Voltando para o lar

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 Yixing chegou exausto pelo dia puxado e a viagem cansativa, mas queria ver Jongin antes de dormir.

Passou pelo quarto das meninas e sorriu ao ver Safira enrolada nos edredons como uma lagarta. Foi até ela e puxou um pouco o tecido para sua filha mais nova respirar melhor e daí se curvou para beijar a testa delicada e dizer boa noite em um sussurro.

Até nas pequenas coisas ela lembrava a Zhēnguì. Suspirou e foi beijar a testa da mais velha, Pérola, a criança que era escrita o Jongin. Ambas dormiam no mesmo quarto, um hábito que todos os primos delas tinham e que ele achava carinhoso. Irmãos bruxos eram tão unidos... Saiu do quarto conferindo se o abajur estava okie e foi procurar o marido. Estavam na casa da Coreia naquela semana. Yixing achou melhor assim, se dividirem entre Coreia, China e Templo de modo que todos eles conseguissem fazer o que tinham de fazer com a maior discrição possível. A vida continuava e sua esposa gostaria que seguissem em frente como estavam fazendo. Tinham duas filhas para criar, tinham uma vida ainda para viver e embora houvesse dias mais duros e difíceis, eles ainda tinham que ir adiante, mas aquela data em especial era mais difícil porque não havia túmulo para ao menos visitar. Sua Zhēnguì se foi sem deixar uma gotícula como lembrança. Apenas vivia em seus corações e em suas memórias. Mia jurava que ela e Aninha voltariam, elas não eram como a Laine que se desfragmentara, mas ainda ele não queria manter aquela linha de raciocínio. Ainda que Zhēnguì reencarnasse, jamais seria sua esposa. Apenas a mesma alma em outro corpo e outra vida. Cernunnos voltaria quando ela voltasse, mas Xing gostaria que ele não tivesse ido. Afinal perdeu dois companheiros ao mesmo tempo, contudo entendia, deuses não tinham o mesmo coração que os humanos. Luhan estaria melhor dormindo.

Encontrou Kai dançando a música que ele e Lulu amavam dançar juntos. Thinking out loud. Suspirou dividido pelas emoções, uma porque adorava o mais novo dançar com tanta paixão, o que ele sempre fazia, porém com aquela música era ainda mais intensa e claro, por tudo o que ela representava.

Eles amaram a Luana de uma forma que não havia nem forma de descrever. E foi tão rápido... Ele queria ter podido dar amor a ela até quando eles estivessem bem velhinhos, um dia aquilo foi tudo o que quis na vida, mas monstros lhe tiraram aquela possibilidade.

Terem matado sua esposa era o mesmo que matar um filhotinho de gatinho ainda na caixa. Um pecado sem perdão. Luana foi talvez, e isso era várias das bruxas falando, a Gaia mais doce de todas as eras. O mundo, a Terra, o Universo tinham perdido alguém insubstituível.

E ele e Jongin a mulher que tanto amavam. A mãe das suas filhas, a pessoa por quem seu coração foi raptado pela eternidade.

Entrou na sala de treino e foi até Jongin todo concentrado na dança e perdido para todo o resto do seu entorno e como sabia bem a coreografia, o pegou na parte do chão em que ele giraria a partiner até um abraço e o segurou no chão ali, naquele segundo de 'coreo' e o olhou nos olhos sem dizer nada. Sabia bem o que ele sentia aquela noite porque era o mesmo que estava em seu coração e deixou que ele voltasse a terra e visse que era Yixing ali e não a mulher deles que já tinha partido há mais de oito anos.

Por fim disse um oi baixo e ele sorriu doce, um sorriso que era sempre reservado para a família nos últimos anos.

— Oi. Como foram as fotos?

— Não vai gostar quando as ver, mas em minha defesa eu só soube exatamente todos os pormenores quando cheguei no estúdio.

Jongin estreitou os olhos e por fim suspirou:

— Eu também fiz um ensaio sexy mês passado. Quem sou eu para julgar. Lulu ia com certeza rir de nós dois com essas reservas todas.

Xing riu baixinho e assentiu porque era mesmo verdade. Ela que era ela, não dava importância para aquilo.

O consorteOnde histórias criam vida. Descubra agora