Capítulo Dois

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 Algum tempo depois da morte trágica de sua irmã, Helena Evans, teve que fazer várias escolhas difíceis em sua vida. A primeira foi adiar sua carreira em cardiologia, logo depois de concluir o internato de medicina em Cambridge. Isso para poder se dedicar mais à sua sobrinha, pois, que não aceitava ficar aos cuidados de nenhuma das babás. 

 Tudo que Emily queria, era a sua mãe de volta. Ver aquele sorriso que só ela tinha, e sentir o calor do seu abraço. Portanto, a pequena criou uma barreira à sua volta, não aceitando outras figuras femininas, a não ser a sua tia Helena. 

 Toda a família Evans era norte-americana, viviam na mesma cidade e a pequena Emily não se sentia incomodada com mudanças, uma vez que, com sua mãe não fora muito diferente. 

 Helena voltou para Nova Jersey e ficou por alguns meses junto com a mãe, Callie, que passava por uma fase difícil, o póstumo luto. Se dopava com remédios para poder dormir à noite, e aos poucos foi adoecendo. Depois deste episódio, as economias de Helena não duraram muito. Aceitou o emprego de plantonista em um hospital de Nova York, e precisou e mudar novamente, deixando sua mãe sozinha outra vez. Esta foi a segunda escolha mais difícil, que poderia ter sido mais fácil se uma senhora de setenta anos não fosse tão ranzinza e apegada com o lugar, que vivera por muito tempo.

 O apartamento onde Helena e a sobrinha viviam se localizava em Brownsville, no 

Brooklyn. Era um bom lugar para as duas e ficava próximo ao hospital em que Helena trabalhava. Demoraram um pouco até se adaptarem. A menina tinha um quarto só para si, a tia decorou como o céu de estrelas, do jeito que Amber outrora fizera. 

 Logo que chegaram ali, procuraram por uma nova psicóloga, aos poucos Emily melhorava. O único problema era a insistência da menina sobre a maneira como sua mãe havia morrido. Tinha pesadelos quase todos os dias. Na escola, não se enturmava com nenhuma criança. Emily passava a maior parte do seu tempo livre na biblioteca. Helena começou a comprar livros, para que ela também pudesse ler em casa, lhe contava histórias antes de dormir, mas não estava sendo fácil para Helena. 

 Quando Helena estava no trabalho, Emily ficava sob os cuidados da Sra. Johnson, que morava no andar de cima. Tinha seus 50 anos e possuía uma excelente condição de saúde. Havia perdido o marido a pouco tempo, então vivia sozinha em seu apartamento. Emily se tornou mais que uma companhia.

 Em uma noite de sábado, Helena saiu para mais um plantão.

 Fazia muito frio, o inverno estava realmente cruel naquele ano. A neve podia cobrir os joelhos de quem caminhava pelas ruas do Brooklyn, havia vapor por todo os lados onde as pessoas passavam, dentro de seus casacos quentes.

 Emily estava na sala vendo seu programa preferido, quando a Sra. Johnson lhe trouxe uma bandeja com biscoitos e chocolate-quente. 

 — Depois de tomar seu chocolate-quente, pode escovar os dentes e ir dormir. — disse a senhora. 

 — Obrigada, Sra. Johnson. Seu chocolate é melhor do que o da Tia Helena. — a menina sorriu. 

 — Não a deixe saber! — riu.

 — Ela já sabe. — disse a menina, depois de beber um pouco do chocolate. 

 — Vai querer que eu leia uma história? — indagou a senhora com um sorriso. 

 — Claro! — respondeu — Tia Helena está na parte em que Peter conseguiu cortar a mão do Capitão, agora ele é o Capitão Gancho — explicou. — Estou curiosa para saber o que acontece com os meninos perdidos. 

 Depois de saborear os biscoitos e a bebida quente, Emily se preparou para ouvir a história.  Escovou os dentes, vestiu seu pijama de ursinhos cor-de-rosa e deitou-se em sua cama, e a senhora Johnson começou a ler de onde Helena parara no dia anterior. 

Assassinato De Uma Mente Extraordinária (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora