O carro parou em frente ao cemitério. Namjoon desceu do veículo e eu fiquei paralisado durante um tempo.
– Vem, mano. — Hoseok sacudiu meus ombros pelo banco de trás.
– A gente tá com você. — Seokjin me encorajou.
– Okay. — Desci do carro.Meus amigos vieram comigo, pois não quiseram me deixar passar por essa situação sozinho. Estavam tão confusos quanto eu.
Caminhamos em direção ao suposto túmulo de Jimin e, a cada passo dado, mais calafrios me subiam pela espinha. O sol estava se pondo, logo não teríamos muito tempo para chegar ao nosso destino antes que escurecesse.– Apressa o passo aí, gente! — Namjoon gritou lá da frente — Não quero estar aqui quando anoitecer, não!
– Tem medo de morto, Joon? — Seokjin perguntou com ironia. — Morto já morreu! A gente tem que ter medo é dos vivos! — riu — Esses são os que podem fazer alguma coisa, inclusive maldade.
– Faz sentido! — Hoseok concordou.No mesmo momento, ouvimos um barulho como se alguém tivesse pisado em algum galho seco à nossa direita.
– Quem tá aí? — perguntei e levei um tapa de Seokjin na parte de trás da cabeça.
– Tu quer entrar em contato com os mortos, Jungkook? Tá maluco?
– Ué, mas você não disse que a gente tem que ter medo só dos vivos?
– Sim, mas se o morto quer passear pelo quintal dele, deixa ele em paz! — outro barulho. Dessa vez, à nossa esquerda.
– Jungkook, controla teu anjo aí, na moral. — Hoseok pediu.
– Tem como As Panteras aí adiantarem o passo, ou o salto alto tá machucando o pezinho delicado de princesa da Disney de vocês? — Namjoon nos chamou e fomos correndo sem pensar duas vezes.
– Por que parou, Joon? — Perguntei, recebendo um aceno de cabeça do meu primo para um túmulo à sua frente.
– É esse? — Hoseok se aproximou.
– Sim. — Meu primo disse.Cheguei perto do túmulo e lá estavam os dizeres "Park Jimin: 1975-1998, 23 anos" seguidos de uma foto. Era ele. Caí de joelhos. Não era possível.
– É ele, Kook? — Namjoon perguntou com a mão no meu ombro.
– S-Sim.
– Tá. Okay. Já pode sair daí de trás, pessoal! Essa câmera escondida já perdeu a graça! — Seokjin falou alto, olhando para os lados. — Podem parar com a pegadinha!
– Mas, gente? Isso não existe! — Hoseok começou — Jungkook falava o tempo todo com esse cara. Como que ele morreu há tantos anos assim?
– Eu tava lá quando ele seguiu o Jungkook no Twitter! Eu não tô maluco! — Seokjin continuou.
– Acho que estamos todos malucos. — Namjoon concluiu.❥❭❭••• •• • ✍︎
Voltamos para a casa de Hoseok praticamente em silêncio. No caminho da volta, só eram ouvidos nossos suspiros e respirações. Estávamos paralisados, congelados e aterrorizados.
– É claro! — Hoseok bradou quando chegamos à sua sala de estar — É tão óbvio!
– O que houve? — Seokjin perguntou.
– Gente, não veem? — ele se jogou no sofá, sorrindo e pondo os braços por trás da cabeça.
– A única coisa que vejo é você deitando no seu sofá com roupas de cemitério. — Namjoon comentou, fazendo o Jung levantar em um pulo.
– Valeu. Vou tomar um banho depois de falar aqui com vocês. Gente, a única explicação óbvia e possível é que fizeram um fake com o perfil do Jimin!
– Até que faz sentido... — Seokjin comentou.
– Mas quem faria um fake dele? E por quê? — perguntei.
– Sei lá. Algum parente, talvez? Amigo distante? Não sei. Mas só pode ter sido isso! Não tem como a gente falar com um fantasma! Até onde eu saiba, não tem Wi-Fi no céu... ou inferno, não sei onde ele tá. Ou tem Wi-Fi por lá?
– Tem razão, Hoseok. — meu primo pensou em voz alta — Só pode ter sido isso.
– E o que vocês vão fazer agora? — fiquei confuso.
– Eu vou tomar meu banho. Vocês podem tomar também no banheiro aqui de baixo, ou lá no chuveiro do quintal, ou me esperarem sair do banho. Eu não demoro. — Hoseok disse. — Já tem roupas de vocês aqui mesmo, e a casa é mais de vocês do que minha, então dane-se. Tanto faz.
– Não. Eu quis dizer quanto a essa história. O que vamos fazer? Esquecer e fingir que nunca aconteceu? — expliquei a minha pergunta.
– Acho que é o mais saudável pra todo mundo, Kook. — Namjoon pôs a mão no meu ombro.
– Mas...
– Jungkook, acho que o Namjoon tem razão. Ficar pensando nisso não vai fazer bem pra ninguém. E se contarmos pra alguém, quem vai acreditar? — Seokjin falou.
– Mas eu tenho provas! Posso mostrar as conversas que eu tive com ele! — desbloqueei meu celular e o joguei no chão, com o susto que levei. Mas, felizmente, ele caiu sobre o tapete felpudo de Hoseok, o que amorteceu a queda.
– O que houve? — O dono da casa perguntou assustado.
– As conversas sumiram!
– O que é isso? Your Name, agora? — Hoseok correu para pegar o celular.
– Ele apagou as mensagens que te enviou? — Namjoon perguntou.
– Não! Sumiram! Como se nunca tivessem existido! — falei ainda em choque.
– Meus irmãos, o negócio tá ficando cada vez mais hard aqui. — Seokjin comentou. — Vamos torcer, gente. Vamos torcer pra que o site, ou o aplicativo ou o seu celular tenha bugado, coincidentemente, agora.
– E-eu vou tomar logo meu banho, antes que algum espírito resolva levar a água da minha casa embora. — me devolveu o celular — Fiquem à vontade... se conseguirem. — Hoseok terminou e subiu correndo.
– Vai lá tomar seu banho, Kook. Vou pedir alguma coisa pra comer aqui pelo celular. — Namjoon disse — E avisar à minha mãe que estamos no Hoseok.
– Você contou pra ela o que fomos fazer hoje? — perguntei.
– Não, por quê?
– Não conta, não. Senão ela vai ficar falando que não tem nada pra descobrir e vai insistir mais ainda pra eu voltar pra casa.
– Não concordo contigo, mas respeito. Vou contar, não.
– Valeu. — fui ao banheiro.
– Vou tomar meu banho lá fora, Joon. — Seokjin o informou, tirando a camisa.
– Mas já tá de noite e tá frio. Espera um dos dois terminarem o banho.
– Tem problema não. Não sou as Wonder Girls, mas I'm so hot! — terminou com uma piscadinha, arrancando um riso do meu primo, e saiu para o quintal cantando a música.❥❭❭••• •• • ✍︎
Depois de todos tomarmos nossos banhos, nos encontrávamos reunidos na sala, comendo uma pizza gigante, ainda em silêncio. Eu mal conseguia mastigar. Sentia meu estômago embrulhado demais.
– Abre a boquinha, Kook! O aviãozinho quer entrar! — Seokjin quebrou o silêncio fazendo uma voz fofa e segurando um pedaço de pizza no garfo, mirando na minha boca.
– Quantos anos você acha que eu tenho, Jin? — reclamei apertando a barra da minha camisa favorita.
– É assim que a gente faz na creche que eu trabalho com as crianças que não querem papar a merendinha. Vamos lá! Zooooooom! O aviãozinho quer entrar na garagem, Kook!
– Abre, Kookzinho! O aviãozinho precisa estacionar! — Hoseok entrou na onda.
– Não deixa o aviãozinho esperando, Kookinho! — Meu primo completou. Cedi e abri a boca.
– Bom menino! — O loiro colocou a garfada na minha boca, bagunçando meus cabelos — Merece uma recompensa: um abracinho! — me abraçou forte, fazendo sinal para os outros dois se juntarem. E eles foram. — Uuuupaaa! Tá se sentindo melhor, agora, mocinho?
– Palhaçada! — ri cruzando os braços, não crendo na forma que estava sendo tratado.
– Ah, ah, ah! Sem malcriação, senão o Papai Noel não vem te dar presente no Natal! O Bom Velhinho só presenteia os meninos que foram bons durante o ano todo!
– Vai ver se eu tô na esquina, Jin. — esbravejei, mas ele colocou outra garfada na minha boca. — Ô, seu merd...
– Ai, ai, ai! Que boquinha suja! Boca suja merece ser lavada com sabão, sabia?
– Eu não sei vocês, mas eu quero muito assistir a uma aula do Jin! — Namjoon gargalhava.
– Assistir às minhas ninguém quer, né? — Hoseok bancou o dramático.
– Que feio! Não pode sentir inveja do coleguinha! — Seokjin continuou falando com sua voz fofa, como se estivesse conversando com as crianças às quais dá aula — Tem que fazer as pazes. Vai até o colega e aperta a mão dele e dá um abraço.
– Mas, mano, eu tô falando com você. — O dono da casa falou confuso.
– Sem mas, nem meio mas!
– Jesus. — Hoseok se rendeu e o abraçou.
– Agora diz: Você é meu amigo!
– Você é meu amigo. — o Jung disse com os olhos revirados.
– Muito bem! Não doeu, doeu? — Seokjin tirou um bombom de seu bolso — Aqui! Meninos bons merecem bombons!
– Tá falando sério, mano? — Hoseok sorriu.
– Sim! Você merece!
– Valeu, então! — sorriu e comeu seu bombom, ainda não acreditando.
– Seokjin, por que ele merece um bombom e eu só ganhei um abraço? — perguntei indignado.
– Ai, ai, ai! Você não estava prestando atenção no tio, né? Não falei que não se deve ter inveja dos amiguinhos? Vai até ele e o abrace! — os outros dois riram.
– Mereço! — ri também.
– E não é que funciona? — Seokjin voltou "ao normal".
– O que funciona? — Namjoon perguntou.
– As teorias de ensino e educação para crianças. Elas também funcionam com pessoas acima dos dezoito anos! Eu estava querendo comprovar isso e escrever um livro, e agora que vi que funciona, vou super começar a escrever! — sorriu.
– Nosso Seokjin é tão inteligente! — Hoseok bateu palmas e fingiu estar emocionado.❥❭❭••• •• • ✍︎
Depois daquilo, conversamos mais um pouco, até que fomos dormir. Foi um dia confuso e assustador para todos nós, que faríamos questão de esquecer dele para sempre.
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Arroba
FanficJungkook era apenas mais um jovem comum de vinte e um anos. Morava com a sua tia e primo, desde bebê, e tentava conviver com a falta de seus pais ao mesmo tempo que procurava descobrir qualquer coisa sobre quem eles eram, o que aconteceu com os mesm...