1: Quando reforcei minhas amizades

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Acordei de uma das noites mais curtas da minha vida. Hoje é a minha formatura e eu mal consegui dormir por estar muito ansioso para hoje à noite. Me sentei na cama e olhei para o outro lado do quarto. Lá estava meu primo, usando um gorro curto preto e uma samba canção cinza escura, roncando em sua cama. Atirei meu travesseiro nele, que acordou num pulo.

– Oh, caraca! Amaldiçoado seja, Jungkook! Já falei pra não me acordar assim! — ele esbravejou ainda sonolento.

– É a nossa formatura, Joon! — saltitei até ele — É a nossa formatura!!!

– E precisa me acordar com susto?

– Se eu tentasse te acordar do jeito normal, você não acordaria! E você sabe disso!

– É, tem razão. — rimos.

– Anda, levanta! Nem acredito que já chegou esse dia!

– E eu não acredito que demorou tanto pra chegar!

– Para de ser assim! — o puxei da cama e ele se levantou.

– Se eu tivesse um por cento da sua felicidade, eu estaria mais que satisfeito.

– Você nem sabe do quê está falando! — peguei algumas de suas roupas nas gavetas dele e joguei para o mesmo — Você não é feliz por algum motivo desconhecido. Você tem tudo: mãe, casa... eu nunca tive. Mas nem por isso sou tão ranzinza quanto você!

– Ah, Kook... Você sabe que essa casa também é sua, né? Te considero meu irmão, poxa. Crescemos juntos. — Comecei a trocar de roupa também.

– E até hoje a Tia Kim não me contou nada sobre meus pais, ou sobre o porquê de eu ter vindo pra cá ainda bebê... — disse cabisbaixo.

– Se eu soubesse de alguma coisa, eu te diria, Kook. — Namjoon disse, terminando de se vestir com as roupas que havia jogado para ele, sem nunca ter tirado o gorro. — Mas a minha mãe não contou nada nem pra mim.

– Sei disso...

– Ei! Sem tristeza hoje!

– Joon...

– Diga.

– Por que o gorro? Tá calor.

– Coisa minha. Você usa essa camisa azul bebê pra dormir desde sempre e nem por isso eu te interrogo. — isso era verdade — E pra quê se preocupar com isso? Hoje é dia de festa!

– Okay. — balancei a cabeça na tentativa de esquecer essa questão, pelo menos, por hoje — E por falar em festa... onde vai ser?

– Lá no Hoseok.

– Trabalhar tanto para, um dia, ter a minha casa própria antes dos vinte e cinco anos, que nem ele. — comentei — Ele confirmou mesmo?

– Sim, ele já tinha até pedido a lista de convidados que a gente levaria. Não lembra?

– Lista de convidados! — rimos — Só temos um ao outro e a Tia Kim!

– A gente é muito anti-social, primo. Cruz credo. — riu.

– Mas tô feliz assim, sabia? — falei enquanto saíamos do quarto.

– Ah é? Achei que você ficasse se roendo de raiva toda vez que via algum amigo ou colega namorando e você não. — disse em tom provocativo.

– Já aceitei que vou morrer sozinho, Joon. — ri.

– Com vinte e um anos, essa é a sua perspectiva de vida? — me perguntou já descendo as escadas.

– Eu já vivi uma vida cheia de desgraças, Joon. Melhor viver isolado, quieto e sofrendo por isso, do que viver com alguém e fazer a pessoa sofrer das minhas tristezas junto.

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