VII. part VI

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Veronica se encontrava em trabalho de parto quando chegamos ao local, reclamava muitíssimo de dor, estava convicta sobre aquela ser sua última vez em tal situação, me amaldiçoava sem parar, desejava ter sua mãe ali. 

 - Meu Deus, como eu te odeio por ter feito isso comigo! Por que me encorajar a seguir com essa loucura? É suicídio! - Esbravejava e tentava me socar, mas não conseguia devido à dor. 

 Freddie assistia a tudo ao lado de Pat, a companheira de Veronica. Ambos seguravam gargalhadas.

 - Fred, você poderia? - Pedi ajuda. - Ela gosta mais de você do que de mim. 

 - Oh, é claro, querido! Saiam vocês do quarto. Acho que ela precisa de poucas pessoas aqui. Não quero ser rude. Mas não sei ser mais delicado num momento desses.

 Saímos. Pat foi à cantina para beber um café e eu me deparei com Brian e Roger encarando um rádio que tocava canções de rock. Os dois haviam mudado a estação. Discutiam se o Queen era melhor ou se chegaria ao nível do artista em questão. 

 - Oh, ei, Johny! Como está?

 - Ela me odeia. - Me estirei numa poltrona, sentia enorme frustração.

 - É justo. - Brian disse, simplesmente. Revirei os olhos.

 (...)

 Acordei de um breve cochilo com Freddie distribuindo incontáveis tranças ao longo de todo meu cabelo. Ele havia feito a generosidade de colocar um lenço, que antes carregava amarrado ao pescoço, sobre meu ombro para fazer as honras de babador. O cochilo não parecia mais tão breve, afinal. Lhe dei um sorriso fraco, que foi retribuído, e rapidamente beijei sua boca. 

 - Johny! - Deu um tapinha em minha testa. - Oh, que abusado! Santo Deus. - O drama teatral sempre acompanhava sua voz, retirando toda a seriedade daquilo que era para ser uma advertência. Sorri apertando os olhos. - Ah, é nesse sorrisinho que você me mata. Como consegue ser tão adorável, mas também pervertido?

 - Eu me esforço para manter as aparências. - Ele sorriu e alinhou minha sobrancelha. Eu já sentia saudades daquele hábito. Muitas coisas estavam renascendo enquanto Robbie apenas nascia. - Onde estão os outros dois?

 - Ah, foram ver os bebês recém-nascidos no andar superior. Seu pequeno filhote não parece querer subir pra lá, a propósito. Que demora!

 Subitamente, Pat chegou com pressa ao local e ordenou que eu fosse correndo para o quarto, pois Robbie estava pronto para nascer e Veronica, que parecia entusiasta da ideia de me torturar, desejava minha presença naquele momento crucial. Tomei o lenço de Fred nas mãos e pedi para levá-lo comigo, ele assentiu me apressando. 

 Veronica já respirava aceleradamente quando entrei no quarto, os enfermeiros me cumprimentaram enquanto a preparavam. Acabei por prender seus cabelos com o lenço, todos os fios se encontravam colados à sua testa.

 - Vai ficar tudo bem. - Sussurrei em seu ouvido. Ela me sorriu por entre algumas lágrimas de dor e agarrou minha mão entrelaçando nossos dedos. Felizmente já estávamos num hospital, pois seria mais prático encontrar alguém que pudesse engessar minha mão, que certamente estaria esmigalhada ao final do parto.

 Após um esforço descomunal feito por Veronica, me deixando embasbacado com a tamanha força por ela carregada, Robbie nasceu berrando bastante. Miúdo e escandaloso, recebeu um beijo meu na testa e outro de Veronica na bochecha, foi para o andar superior. 

 - Você acha que ele é saudável? Eu comi muitas batatas fritas. - Veronica indagou, me fazendo gargalhar.

 - Robbie é saudável, você cuidou dele direitinho. - Afastei uma mecha de sua franja encharcada.

Virgo.Onde histórias criam vida. Descubra agora