Capítulo 3: O Pesadelo

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— Não sei se percebeu, mas essa cidade possui uma estranha aversão a espelhos — Clarice aponta para seu banheiro.

James arqueia sua sobrancelha e move-se até o banheiro, a profecia se concretiza afinal, não há espelho no banheiro, somente encaixes para colocá-lo, provavelmente foi retirado a muito tempo atrás.

— Por que você não tem espelho? — James se vira para Clarice.

— Não sei dizer, quando aluguei o apartamento já estava assim.

— E o que isso tem a ver com nossa situação? — Diz James.

— Mcgrant convenceu todos a destruírem seus espelhos e os enterrassem, não acha isso estranho?

— Talvez ela seja supersticiosa — James solta uma pequena risada.

— Ou talvez, ela esteja escondendo alguma coisa James — Clarice cruza seus braços.

— Talvez, mas como vamos saber? Ela não parece ser o tipo de pessoa que vai simplesmente nos falar.

— Eu tenho um plano — Clarice vai até um quarto — Usaremos isso para invadir a casa dela.

James vê Clarice trazer uma caixa cheia de equipamentos metálicos, chaves de fenda, alicates e algumas gazuas improvisadas.

— Você quer roubar a casa dela? — A boca de James explode por alguns segundos.

— É isso ou pedir gentilmente para ela. Qual você prefere? — O rosto de Clarice se fecha.

A risada acumulada na boca de James perde força como brasas pós-morte, ele suga o oxigênio com a boca e expira de forma sutil, aproximando-se do sofá, permite que a maciez e profundidade do tecido o agracie e o engula de vez.

— Certo, como vamos fazer isso?

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James e Clarice passam algumas horas tentando formular um plano para invadir a casa de McGrant, alguns deles foram tão fracassados quanto se atirar propositalmente em frente a uma bala, mas depois de horas, uma luz brilhou em suas cabeças.

— Olha só, ela fica fora de casa durante o dia — Gesticula Clarice enquanto segura chaves de fenda — Durante a noite, a casa é mais vigiada, há seguranças. Se formos por trás, podemos entrar pelos dutos de ar e ir diretamente ao quarto dela, usaremos essas chaves para abri-los.

— Você sabe usar essas gazuas? — James aponta para elas.

— Um pouco, meu avô me ensinou quando era mais nova.

— Seu avô? Perfeito — James coloca uma de suas mãos no rosto e suspira — É melhor que isso dê certo Clarice, podemos ser presos ou pior.

— Eu sei, mas é a única chance que temos no momento — Clarice guarda as ferramentas — Eu sei onde a casa fica, mas precisamos descansar antes. Você pode dormir no sofá.

³

James demora muito tempo para dormir, conforme os minutos passam a fúria de Morfeu se aproxima inevitavelmente para levá-lo a terra dos sonhos, quando isso aconteceu, sentiu seus olhos se tornarem pesados como chumbo. Ainda há algumas horas até o amanhecer, aos poucos, a escuridão devoradora toma conta de sua visão e seu cérebro começa a trabalhar para se recuperar do primeiro dia na cidade. 

Seus pensamentos voam pelo vazio de sua mente que são preenchidos pelas visões de seu irmão, depois de cinco anos de procura, cinco anos de desesperança, James teve sua chama reacendida novamente, mas os verdadeiros motivos ainda são desconhecidos, quando tenta pensar sobre, sente sua sente sua cabeça girar como se estivesse em uma roda gigante.

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