em algo.

Clarice se levanta da cama, seus pés absorvem a temperatura baixa do piso que a faz ter um pequeno choque térmico, mas não foi suficiente para impedi-la de pegar os dois objetos e voltar para sua cama.

- Então vamos ver seus segredos? - Clarice tenta abrir o livro, mas ele está emperrado.

Clarice usa de todos os seus músculos de seu braço para tentar abrir o livro, mas falha miseravelmente, é como se ele precisasse de uma chave.

- Como eu não pensei nisso antes? - Clarice procura uma fechadura no livro.

Seus pensamentos estão encarrilhados no caminho certo, entre as páginas do livro ela encontra uma fechadura sinistra, ao invés do recipiente da chave ser padronizado, é uma cabeça de leão com gemas vermelhas e escuras similar a dois rubis sombrios.

A chave se encaixa na boca do leão e a fechadura se abre para fora, Clarice passa a mão na capa, seus dedos acompanham os remendos enquanto ela sente sua textura macia e suave como couro ou pele. Na primeira página há somente uma página clara e amarronzada com textura similar a capa, na segunda página e assim por diante há diversos símbolos que nunca viu antes. Para ser franca com ela mesma, história nunca foi sua matéria de interesse na escola, mas de todos os impérios e civilizações que já estudou, nunca viu esse tipo de escritura.

Clarice passa suas mãos nas páginas do livro, dessa vez a textura é ainda mais macia, uma coceira indesejada preenche sua mão de incomodo e ela é obrigada a sanar esse desejo. Mas ao fazer isso, chega a uma conclusão inesperada e ao analisá-la mais a fundo, imediatamente sente seu diafragma se descontrolar e seu tórax se comprimir fortemente por alguns segundos. Clarice coça sua cabeça e sentindo a textura do livro em sua mão novamente, percebe que não há distinção entre a maciez das páginas do livro e sua própria pele. "É como se isso fosse pele humana ou algo muito parecido" Clarice abre seus olhos e toca nas páginas novamente.

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