Prólogo

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( Capítulo atualizado 29/03/2020)


   O sol surgia lentamente no horizonte como um novo ciclo que se iniciava. Já fazia algum tempo que Emily Evans despertara. 

 Havia passado o final de semana em Newark com sua tia Helena. Voltou para casa apenas no domingo à noite. Precisava esfriar a cabeça um pouco antes de dar continuidade ao seu objetivo. A ironia do destino colocara em suas mãos um caso que a levou para mais perto de seu propósito e, dados os acontecimentos, não podia mais investigar. 

 Como um sopro forte do vento, chegara o momento de se despedir. Negava-se a sair do quarto, mas, em algum momento teria de sair de qualquer forma e sabia que aquele dia chegaria. Sentada em sua cama, olhava para o porta-retratos sobre o a mesa de cabiceira. Era a sua mãe na formatura do curso de medicina, Amber Evans. Fora assassinada brutalmente há dezessete anos. Na época, o crime tivera muita repercussão. Saíra em todos os jornais e programas de televisão e, até o dia presente, nenhum investigador teria conseguido solucionar o crime. 

 Fora encontrada pela camareira do hotel em Londres, que, mesmo apavorada, ajudou a pequena garotinha ruiva, cujo rostinho assustado sentava em um canto próximo olhando para o corpo da mãe. Aquela lembrança ficou marcada nas memórias de Emily. Nunca se esqueceria do momento em que soube que não a veria mais. Segurava o quadro retangular em suas mãos usando seu polegar para acariciar o rosto de Amber. Não foi nada fácil se despedir para sempre. Alguns cortes escondidos em seus pulsos comprovavam o quanto sofrera.

 Muitas pessoas não consideram depressão uma doença — nem Emily considerava — para ela, tratava-se apenas de um inferno pessoal em um túnel profundo que logo passaria. 

 A porta de seu quarto se abriu. Era Helena, sua tia, a mulher que esteve ao seu lado até aquele atual momento. Usava seu longo cabelo loiro, caídos sobre suas costas, um suéter verde e uma calça preta. 

 — Bom dia, minha querida. — sorriu entrando no quarto — Já está na hora, precisamos ir, meu voo sairá daqui uma hora — sentou-se ao lado da sobrinha. 

 — Irá pegar um táxi? — Emily perguntou, devolvendo a moldura de volta ao criado mudo. 

 — Posso desistir agora? — murmurou como resposta, sentindo o coração apertado — Você está envolvida a um caso muito perigoso. E se acontecer alguma coisa?  

 — Tia, não se preocupe comigo, fez um ótimo trabalho até aqui. Vou ficar bem, quando tudo acabar irei te visitar em Seattle — acariciou o ombro de Helena. 

  — Não suportaria se te acontecesse algo ruim, nunca me perdoaria. Prometi para sua mãe que iria tomar conta de você — desabafou em meio às lágrimas. 

  — Aquela garotinha cresceu, tia! — Emily segurou a mão de Helena — Já faz um tempo que sei me cuidar sozinha — sorriu fitando os olhos em tons terrosos da tia.  

 — Acho que sua mãe não pensou nas consequências que te trariam, quando arriscou te envolver nessa conspiração. Não acredito em que ponto chegou! — secou suas lágrimas — Amber sempre foi determinada de mais, nada, absolutamente nada parava ela — levantou-se caminhando até a porta. 

 — Vai dar tudo certo, vai ver. Chegou o momento de viver sua vida, Dra. Helena Evans. — disse ficando de pé — Quem sabe não reencontra novamente com seu amor de adolescência?

 — Emily! — fingiu estar brava — Por você, posso desistir de tudo e continuar cuidando de você, como sempre cuidei.

 — A vida está nos dando uma chance, principalmente pra você. Uma hora ou outra sabíamos que esse momento chegaria. É claro que sentiremos a falta uma da outra, mas podemos no falar por telefone todos os dias — Emily assegurou-lhe.

 — Promete? — Helena levantou seu olhar — Todos os dias quando acordar e antes de dormir?

 — Claro, tia! — Emily a convenceu.

 — Pode me levar até o aeroporto? — perguntou com um sorriso meigo no rosto

 — Achei que fossemos de táxi e depois…

 — Terei que comprar outro assim que me instalar em Seattle. Então é seu, e por favor, não ouse recusar, mocinha. — Helena jogou as chaves do seu carro que estavam em seu bolso, e  Emily as agarrou no ar sem ter nenhum motivo para recusar o presente.

 — Tudo pronto? — Emy perguntou com um sorriso de gratidão.

 — Todas as malas estão lá na sala — respondeu se dando conta de que realmente estava partindo, assim deu um abraço apertado em sua sobrinha. 

Assassinato De Uma Mente Extraordinária (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora