9: Quando a explicação chegou finalmente

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– Opa! — ela sorriu entre o beijo, ao ouvir o choro do bebê do quarto — Acho que ele está sentindo sua falta, querido!
– Ele é tão carente! — selou seus lábios aos dela rapidamente, finalizando o beijo — Eu vou lá ver ele! Já volto!
– Não demora, senão eu que vou chorar sentindo sua falta!
– Manhosa!

O homem se levantou do sofá e subiu as escadas, chegando ao quarto de seu bebê. O tirou do berço e o pegou em seus braços carinhosamente.

– Ei, filhão! O papai tá aqui! Não precisa chorar, Grandão! Será que você fez o número um? Deixa o papai olhar essa fraldinha e... — puxou o cós da fralda e viu que o interior estava seco — Não... Então será que o Kookinho fez o número dois? — checou e também estava limpo. — Com fome você não tá, porque o papai acabou de te dar mamadeira e te botar pra dormir... Você tá com saudade do seu papai, Kook? — o jogou para o alto brincando com o filho, que agora sorria — É isso, meu amor? Tá com saudade do papai, é? — quanto mais alto o pai o jogava, mais Jungkook gargalhava. — Ai, que risinho mais gostoso do mundo!

Depois de o jogar várias vezes, pai e filho se sentaram sobre o carpete para brincarem em plenas dez horas da noite. Brincaram de arremessar e pegar bolinhas, de esconde-esconde, e, até mesmo, leram uma historinha juntos.
Jungkook só foi ter sono depois de mais de trinta minutos de jogos e brincadeiras. Cansado de brincar e após colocar seu filho de volta no berço, o pai desceu a escada, voltando para a sala, onde teve o coração estilhaçado em infinitos pedaços.

– Sim. Já está vindo? — sua esposa falava ao telefone — Não tem problema, ele não vai ouvir. É, ele tá lá em cima brincando com aquela peste do filho dele. Esse menino não pode se afastar do pai por um minuto que já chora. Bom... — riu — Em algumas horas ele vai ter que aprender, porque o papai dele não vai mais estar aqui! E nem ele próprio também! A herança vai ser só minha e depois que eu já estiver rica, o altar nos espera, meu amor! Só eu mesma pra ficar com esse cara de bunda e o filho carente dele por esse tempo todo só por você, amor! Mas, hoje, eu me livro disso e volto a ser só sua! Quando você chega? Duas horas ainda? Não, não percebi que estava chovendo. — olhou pela janela — Por isso o seu atraso, então. Agh! Okay, Eu aguento mais um pouco! Até mais! Te amo também!

O homem não conseguia ter reação. Era a mulher que ele amava, sua segunda esposa. A mesma que o dizia que o amava incondicionalmente, assim como a seu filho também.
Mas ela não conseguiria sucesso nesse plano. Ele não deixaria.
Ainda escondido atrás da porta da sala, ele correu para o seu quarto. Discou o número da polícia e pediu para que fossem até sua casa. Voltou para o quarto do bebê, sentindo o coração apertar ainda mais por ter que tirar seu pequeno filho adormecido do bercinho e o colocar na cadeirinha do carro. Arrumou uma mala com as coisas de Jungkook e desceu, a passos silenciosos, para a garagem. Posicionou a cadeirinha com seu filho no banco de trás, colocou o cinto no bebê e em si e saiu com o carro.

Deixou a garagem, manobrou e passou pela grande árvore que ficava na esquina de sua rua. Após alguns minutos, chegou à casa de sua cunhada, recém viúva, Kim HyunA. Teve de ir rápido, pois em breve a polícia chegaria à sua casa. A chuva estava forte, então o homem teve de bater ainda mais forte à porta, na esperança de que a dona da casa o ouvisse, pois talvez estaria tentando acalmar seu filho, Namjoon, de quatro anos, que ainda não tinha superado a morte precoce do pai em um acidente de trabalho.

– O que está fazendo aqui a essa hora? Aconteceu alguma coisa? — HyunA estranhou a presença de seu cunhado à sua porta, debaixo da chuva, às quase onze e quinze da noite.
– Eu preciso de um favor. Um enorme. — Ele pediu segurando o choro com a mesma força que segurava a cadeirinha com seu filho em uma mão e a mala com as coisas do bebê na outra.
– O que está acontecendo? Entr...
– Não posso agora. Eu preciso resolver um problema em casa e não poderia deixar o Jungkook lá. Você pode cuidar dele por essa noite, HyunA? Eu sei que a sua irmã morreu há cerca de um ano atrás, eu lembro disso, ela era a minha esposa, e sei também que o seu marido morreu não tem nem uma semana, e que nem você e nem o seu filho estão em condições de fazer nada, mas eu preciso muito que você cuide do Jungkook só por essa noite.
– T-T-Tudo bem. — aceitou após ver o desespero nos olhos do cunhado. Pegou a bolsa do neném e a cadeirinha com Jungkook. — Você não vai me dizer o que está acontecendo?
– Não dá tempo agora. Só me promete uma coisa, HyunA. Por favor. Se alguma coisa acontecer comigo, promete que vai cuidar do Jungkook?
– Do que você tá faland...
– EU PRECISO QUE VOCÊ ME PROMETA ISSO! Eu não tenho mais ninguém pra contar além de você! — desabou em choro.
– O quê? Mas e a sua esposa nova? Só a vi no casamento de vocês, mas o que houve com ela?
– Ela não presta. Por favor, preciso que me prometa isso.
– Tudo bem, eu prometo. — Jungkook acordou e começou a chorar.
– Oh! Ah, não! Ei, filho! — pegou o neném em seus braços novamente, tomando cuidado para que suas lágrimas não caíssem no rosto do bebê — O papai tá aqui, filho. O papai tá aqui... Não precisa chorar. Shh... shh... — o balançou de um lado para o outro, até que ele se acalmasse. — Pega ele aqui, por favor.
– O que vai fazer? — HyunA segurou seu sobrinho no colo. Seu cunhado se despiu da jaqueta de couro que usava, e tirou sua camiseta azul bebê, vestindo a jaqueta novamente.
– Se ele chorar muito, mesmo você já tendo alimentado e trocado as fraldas, é porque ele tá com saudades de mim, então, dá a minha camisa pra ele, que pelo menos o meu cheiro ele vai sentir.
– Mas, o quê?
– Funciona. Quando eu tô muito exausto, eu faço isso e ele dorme a noite toda sem chorar. Obrigado pela ajuda, e eu te desejo toda a força e sorte do mundo com o Namjoon! Se tudo der certo, eu volto amanhã de manhã! — acariciou o rosto de Jungkook — Eu te amo, filho. — Beijou a testa de HyunA — Fica bem, tá?
– Espera! — ela gritou, mas já era tarde. Seu cunhado já havia voltado para o carro e ido embora.

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